CARLOS QUEIRÓS
José Carlos de Queirós Nunes Ribeiro, ou simplesmente Carlos Queirós[2] , (Lisboa, Santos-o-Velho, 5 de Abril de 1907 – Paris, 27 de Outubro/28 de Outubro de 1949) foi um poeta português.
Poeta do segundo modernismo português, identificado como um dos grandes nomes da revista Presença.
Desempenhou um importante papel na ligação entre o primeiro modernismo português da geração da revista Orpheu e o segundo modernismo da Presença. É Carlos Queirós, que por volta de 1927, estabelece a ligação entre Fernando Pessoa e a revista coimbrã Presença, dirigida por Gaspar Simões, José Régio e Branquinho da Fonseca, na qual Pessoa veio a publicar diversos textos. Foi no número 5 da Presença (1927) que Carlos Queirós, juntamente com Fernando Pessoa e Almada Negreiros, iniciou a sua participação neste periódico.
David Mourão-Ferreira, no prefácio do primeiro volume da Obra Poética de Carlos Queirós, refere que entre 1927 e 1937, ano em que Carlos Queirós deixou de colaborar com a Presença, terá publicado nas edições que vão do n.º 5 ao n.º 49 cerca de 49 poemas e dois textos em prosa, constituindo-se como um dos nomes de referência e de continuidade desta publicação.
É Carlos Queirós, num número especial da Presença de homenagem a Fernando Pessoa, que dá a conhecer os amores de Fernando Pessoa por Ofélia Queirós, sua tia, publicando nesse número diversas cartas de amor de Pessoa escritas a Ofélia.
A participação literária de Carlos Queirós não se circunscreveu somente à celebre revista Presença. Publicou em diversas revistas e folhas literárias, tendo uma obra poética espalha por diversas revistas: Ocidente, Atlântico, Revista de Portugal, Momento, Aventura, Vamos Ler e a revista Litoral que foi dirigida pelo próprio. Conhecem-se, ainda, colaborações suas nas revistas Contemporânea (1915-1926), Ilustração (1926-) e Sudoeste (1935) e na revista de poesia Altura (1945).
Carlos Queirós publicou dois livros em vida o primeiro intitulado Desaparecido em 1935, tendo à data o poeta 28 anos de idade, que foi alvo dos maiores elogios. Destaca-se a crítica publicada por Pessoa na Revista de Portugal. Pessoa escreve no primeiro parágrafo do seu texto crítico:
"A beleza do livro começa pelo livro. A edição é lindíssima. A beleza do livro continua pelo livro fora; os poemas são admiráveis." mas à frente no seu texto Pessoa prossegue: "Não se pode dizer deste livro o que é vulgar dizer-se, elogiosamente, de um primeiro livro, sobretudo de um jovem: - que é uma bela promessa. O livro de Carlos Queirós não é uma promessa, porque é uma realização" (in Revista de Portugal n.º 2 Coimbra, Janeiro de 1938).
O segundo livro publicado em vida foi Breve Tratado de Não Versificação, editado em 1948.
A obra poética de Carlos Queirós, pouco divulgada, está atualmente editada em 2 livros pela Editora Ática. O primeiro livro tem como data de publicação 1984, intitula-se Desaparecido – Breve Tratado de Não Versificação, sendo a compilação dos dois livros publicados em vida por Carlos Queirós. O segundo livro tem como data de publicação 1989 e intitula-se Epístola aos Vindouros e Outros Poemas, sendo constituído por uma coletânea de poemas dispersos, por diversas publicações da época e alguns inéditos recolhidos por David Mourão-Ferreira, com a ajuda de uma das filhas do Poeta.
Obras: Desaparecido (1935); Breve Tratado de Não Versificação (1948)
Póstumos: Desaparecido – Breve Tratado de Não Versificação (1984, Ática, Compilação); Epístola aos Vindouros e Outros Poemas (1989, Ática, poemas dispersos). Fonte: wikipedia
PASTORAL
Por ser tão leve o seu passar
Na estrada, à tarde, quando vens
De pôr o gado que não tens,
A pastar ...
Por ser tão brando o teu sorrir,
Tão cheio de feliz regresso
Do longe prado, onde apeteço
Contigo ir ...
Por ser tão calmo o teu sonhar
Alguém que perto de ti passe
E, porque a tarde cai, te abrace,
Sem nada te dizer ...
Por que eu me perco no caminho
Do grande sonho sem janelas,
De estar contigo no moinho,
Sem o moleiro nem as velas.
SUGESTÃO
Sabe-me a sonho
Estar aqui,
De olhos fechados,
Pensando em ti.
Isto recorda-me
Aquele dia
Em que te olhava,
Mas não te via.
Tu perguntaste:
— Que estás a ver?
Fechei os olhos
Sem responder.
A tua voz ...
Como a senti!
Vinha de tudo,
Menos de ti .
EROTISMO & SENSUALIDADE EM VERSOS – antologia de poesias eróticas da antiguidade até aos nossos dias. Seleção: Renata Cordeiro. Ilustrações: Auguste Rodin. São Paulo: Landy Editora, 2005. 126 p. 15x24 cm. ISBN 85-7629-041-3
ERÓTICA
A noite descia
como um cortinado
sobre a erva fria
do campo orvalhado,
e eu (fauno em vertigem)
a rondar em torno
do teu corpo virgem,
sonolento e morno).
pensava no lasso
tombar do desejo;
em breve, o cansaço
do último beijo...
E no modo como
sentir menos fácil
o maduro pomo
do teu corpo grácil:
ou sem lhe tocar
— de tanto o querer! —
ficar a olhar,
até o esquecer.
ou como por entre
reflexos de lago,
roçar-lhe no ventre
luarento afago;
perpassando os meus
nos teus lábios úmidos
meu peito nos teus
brancos
seios
túmidos.
*
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Página publicada em janeiro de 2024.
Página publicada em outubro de 2015
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