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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: pucp.academia.ed

 

PEDRO GRANADOS

 

Pedro Granados Agüero, (Lima, 1955 - ) es un escritor y poeta peruano que ha radicado en Estados Unidos, Europa y el Caribe y reside actualmente en su tierra natal y ejerce la docencia en la Universidad Nacional Mayor de San Marcos.

Pedro Granados realizó sus estudios universitarios de bachiller en humanidades (Lengua y Literatura) en la Pontificia Universidad Católica del Perú. Profesor de literatura del Colegio San Andrés. Luego viaja a los Estados Unidos obteniendo el Ph.D (Hispanic Language and Literatures) por Boston University; Master of Arts (Hispanic Studies) por Brown University; Profesor de Lengua y Literatura Española por el ICI, (Madrid).

Poemarios: Sin motivo aparente (1978); Juego de manos (1984); Vía expresa (1986); El muro de las memorias (1989); El fuego que no es el sol (1993); El corazón y la escritura (1996); Lo penúltimo (1998); Desde el más allá (2002); Al filo del reglamento (1985).   Biografía: wikipedia

 

TEXTOS EN ESPAÑOL   -   TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

Confrontado ante la poesía

y ante mí mismo. Hondos

costados los del mar. Oscuros

sus sobresaltos.

Una herbívora gaviota lo sobrevuela,

me sobrevuela.

Confrontado con mis seres queridos,

con mis queridas amistades.

Haberlos traicionado a todos.

Menos en la desnuda lágrima.

Menos en el deseo incandescente.

Yo soy otro hombre ya.

Alguien que abre puertas

y se marcha. Algún otro que no busqué.

Que vino así y me fue tiñendo

desde los calcetines hasta el gorro.

Alguien que abre su puerta

y se va. Que ya se marcha para siempre.

 

 

 

Confrontado diante da poesía

e diante de mim mesmo. Profundas
bordas do mar. Escuros
os seus sobressaltos.
Uma herbívora gaivota sobrevoa.
me sobrevoa.
Confrontado com meus seres queridos,
com minhas queridas amizades.
Tê-los traídos todos eles.
Menos na lágrima desnuda.
Menos no desejo incandescente.
Já sou outro homem.
Alguém que abre portas
e vai embora. Algum outro que não procurei.
Que veio assim e foi me tingindo
desde as meias até o gorro.
Alguém que abre a porta
e se vai. Que vai embora para sempre.

Tradução de Antonio Miranda

 

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE. Número 28. Ano 15 / 2008.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008.  246 p.     Editor Marco Lucchesi.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

Traduções ao Português: FLORIANO MARTINS

 

 

/La noche no depende de ti./

 

La noche no depende de ti

Esta noche, este cuello de botella

que compulsivamente atraviesas,

para nada depende de ti.

El semen tuyo, agua furtiva

que te asemeja a un arrollo

o a una chispa inocente,

en realidad no te pertenece.

Te has perdido en la noche

-como en el juego de los niños-

y no has vuelto ni han vuelto a encontrarte.

Sólo recuerdas el manso viento de la gente.

Sólo recuerdas el brillo de aquellos ojos:

una luz resbalando resignada

frente a tu puerta.

Todas las anécdotas al respecto

se reducen a esto.

Todo lo que has vivido también.

Una calle modesta y muy mal iluminada

y compulsivamente atravesada. Y la noche.

 

 

 

/A noite não depende de ti/

 

A noite não depende de ti.

Esta noite, este pescoço de garrafa

que compulsivamente atravessas,

para nada depende de ti.

Teu sémen, água furtiva

que te assemelha a um arroio

ou a uma faísca inocente,

em realidade não te pertence.

Estás perdido na noite

- como no jogo das crianças -

e não voltaste nem voltarão a te encontrar.

Apenas recordas o manso vento das pessoas.

Apenas recordas o brilho daqueles olhos:

uma luz resvalando resignada

diante de tua porta.

Todas as anedotas a respeito

se reduzem a isto.

Tudo o que viveste também.

Uma rua modesta e muito mal iluminada

e compulsivamente atravessada. E a noite.

 

*

 

 

Maldita cidade

 

Às vezes tenho que dormir nos arredores da cidade
para não contemplar o genocídio das malditas almas.

 

Tétrico espetáculo, onde a noite se perde em preces inúteis,
como se quisesse envenenar estes lerdos sonhadores de mercado.

 

O pastel está dominado pelos membros eclesiásticos.

A memória é testemunha da obra do pássaro que canta bêbado
no seminário.

 

O seminário é o cenário dos palhaços mais hábeis do universo;
qualquer mago barato é santo oficial da igreja.

 

Nasci nesta ilha, nesta ilha me criei, nesta ilha hei de morrer.

 

Meus antepassados foram índios, meus pais espanhóis, porém minha
raça é negra.
Lamento que esta suja dama tenha pisado este belo chão com seus
pés corruptos.

 

Eles me chamam feiticeiro por dar a suas mulheres
o prazer mais profundo de todos os prazeres.

 

 

Maldita cidade

 

Às vezes tenho que dormir nos arredores da cidade
para não contemplar o genocídio das malditas almas.

 

Tétrico espetáculo, onde a noite se perde em preces inúteis,
como se quisesse envenenar estes lerdos sonhadores de mercado.

 

O pastel está dominado pelos membros eclesiásticos.

A memória é testemunha da obra do pássaro que canta bêbado
no seminário.

 

O seminário é o cenário dos palhaços mais hábeis do universo; qualquer mago barato é santo oficial da igreja.

 

Nasci nesta ilha, nesta ilha me criei, nesta ilha hei de morrer.

 

Meus antepassados foram índios, meus pais espanhóis, porém
minha raça é negra. Lamento que esta suja dama tenha pisado este belo chão com
seus pés corruptos.

 

Eles me chamam feiticeiro por dar a suas mulheres
o prazer mais profundo de todos os prazeres.

 

*

 

 

O homem da dor

 

O homem compreendeu que a dor

que dormia em sua alma havia despertado.

 

Na solidão vestiu-se de anjo

e cambaleou pelos bosques da cidade.

 

Seu pranto se escutou no cimo das montanhas.

0 homem caminhou e cortou seus pés nos mares de seus olhos.

 

Disse a seu pai que se esquecesse,
disse a sua mãe que o esquecesse.

 

Ao final da viagem reclamou sua alma benevolente.

 

 

 

Página publicada em setembro de 2018


 

 

 
 
 
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