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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

ÂNGELO DE LIMA

(1872-1921)

 

Nacido em Oporto, donde participo en los preparativos de la sublevación del 31 de enero de 1891, partió en misión militar hacia Mozambique, de donde regresó com perturbaciones mentales, que impusieron su internación em Rilhafoles. Revelado como poeta por Orpheu, se aproximo a las experiências dela vanguardia, por su lenguaje transgresor de ls normas estilísticas, tanto en el plano léxico como en el morfo-sintáctico, aunque manteniendo un lastre pós-romántico y decadentista-simbólista. En las fronteras de la locura y de la hiperlucidez, su discurso sincopado, paratáctico, donde se inertan elementos heterogéneros de varias lenguas, no podía dejar de atraer a los poetas modernistas. Su obra solo iba a ser publicada en 1971, póstumamente.

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   /   TEXTOS EN ESPAÑOL 

 

 

OLHOS DE LOBAS

 

Teus olhos lembram círios

Acesos n'um cemitério...

Dr. Rogério de Barros

 

Têm um fulgor estranho singular

Os teus olhos febris... Incendiados!...

 

Como os Clarões Finais... - Exaustinados

Dos restos dos archotes, desdeixados...

— Nas criptas d'um Jazigo Tumular!...

 

— Como a Luz que na Noute Misteriosa

— Fantástica - Fulgisse nas Ogivas

Das Janelas de Estranho Mausoléu!...

 

— Mausoléu, das Saudades do Ideal!...

 

— Oh Saudades... Oh Luz Transcendental!

— Oh memórias saudosas do Ido ao Céu!...

 

— Oh Pérpetuas Febris!... - Oh Sempre Vivas!...

— Oh Luz do Olhar das Lobas Amorosas!... 

 

 

EDD´ORA ADDIO...  – MIA SOAVE!...

 

— Mia Soave... — Ave?!... — Almeia?!...

— Mariposa Azual...— Transe!...

Que d’Alado Lidar, Canse...

— Dorta em Paz...— Transpasse Ideia!...

 

— Do Ocaso pela Epopeia...

Dorto...Stringe...o Corpo Elance...

Vai à Campa...— Il c’or descanse...

— Mia soave...— Ave!...— Almeia!...

 

—Não dói Por Ti Meu Peito...

—Não Choro no Orar Cicio...

—Em Profano...—Edd’ora...Eleito!...

 

—Balsame—a campa—o Rocio

Que Cai sobre o Ultimo Leito!...

—Mi’Soave!...Eddora Addio!...

 

 

O MAR

 

Semelhante a Algum Monstro, Quando Dorme

— O Mar... Era sombrio, Vasto, Enorme...

— Arfando Demorado,

— Imenso sob os Céus!

 

— Tal Imenso e Sombrio, O Mar Seria

— E assim, Em Vagas Tristes Arfaria

No Tempo EM que o Espírito de Deus

— Sobre Ele era Levado!

 

                                                    

ESTES VERSOS ANTIGOS

 

Estes versos antigos que eu dizia

Ao compasso que marca o coração

Lembram ainda?... Lembrarão um dia...

— Nas memórias dispersas recolhidas

Sequer na piedosa devoção

 

De algum livro de cousas esquecidas?

— Acaso o que ora canta... vive... existe

Nunca mais lembrará — eternamente?

E vindo do não ser, vai, finalmente,

Dormir no nada... majestoso e triste?

 

 

SONETO

 

Pára-me de repente o pensamento

Como que de repente refreado

Na doida correria em que levado

Ia em busca da paz, do esquecimento...

 

Pára surpreso, escrutador, atento,

Como pára m cavalo alucinado

Ante um abismo súbito rasgado...

Pára e fica e demora-se um momento.

 

Pára e fica na doida correria...

Pára à beira do abismo e se demora

E mergulha na noite escura e fria

 

Um olhar de aço que essa noite explora...

Mas a espora da dor seu flanco estria

E ele galga e prossegue sob a espora.

 

 

 EU ONTEM OUVI-TE...

 

Andava a luz

Do teu olhar,

Que me seduz

A divagar

Em torno a mim.

E então pedi-te,

Não que me olhasses,

Mas que afastasses,

Um poucochinho,

Do meu caminho,

Um tal fulgor

De medo,amor,

Que me cegasse,

Me deslumbrasse,

Fulgor assim.       

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Traducción de RODOLFO ALONSO

 

 

¡OJOS DE LOBAS!

 

Tienen fulgor extraño singular

Tus febriles ojos... ¡Incendiados!

 

Como Rayo Final... — Desorbitados

Por los resstos de antorchas, descuidados...

¡En las Criptas de um Lecho Sepulcral!...

 

¡Cual la Luz que en la Noche Misteriosa

—Fantástica — Fulgiese en las Ojivas

De Ventanas de Extraño Mausoleo!...

 

—!Mausoleo, de Nostalgias del Ideal!...

 

—¡Oh Nostalgias!... ¡Oh Luz Transcendental!

—¡Oh memórias tocantes de Ido al Cielo!...

 

¡Oh Perpetuas Febriles!... ¡Siempre Vivas!

—¡Oh Luz de Ojos de Lobas Amorosas!...

 

 

EDD´ORA ADDIO...  – MIA SOAVE!... 

 

                   — Mia Soave... — Ave?!... ¡¿Almea?!

— Mariposa Azual... — ¡Trance!...

Que de Alado Lidiar, Canse...

— Dorta em Paz... — ¡Transpase Idea!...

 

—Del Ocaso por La Epopeya...

Dorto... Stringe... El Cuerpo Elance...

Va A la Tumba... — Il C´or descanse...

— Mia Soave... —Ave!... —¡Almea!!...

 

—No duele Por Ti Mi Pecho...

— No Lloro en el Orar Balbuceo...

— En Profano... — Edd´ora... ¡Selecto!...

 

—¡Balsama — la Tumba — el Rocío

Que Cae Sobre el Último Lecho!...

— Mi´ Soave! ... Edd´ora Addio!...

 

 

EL MAR...

 

Semejante a Algún Monstruo, Cuando Duerme

— El Mar.. Era Sombrio, Vasto, Enorme...

— Jadeando Demorado

—¡Inmenso bajo el Cielo!...

 

— Tal Inmenso y Sombrío, el Mar Sería

— Y así em Olas Tristes Jadearía

Em Tiempo que el Espíritu de Dios

—¡Sobre Él era Llegado!...

 

 

MEIRELES, Cecília.  Poetas Novos de Portugal.  Seleção e prefácio de Cecília Meireles.  Rio de Janeiro: Edições Dois Mundos Editora Ltda, 1944.   315 p.   (Coleção Clássicos e Contemporâneos, dirigida por Jaime Cortesão.                      Ex. bibl. Antonio Miranda      

 

ÂNGELO DE LIMA – cuja vida tristemente se encerra num manicômio, cultiva, então, os exotismos gráficos do simbolismo, para o qual todas as imagens são importantes, associando-os a misteriosas intenções, e conduzindo-os a mundos fantásticos, impossíveis de esquecer pela qualidade de suas cores, o imprevisto de suas emoções, a força obscura
de sua linguagem cheia de enigmas.”                  
CECÍLIA MEIRELES

 

Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente sufocado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz do esquecimento.

Pára surpreso, escrutador, atento,
Com pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado.
Pára e fica, e demora-se um momento.

Pára e fica, na doida correria.
Pára à beira do abismo, e se demora,
E mergulha, na noite escura e fria,

Um olhar de aço que essa noite explora.
Mas a espera da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora...a

                            
“Orfeu”, 1915.
                                     Escrito no manicômio onde morreu.           

 

 

 

Textos extraídos de la obra POETAS PORTUGUESES Y BRASILEÑOS DE LOS SIMBOLISTAS A LOS MODERNISTAS; organización y estúdio introductorio: José Augusto Seabra.  Buenos Aires: Instituto Camões; Editora Thesaurus, 2002.  472 p. ISBN 85-7062-323-2

 

Agradecemos ao Instituto Camões a autorização para a publicação dos textos, em parceria visando a divulgação da literatura de língua portuguesa em formato bilíngüe na web.

 

 

 

Página publicada em maio de 2008




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