Foto: https://www.google.com/acadeka-academia brasileira de poesia
ANDRÉ FREIRE
Nasceu em Maceió, Alagoas, Brasil em 1959.
Cidadão luso-brasileiro, radicado em Lamego desde 2003, escritor e pintor, André Luiz Castilho Freire é licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (Brasil). "Serras e Mares" é o seu quarto livro de poemas, com prefácio de Luís Lourenço e fotografias de Ana Sofia Pinheiro Torres.
É o autor do enredo "Atrás da Verde e Rosa só não vai quem já morreu", cedido gratuitamente à sua querida Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira para desfilar no Carnaval de 1994. Recentemente também participou, como autor, de uma das "orelhas" do livro "Navegações e Paragens", da médica e escritora brasileira Márcia Tigani, e na VI Antologia de Poetas Lusófonos, onde foi selecionado para participar com dois poemas. Participou ainda em diversas antologias no Brasil e Uruguai.
TEXTO EM PORTUGUÊS – TEXTO EN ESPAÑOL
JUEGOS FLORALES / JOGOS FLORAIS. Montevideo: aBrace editora, 2011. 253 p. 13 x 18,5 cm. ISBN 978-9974-673-21-2 Ex. bibl. Antonio Miranda
A senhora que sorri
Há uma senhora que sorri
Com aquele brilho alvo dos seus dentes.
Sorri de uma coisa que julga ter visto?
Sorri de si mesma?
Sorri de nós?
Há uma senhora que sorri
lá no quarto daquele casa nova,
longe do seu piano, ao lado das suas roupas
todas guardadas num pequeno guarda-fatos.
No sofá da sala, divertida,
entre os jornais e a televisão,
há uma senhor que sorri e balança
as pernas que já foram rijas,
que sambaram e dançaram
as melhores músicas de todo o sempre.
É interessante ver aquela senhora que sorri
e tento descobrir a razão
para tentar acompanhar
com mais atenção e carinho.
Aquele sorriso — de quase noventa anos —
que me acompanha desde sempre.
É interessante ver aquela senhora que sorri
e tento descobrir a razão
para tentar acompanhar
com mais atenção e carinho.
Aquele sorriso — de quase noventa anos —
que me acompanha desde sempre.
RAPSODIAS. Selección de poesia contemporânea. Montevideo:Bianchi editores, 2006. 164 p. Ex, bibl. Antonio Miranda
A CERTEZA DAS INCERTEZAS
A vida segue
a sorrir
das armadilhas sociais.
A vida segue
a evitar
as curvas da ilusões.
A vida segue
entretanto,
a refletir
sobre a certeza das incertezas.
POESIA MARGINAL
Minha poesia é vento
solta pelas estradas da vida
a soprar pedras, penas e paredes
a levantar poeira, sonhos e mares.
Minha poesia é amor
a edificar paz e tréguas, destruir guerras
a cortejar os amores do mundo
a encarar choro, súplicas e sorrisos.
Minha poesia é marginal
brisa constante na calmaria
a cruzar esquinas, becos e avenidas
a fechar as tampas dos depósitos de lixo.
FAVELA
Pedaço de terra
cercada de preconceito
por todos os lados.
TEXTO EN ESPAÑOL
La senhora que sonríe
Hay una señora que sonríe
Con aquel brillo blanco en sus dientes.
¿Sonríe de algo que juzga haber visto?
¿Sonríe de sí misma?
¿Sonríe de nosotros?
Hay una señora que sonríe
allá en el cuarto de aquella casa nueva,
lejos de su piano, al lado de sus ropas
todas guardadas en un pequeño armario.
En el sofá de la sala, divertida,
entre los diarios y la televisión,
hay una señora que sonríe y balancea
las piernas que fueran firmes,
que sambaron y bailaron
las mejores músicas de siempre.
Es interesante ver aquella señora que sonríe
y tiento descubrir la razón
para intentar acompañarla
con mayor atención y cariño.
Aquella sonrisa — de casi noventa años —
que me acompaña desde siempre.
Página publicada em fevereiro de 2020;
Página ampliada em julho de 2020
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