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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GOULART NOGUEIRA

Florentino Goulart Nogueira (1924 em Belém do Pará, Brasil - 14 de Março de 2015, Portugal) foi um poeta português, filho de pai português e mãe brasileira, nascido no Brasil chegou em Portugal com seis anos incompletos, para viver com seus avós paternos numa aldeia da região de Lafões. Estudou em colégios de Oliveira de Frades, Espinho e Póvoa de Varzim.

 

Em 1950 fixou-se em Lisboa, para frequentar, na Faculdade de Letras, primeiro o curso de Histórico-Filosóficas e depois o de Direito. Oriundo de meios católicos conservadores, jornalista, poeta, crítico de teatro e tradutor, Goulart Nogueira fez parte do corpo redactorial da revista Graal, onde pontificaram Maria de Lourdes Belchior, o padre Manuel Antunes, Luiz de Macedo, David Mourão-Ferreira e António Manuel Couto Viana. Mas a sua intervenção não se esgotou no Graal, tendo-se estendido ao jornal Rumo, cuja secção cultural fundou e dirigiu (1948-50); à chefia da redacção do semanário Agora e da revista Política; à direcção da página literária do Diário do Norte e ao conselho de redacção da revista Tempo Presente. Com Alexandre Pinheiro Torres, Egito Gonçalves e Amândio César fundou a colecção "Germinal", onde todos (excepto o último) se estrearam.

 

Da sua poesia disse Jorge de Sena que, apesar da regressão do gosto modernista, "um amoralismo subterrâneo e dramático deu-lhe, todavia, sob a versificação brilhante, uma perturbadora vibração".

 

 Colaboração de vária índole, da crónica à crítica de espectáculos, bem como ocasionais artigos de recensão literária e de reflexão religiosa e filosófica, encontra-se dispersa por inúmeros títulos da imprensa (predominantemente conotada com o antigo regime), tais como A Nação, O Debate, Acção, Combate, Época, A Rua, Actualidades, Renovação, Mensagem, Correio do Minho, O Comércio do Porto, Observador, Diário de Lisboa, Panorama, Diário de Notícias, Diário Popular, Contraponto, Prometeu, Camarada, Notícias (de Lourenço Marques, Moçambique), etc.

 

Também colaborou na Távola Redonda. Traduziu obras de Fulcanelli, Julius Evola, Lope de Rueda, Alain Benoîst, etc., mas seria como tradutor de textos de teatro - designadamente O Príncipe de Hamburgo (Kleist), O Pai (Strindberg) e Tirésias (Apollinaire), obras que tiveram representação pública e integram o repertório do Teatro Nacional D. Maria II - que o seu nome mais se destacaria. O teatro radiofónico e televisivo contou com as suas versões de alguns clássicos, casos de, entre outros, Sófocles, Eurípides, Cervantes, Shakespeare, Corneille, Molière, Racine, Voltaire, Goldoni, Goethe, Schiller, Balzac, Gogol, Sheridan e Eugene O'Neill. Era uma personalidade intimamente ligada aos meios teatrais (detinha a carteira profissional de encenador e foi mestre geral da "Oficina de Teatro" da Universidade de Coimbra), quer na qualidade de crítico, que exerceu na imprensa (em jornais como o Diário da Manhã, Cartaz e O Diabo; e em revistas como a Flama, Mundo e Olá) e na Rádio, quer na de membro de júris de concursos e festivais. Foi ainda o autor e produtor de um programa de teatro da RTP, "Eterno Romantismo", onde assinou a maioria das encenações. Teve uma larga intervenção no jornalismo radiofónico de âmbito cultural, dirigindo programas como "Crónicas de Vário Tempo", "Abraço na Distância" e "Onda de Teatro" (todos na então Emissora Nacional).

 

Utilizou diversos pseudónimos: João de Albuquerque, Lopo de Albuquerque, Renato de Valnegro, Denis Manuel, Manuel Vieira, Manuel S. Vieira, Fausto Madeira e António Last. Encontra-se representado em várias antologias de poesia.  Fonte: http://pt.metapedia.org

 

 

 

         EROS E PSIQUE

 

         Onde a névoa em crepúsculo termina,
         Uma casa dormia. A moça entrou.
         Sentiu-se protegida. E a neblina
         No pressago lajedo agonizou.

 

         Psique, como ao ruflar de asas, ondeante,
         Em uma enchente morna se expandiu.
         Beijada, ela não viu ninguém adiante,
         E, trémula, ao redor ninguém mais viu.

 

         Uma voz murmurava, em seus ouvidos,
         Ternuras desmaiantes. Um segundo,
         Psique tocou nos vultos escondidos.
         A noite, límpida, bebia  mundo.

 

         E a jovem ergueu luz de flanco a flanco
         E descobriu a posse desejada:

         Desnudo adolescente, rijo e branco,
         Sonhava o azul castor da madrugada.

 

         Asas gigantes o escoltavam, graves.

         Psique, anémona, então se conheceu,
         Beijou-lhe o corpo longo como as naves,
         Ele acordou. E desapareceu.

 

                   (In Távola Redonda, n. 12)
 

 

         POSSE

 

Mato o que te prender, sem mim, à vida.

Sou a luz que te entrega e rouba a cor,

Exército, violências, investida,

Amar-te é destruir-te, meu amor.

 

Tua língua se estorce em minha

E .o meu corpo raivoso esmaga o

Numa esfera de sombra, imensa e

Giramos, na loucura que nos deu.

 

Enrodilhados, somos um chicote

Silvando, pela noite, e a voar.

Um silêncio espectante. Um holofote,

Súbito, irrompe, descobrindo o mar.

 

Um instante: No espasmo, nós tocamos

A Morte, os astros, a unidade. Eleitos,

Vemos a face à Vida e ali ficamos

Suspensos, intangíveis e perfeitos.

 

Conheço que o teu corpo é, nesta luta,

Nossa realidade encarcerada.

E a voz do mar se esconde e espreita e escuta

Na gruta da tua carne e do teu nada.

 

Teu corpo é o Absoluto estilhaçado.

E, para o libertar e recompor,

Preciso de incluí-lo, renovado.

Amar-te e destruir-te, meu amor.

 

(In Távola Redonda, n.° 18).

 

 

 

DESALENTO

 

Nas galés e no exílio desta vida,

Sofro, porque estou só como ninguém.

E, já que nada ao meu desterro vem,

Faço, para mim próprio, uma guarida.

 

Uma guarida altiva... Recolhida

Na minha dor, minh’alma fica bem.

Eu chegaria além com este aquém,

Sem a revolta vã desta ferida.

 

Ou tudo ou nada. Eu, dúplice alegria,

Que tive infância triste e adolescência

Triste como hoje é triste a juventude,

 

Não podendo alcançar quanto queria,

Renuncio a este modo de existência,

Reconheço, afinal, que nada pude.

 

         (In Atlantida, Florentino, 1948)

 

 

 

DESPEDIDA 

 

Aqui vos deixo, pois, meu testamento.

Amei. Sofri, Fui homem. Quis ser mais.

Vós todos que me ledes e passais!

Sabei que esta existência é sofrimento.

 

E viver é forçado isolamento,

Desejar cem mil bens hoje irreais…

Cantores! E os que ris! E os que chorais!

Vinde ouvir a Verdade entregue ao vento!

 

Os entes são a dor. Mundo é prisão,

Apelo, anseio, cruz, separação,

Feito para merecer felicidade.

 

E eu não suporto agora tais cadeias!

Ninguém me entende o coração e as veias…

Eu me diluo… Adeus!

                                            Eis a Verdade.

 

 

Página publicada em agosto de 2016

 


 

 

 
 
 
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