ALEJANDRO ROMUALDO
(1926-2008)
Alejandro Romualdo Valle Palomino (Trujillo,19 de diciembre de 1926 - Lima, 27 de mayo de 2008) fue un poeta y periodista peruano. Perteneció a la Generación del 50. Ganador del Premio Nacional de Poesía en 1949.
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
A OTRA COSA
Basta ya de agonía. No me importa
la soledad, la angustia ni la nada.
Estoy harto de escombros y de sombras.
Quiero salir ai sol. Verte la cara
al mundo. Y a la vida que me toca,
quiero salir, al son de una campana
que eche a rolar olivos y palomas.
Y ponerme, después, a ver qué pasa
con tanto amor. Abrir una alborada
de paz, en paz con todos los mortales.
Y penetre el amor en las entrañas
del mundo.Y hágase la luz a mares.
Déjense de sollozos y peleen
para que los señores sean hombres.
Tuérzanle el llanto a la melancolía.
Llamen siempre a las cosas por sus nombres.
Avívense la vida. Dénse prisa.
Esta es la realidad. Y esta es la hora
de acabar de llorar mustios collados,
campos de soledad. ¡A otra cosa!
Basta ya de gemidos. No me importa
la soledad de nadie. Tengo ganas
de ir por el sol. Y al aire de este mundo
abrir, de paz en paz, una esperanza.
RESPONSO POR UN PAYASO NEGRO
Aqui yace Sam Brown. Aquí descansa su rueda pálida,
la que hacía girar sencillamente bojo sus pies como
un planeta o una ola.
Lejos de su infancia silvestre, de la fiebre sexual, del
tambor y la danza hirviente.
Lejos. Dejó su infancia de leopardos y grullas y flores exóticas.
Aqui yace, más frio que la luna, más triste que el vino,
derramado y oscuro como un vaso de miel para todas las
moscas de Ia destrucción.
Una família de arlequines le reza. Los astros del circo lloran
y se apagan:
la muerte es una rueda muy traicionera, un jaguar silencioso
que cae desde lo alto— desde cualquier hora —
como un fruto encendido cae desde cualquier estación.
Aqui yace Sam Brown, más pálido que un espejo bojo la
hierba mortal.
Su último traje ya no se arruga, el traje de la función final
en la cual tenía que caer junto con el telón
de la vida y la rueda.
Pidamos que la muerte no nos deje decir nada.
Pidamos que la muerte nos separe, nos desgaje suavemente.
Pidamos que nos haga desaparecer como un ilusionista.
Roguemos porque la muerte llegue como el extraño que nos
pregunta por la hora.
Porque Sam Brown ya no se mueve.
Porque aqui yace Sam Brown como un girasol ciego.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Everardo Norões e Diego Raphael*
A OUTRA COISA
Já basta de agonia. Não me importa
a solidão, a angústia, nem o nada.
Estou farto de escombros e de sombras.
Quero sair ao sol.Ver a cara
do mundo. E à vida que me cabe,
quero sair, ao som de um sino
que faça voar as pombas e olivas.
Depois, ficar num canto a ver o que se passa
com muito amor. Abrir uma alvorada
de paz, em paz com todos os mortais.
E que o amor penetre nas entranhas
do mundo. E se faça luz aos montes.
Deixem de soluços e batalhem
para que os senhores sejam homens.
Torçam o pranto à melancolia.
Chamem as coisas sempre por seus nomes.
Avivem-se a vida. Tenham pressa.
Esta é a realidade. E esta a hora
de acabar de chorar tristes colinas,
campos de solidão. Vamos em frente!
Já basta de gemidos. Não me importa
a solidão dos outros. Quero ir
de encontro ao sol. Ao ar do mundo abrir
assim, de paz em paz, uma esperança.
RESPONSO POR UM PALHAÇO NEGRO
Aqui jaz Sam Brown. Aqui descansa sua roda pálida,
a que ele fazia girar simplesmente sob os pés como
um planeta ou uma onda.
Longe de sua infância silvestre, da febre sexual, do
tambor e da dança fervente.
Longe. Deixou sua infância de leopardos e gralhas e flores exóticas.
Aqui jaz, mais frio que a lua, mais triste que o vinho,
derramado e escuro como taça de mel para todas as
moscas da destruição.
Uma família de arlequins reza por ele. Os astros do circo choram
e se apagam:
a morte é uma roda traiçoeira, um jaguar silencioso
que do alto cai — a qualquer hora —
como um aceso fruto cai de qualquer estação.
Aqui jaz Sam Brown, mais pálido que um espelho debaixo da
erva mortal.
Seu último traje já não se amassa, o traje da função final
na qual tinha de cair com a cortina
da vida e a roda.
Roguemos que a morte não nos deixe dizer nada.
Roguemos que a morte nos separe, nos desgarre suavemente.
Roguemos que nos faça desaparecer como um ilusionista.
Roguemos para que a morte chegue como o estranho que nos
pergunta pelas horas.
Porque Sam Brown já não se move.
Porque aqui jaz Sam Brown como um girassol cego.
*Poemas selecionados e extraídos de : EL RÍO HABLADOR – Antología de la Poesía Peruana (1950-200) Rio de Janeiro: 7Letras; Recife: Ensol, 2007. Texto bilíngüe español/português.
ISbs 85-7577-349-6 Patrocínio da CHESF e apoio da Facultad de Letras y Ciencias Humanas/ Universidad Nacional Mayor de San Marcos.
Extraído de
POESIA SEMPRE. Número 28. Ano 15 / 2008. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008. 246 p. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda.
Tradução de FLORIANO MARTINS
Tambor de saudade
Sob a lua e sob o sob no espinhal delirante,
Bembo golpeia a terra como se fosse um grande tambor,
e o voo das garças leva o ar dos presságios.
Como se fosse uma festa, todo o universo se agita:
os velhos flamingos, as folhas, as orquídeas
e o grito dos pássaros é um augúrio.
Vestido de gala, sem seu colar de dentes brancos,
sem pele de lagarto nem plumas de papagaio,
Bembo toca o tambor escuro dos delírios.
No salão de dança, sob as luzes cortantes,
e o saxofone que sopra como um elefante enlouquecido,
os trompetes anunciam o juízo final da tristeza.
E de sua caixa de música, que é uma caixa de surpresas,
Bembo, o bruxo, faz surgir as melodias futuras.
Os tambores do Brasil soam lentos como a vida que começa
ou como a morte que inicia seu prodigioso nascimento,
e o mágico tam-tam de seu coração emocionado
enche o peito do homem de uma indescritível palpitação
e o ventre da fêmea de um ruído sufocante.
Narciso cego
Turvo panteão de inconfundível seda
turquesa silenciosa
amável espelho malferido por mim
como um reflexo impuro
sou a sombra mais sensível
sobre teu leite santo
minha imagem coalha horrivelmente
te possuo e me recobro
céu fresco de amor
onde sorvo
como um anjo caído
indestrutível
água dormida
meus olhos são cegos para teu sonho
como frios fogos fátuos
correndo entre as esmeraldas
úmida namorada
fúnebre corrente onde soçobro
e choro diariamente
como remelas do amor
as algas
O cavalo e a pedra
Há uma enorme semelhança entre um cavalo e uma pedra. A pedra que arremessou Davi era tão bela como um cavalo de circo. A pedra polida pela erosão reluz como a pele de um cavalo ao sol.
Sabemos que o reino animal é uma hierarquia superior à do reino mineral, porém uma pedra que durante séculos amadureceu, até adquirir essa profunda transparência, esse brilho irresistível e dominador, não é comparável ao mais garboso cavalo?
A perda de equilíbrio - seja provocada pelos degelos ou pelos movimentos sísmicos -desboca a pedra e, envolta em neve, a precipita do cume até o fundo do vale, como um cavalo branco no cio.
A cada dia se parecem mais os cavalos e as pedras. E se parecem tanto que quase já são o mesmo. Sobretudo na estátua do rei são uma indestrutível unidade, pois se destroçarmos a pedra, destroçamos o cavalo, e vice-versa.
Porém nós preferimos destruir o rei.
DIENTE DE LEÓN – cipselas de difusión poética. Director: Óscar Limache. Editor: Alfredo Ruiz Chinchay. Lima, Perú, Número 4, junio 2012.
A LA ORILLA DEL MAR
A la orilla del mar, como a la orilla de tus ojos,
he tendido las redes,
para ti, mi amor.
Durante largas noches de sol y sombra, mientras
el mar giraba, yo cosí las redes
pensando en ti, mi amor.
Hoy, con las primeras luces,
me despertó tu canto,
tu canto de amor.
Temblando fui a la orilla para verte
palpitando en las redes.
Solo encontre un pez rojo: mi corazón.
Qué solo me encuentro, amor, qué solo me encuentro,
a la orilla del mar, como a la orilla del amor.
Cuarto mundo (1972)
En: Poesía íntegra (1966)
Lima: Viva Voz, 1986, p. 190.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA
À beira do mar
À beira do mar, como à beira dos teus olhos,
estendi as redes,
para ti, meu amor.
Durante longas noites de sol e sombra, enquanto
o mar girava, eu cosi as redes
pensando em ti, amor.
Hoje, com as primeiras luzes,
teu canto me despertou,
Teu canto de amor.
Tremendo fui à beira mar para ver-te
pulsando nas redes.
Encontrei apenas um peixe vermelho: meu coração .
Tão sozinho eu me encontro, amor,
à beira mar, como à beira do amor.
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Página publicada em abril de 2021
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