POESIA NEOBARROCA
RODOLFO HINOSTROZA
Rodolfo Hinostroza nasceu em Lima (Peru), em 1941. Publicou Consejero del lobo (1964) e Contra Natura (1971), ambos de poesia, coligidos no volume Poemas reunidos (1986), além de uma pega teatral, Apocalipsis de una noche de verano (1988), obras de astrologia e de relatos psicanalíticos.
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
ARIA VERDE
Así avanzamos a Bayona bajo el domo de luz
el cayado era agua y el sol líquido
tres golpes de violoncello y en la laguna el cisne grazna
un último gemido y un nuevo nacimiento
ojos de amor líquidos & alguien cantó bajo las leves
aguas:
Be not afeard. The Isle isjull ofnoises,
Sounds, and sweet airs, that glve delight and hurt not
Yah, la misma fuerza
que lleva hacia su centro un corazón de palo y el mío
propio
Then I see
otros bosques, la prehistoria del carbón y la greda
bestias moviles / la hormiga y la azucena
otra Ley más verde y numerosa
entretejida con la ley animal ocupando el planeta
& ese relámpago verde y amarlllo: A
simple formula de vida que subyace
A
no evidente a los ojos oculta en la evidencia.
A igualada a misterio y sagese
idéntica a sí misma
presenciando la barbarie y la muerte entre los hombres
II
& el hombre en algún tiempo jue recolector y nômade
/ grandes simios herbtvoros
ah recuerdo arquetípico l sucesivos parafsos derrumbados
pero en lo nuevo habita el gérmen de lo viejo & viceversa
& la historia carnal y la historia espacial
confluyen en un punto
again
Donna m'aparve sotto verde manto
vestita di color di fiamma viva
canto
Y vimos:
la nostalgta
del viaje aniquila a la nostalgia de la tierra y somos nômades
confiados a la Rosa de los Vientos / N S E ér O
rota la posesión
no casa l no animal l não objeto l no persona
& nada pertenece a nadie
recoletores en los Super-Mnrkets y las vinas
trabajo = juego
las incesantes migraciones l por amor
intercâmbïos de continentes y de razas
no padre único / no única madre: / hijos hijos de todos
el amor finalmente el medio humano / So:
Qué es dïnero? me dijo un niño
mostrándome amhas manos llenas
Qué podia yo responder al niño?
yo no sé, como él, qué es el dinero
& la armonía se alimenta a sí misma
incesantemente.
III
Canta amor mío desnúdate bajola lluvia
no más guardias en la Ciudad
pero un mundo hecho a imagen y semejanza de los niños
no Ciudad en el Campo
/ En el principio era el deieite entre los hombres
& tendida en la hierba
mirando los millones de estrellas que te miran
morderás una mazana
again
& saldremos del domo cristalino hacia las estrellas.
Morada del Hombre
Idea que encarna en amor & viceversa / no más / El
tiempo impone un limite
la energia sensible
que mana de la naturaleza & de los
astros.
Extraído de
POESIA SEMPRE. Número 28. Ano 15 / 2008. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008. 246 p. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda.
TRADUÇÃO DE FLORIANO MARTINS
ADOLESCENTE QUE DESPIERTA
Una deliberación del ala y la tormenta es lo que cae cuando
la agria balandronada de los sueños se pega al paladar
y el muchacho despierta en la mañana
penetrando el espejo con un grito. La estridencia que acecha
en la materia de los violoncellos, el enemigo bosque
turgente como una curva embreada, someten bruscamente
su furor y su régimen.
Y el muchacho despierta en el silencio
tatuado por el vuelo de un mosquito
y el terror se evapora con el sol
que empuja levemente al aire perezoso.
No ha crujido la rama ni se ha partido el
trueno
y el burro blanco rumia bajo el sol de noviembre. No habrá noche
esta vez,
ni el sol tirará de sus redes llevándose este suave calor a las
sentinas.
Y el zumbido infinito de la queresa, indica
que el tiempo no transcurre.
(Esta misma mañana podría suceder
toda una historia de gorriones y de bárbaros, un confuso ajedrez
de mil mundos guerreando sobre la palma de una mano, un mismo
verbo
gimiendo y levantándose como un licor amargo
en los zócalos de las ciudades. Aquí
sólo el silencio es música; y las leyes del cielo tiran inasibles
plomadas
de inmensas catedrales. El tiempo avanza y vuelve
a retroceder como una pulsación, y hay algo de paz y levedad en el
conejo,
y ese musgo que crece sobre los yesos apagados y húmedos.)
No habrá más noche ni lloverá de noche,
y toda el agua cabe en una espumadera, y el muchacho
ha de lavar su cuerpo con ese jabón áspero, bajo esa luna
transparente,
comida por el sol, casi
un trapecio de niebla.
Huele a escorzonera y la piel de conejo. Crecen
y caen reyes en las aguas del tiempo detenido.
No volverá a dejarnos
la luz del sol en ese frágil burladero del sueño, que convoca
las furias y las penas.
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TEXTOS EM PORTUGUÊS
ÁRIA VERDE
Tradução: Claudio Daniel
Assim avançamos até Bayona sob a cúpula de luz
o cajado era água e o sol liquido
três golpes de violoncelo e na laguna o cisne grazna
um último gemido e um novo nascimento
olhos de amor Iíquidos & alguém cantou sob as leves
águas:
Be not afeard. The Isle is full of noises,
Sounds, and sweet airs, that give delight and hurt not
Yah, a mesma força
que leva até seu centro um coração de madeira e o meu
próprio
Then I see
outros bosques, a pré-história do carv~so e a argila
bestas moveis / a formiga e a açucena /
outra Lei mais verde e numerosa
entretecida com a lei animal ocupando o planeta
& esse relâmpago verde e amarelo: A
simples fórmula de vida que subjaz
A
não evidente aos olhos oculta na evidência
A igualada a mistério e sagesse
idêntica a si mesma
presenciando a barbárie e a morte entre os homens
II
& o homem em algum tempo foi coletor e nômade
/ grandes símios herbívoros
ah lembrança arquetípica / sucessivos paraísos derrubados
mas no novo habita o germen do velho & vice-versa
& a historia carnal e a historia espacial
confluem em um ponto
again
Donna m'aparve sotto verde manto
vestita di color di fiamma viva
cantou/
E vimos:
a nostalgia
da viagem aniquila a nostalgia da terra e somos nômades
confiados a Rosa dos Ventos / N S E & 0
rota a possessão
não casa / não animal / não objeto / não pessoa
& nada pertence a ninguém
coletores nos Super-Markets e as vinhas
trabalho = jogo
as incessantes migrações / por amor
intercâmbios de continentes e de raças
não pai único / não única mãe:
filhos filhos de todos
o amor finalmente o meio humano / So:
Que é o dinheiro? Disse-me um menino
mostrando-me ambas as mãos cheias
O que eu poderia responder ao menino?
eu não sei, como ele, que é o dinheiro
&: a harmonia se alimenta de si mesma
incessantemente.
III
Cante meu amor dispa-se sob a chuva
não mais guardas na Cidade
mas um mundo feito a imagem e semelhança das crianças
na Cidade no Campo
/ E no princípio era o deleite entre os homens /
& estendida na erva
olhando os milhões de estrelas que te olham
morderás uma maçã
again
& sairemos da cúpula cristalina até as estrelas.
Morada do Homem
Idéia que encarna no amor & vice-versa / não mais / o
tempo impõe um limite
a energia sensível que emana da natureza & dos
astros.
De JARDIM DE CAMALEÕES - a poesia neobarroca na América Latina. Organização, seleção e notas Claudio Daniel. Traduções de Claudio Daniel, Luis Roberto Guedes, Glauco Mattoso. São Paulo: Iluminuras, 2004.
ISBN 85-7321-207-1 Página da editora: WWW.iluminuras.com.br
A primeira grande antologia da poesia neobarroca em escala continental. O prefácio de Haroldo de Campos desvenda (y da relieve) a algumas características do estilo que é ainda pouco compreendido. Uma aproximação digna de leitura. Muitos dos poetas antologados já estão em nosso Portal de Poesia Iberoamericana: Eduardo Milán, Haroldo de Campos, Horácio Costa, José Kozer, José Lezama Lima, Josely Vianna Baptista, Néstor Perlongher, Paulo Leminski, Raúl Zúrita, Severo Sarduy e Wilson Bueno. Vamos selecionar 5 ou 6 dentre os restantes, dentro dos limites razoáveis do princípio do “open access” do Creative Commons, no afã de divulgar a obra e recomendar a antologia aos nossos internautas. Comi disse Horácio Costa na “orelha”: “A presente antologia organizada por Claudio Daniel tem o mérito de buscar mapeá-lo entre vários países, origens generacionsis e estéticas, e nas duas línguas da América Latina (...)”.
ADOLESCENTE QUE DESPERTA
Uma deliberação da asa e a tormenta é o que cai quando
a áspera bravata dos sonhos se pega ao paladar
e o jovem desperta pela manhã
penetrando o espelho com um grito. A estridência que espreita
na matéria dos violoncelos, o inimigo bosque
túrgido como uma curva embreada, bruscamente submetem seu furor e seu regime.
E o jovem desperta no silêncio
tatuado pelo voo de um mosquito
e o terror se evapora com o sol
que levemente empurra o ar preguiçoso.
Não rangeu o galho nem se partiu o estrondo
e o burro branco rumina sob o sol de novembro.
Não haverá noite esta vez, nem o sol gastará suas redes
levando este suave calor às sentinas.
E o zumbido infinito da larva indica
que o tempo transcorre.
(Nesta mesma manhã poderia se passar toda uma história de pardais e bárbaros, um confuso xadrez
de mil mundos guerreando sobre a palma de uma mão,
um mesmo verbo gemendo e erguendo-se como um licor amargo nas fundações das cidades. Aqui
apenas o silêncio é música; e as leis do céu disparam
sondas esquivas
de imensas catedrais. 0 tempo avança e volta
a retroceder como uma pulsação, e há algo de paz e leveza
no coelho,
e esse musgo que cresce sobre os gessos apagados e úmidos.)
Não haverá mais noite nem choverá à noite,
e toda a água cabe em uma escumadeira, e o jovem
há de lavar seu corpo com esse áspero sabão, sob essa lua
transparente, comida pelo sol, quase
um trapézio de névoa.
Cheira a escorcioneira e a pele de coelho. Crescem e caem reis nas águas do tempo detido.
Não tornará a deixar-nos a luz do sol nesse frágil escape do sonho, que convoca
as fúrias e as penas.
Página publicada em agosto de 2009
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