ANTÓNIO TEIXEIRA E CASTRO
"Gostaria de poder assinalar publicamente o meu apreço por sua poesia."
FÁBIO LUCAS
ACAMAR DO SUOR
Que vento é este murmúrio
através das traves mestras
e do colmo enxuto? Vazando
no leito por acamar, à sedução,
a infinitude do suor?
Que tempo é este ascendendo
em respirar:
o belo, o outro, em todo ínfimo
o prolongar dos espasmos nele
até onde o corpo ressurge nu?
Que aura sustenta a lentidão
em folhas caindo ociosas
pelo que encima o tempo ardente?
CAIS
Não habitar a palavra que exceda
o que se vai repartindo
na construção do verso
do cego texto passional
a que atraquei para emergir...
VOU NOS PÁSSAROS
ninguém retém a minha angústia
nem dela falo porque me pertence
pronta para morrer.
estou pronta
dizes, e...
as malas dispostas sobre o chão
aberto como um silêncio
encaminhado por cegos
a tombar de mão em mão.
— estou pronta, estou certa
vou na perenidade do vento
antes que morram os pássaros
e se exume a mutilação.
— vou na posse do sentir
ao encontro de mim
onde tu já me encontraste.
eu...
olho inteiro e simples
afasto o passado
e deixo cair as lâminas
sobre o chão
de azulejo branco.
OS QUE...
resguarda-te.
só amanhã é outro dia
de caminhar
na morte que se adia
de ir de encontro à boca
em sombra mutável
que se ergue em carne.
os que olham por essa janela
desconheço
que são nocturnos
e se despem
no calor inocente
na escravidão dos desejos
ausentes
ardentes
tímidos.
Página publicada em novembro de 2010 |