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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DIOGO BERNARDES

(1520-1605)

 

(Ponte da Barca ca 1530 − ? ca 1605), foi um poeta português.

Segundo Diogo Barbosa Machado, Diogo Bernardes, ao qual o catálogo chamado da Academia acrescenta Pimenta por ser nome do seu pai, nasceu em Ponte da Barca. Contudo Inocêncio Francisco da Silva que o dá como cavaleiro da Ordem de Cristo ("consta de documento existente no arquivo") o diz nascido em Ponte do Lima, fundando-se sobre a "declaração exarada no rosto do seu livro das Rimas ao Bom Jesus". Sobre a sua data de nascimento Inocêncio situa-a "entre os anos 1530 e 1540, e com certeza antes deste último, por ser o do nascimento de seu irmão mais moço Fr. Agostinho da Cruz", nascido Agostinho Pimenta, poeta também.

Parece que muito novo Diogo foi viver para Lisboa, tendo regressado a Ponte da Barca, onde foi tabelião. Além disso exerceu vários cargos nas cortes de D. Sebastião e de Filipe II, e foi incumbido pelo primeiro de cantar os seus projectados factos heróicos na expedição africana. Por isso acompanhou-o a Alcácer Quibir, onde ficou prisioneiro e onde veio então a compor, ao contrário do previsto, lamentações elegíacas em recordação do desastre marroquino. "Temperamento brando, nem mesmo as agruras da derrota e do cativeiro lhe provacam mais do que um queixume ténue e formular." Ler texto da biografia completo em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_Bernardes

 

ELEGIA

 

Cuidando d'escobrir no triste peito

Razões, que sempre tive, d'agravar-me

Do que vós sem razão me tendes feito,

 

Tanto foram crescendo, que calar-me

Não posso já, senhora: tal me vejo,

Que, posto qu'em vão seja, hei de queixar-me.

 

Tratar tudo o que sinto só desejo,

Dês que me fez saber vossa crueza

Que não ha sofrimento em mal sobejo.

 

Assi se paga Amor, assi pureza

De quem só de ser vosso se contenta,

De quem Por vosso amor tudo despreza?

 

De quem, por vós morrendo, se sustenta

De lágrimas, e fogo, em que s'apura,

E mares a seus males acresceta?

 

Ai triste galardão, pouca ventura:

Que não pode ser menos, pois ordena

Em branco parecer condição dura.

 

Dessa vista, senhora, que serena

O ar, e tudo mais enche de graça,

Que pode fazer doce minha pena?

 

Por que tão sem porquê me sois escassa,

Vendo que, se me falta um só momento,

Nem o que diga sei, nem sei que faça?

 

E inda por mais dor a meu tormento,

Ajuntai nova dor de desenganos,

Como se não bastasse esquecimento.

 

Em fim, pois tendes gosto de meus danos,

Cresçam eles, por ele, falte a vida,

Mudem-se em breves dias largos anos,

Se vós haveis de ser sempre esquecida.

 

 

 

Retrato da Beleza Nova e Pura

 

Retrato da beleza nova e pura

Que com divina mão, divino engenho,

Amor retratou na alma, onde vos tenho

Das injúrias do tempo mais segura,

 

Não mostreis aspereza em tal brandura,

Por vos vingar de mim, vendo que venho

a tanta confiança, que detenho

Os olhos em tamanha formosura.

 

O resplendor do Céu, sem dar mais pena

A quem olha seus raios em direito,

A vista só por breve espaço assombra,

 

Mas vossa luz mais clara, mais serena,

Juntamente me cega, e abrasa o peito:

Vede o Sol que fará, de que sois sombra!

 

 

Horas Breves de Meu Contentamento

 

Horas breves de meu contentamento,

Nunca me pareceo, quando vos tinha,

Que vos visse tornadas tão asinha,

Em tão compridos dias de tormento.

Aquelas torres, que fundei no vento,

O vento as levou já, que as sostinha;

Do mal, que me ficou, a culpa é minha,

Que sobre coisas vãs fiz fundamento.

Amor, com rosto ledo e vista branda,

Promete quanto dele se deseja,

Tudo possível faz, tudo segura;

Mas des que dentro n’alma reina e manda,

Como na minha fez, quer que se veja

Quão fugitivo é, quão pouco dura.        

 

 

 

Da Vossa Vista a Minha Vida Pende

 

Da vossa vista a minha vida pende,

Maior bem para mim não pode ser

Que ver-vos, mas não ouso de vos ver;

Que vosso alto respeito mo defende.

 

O meu amor, que o vosso só pretende,

Receio que se venha a conhecer,

Nos olhos, que mal podem esconder

O desejo, dum peito que se rende.

 

Por vós a tal estremo d’Amor venho,

Que com força resisto a meu desejo,

Porque nada de mim vos descontente.

 

Mas neste mal, senhora, este bem tenho,

Que sempre tal, qual sois, n’alma vos pinto

Sem dar que ver, nem que falar à gente.

 

 

 

Página publicada em outubro de 2015


 

 

 
 
 
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