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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



POESÍA NICARAGUENSE

Coordenação de Milagros Terán

ALFONSO CORTÉS

(1893-1969)

 

León, 1893 - 1969. Enlouqueceu em 1927. Thomas Merton, que o traduziu para o inglês, afirma: "Cortés escreveu uma das poesias mais profundamente 'metafísicas' que existem. Obcecado pela natureza da realidade, este poeta intui o inexprimível."

TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS 
Traduzido por Anderson Braga Horta



UN DETALLE

Un trozo de azul tiene mayor
intensidad que todo el cielo;
yo siento que allí vive, a flor
del éxtasis feliz, mi anhelo.

Un viento de espíritus pasa
muy lejos, desde mi ventana,
dando un aire en que despedaza
su carne una angélica diana.

Y en la alegría de los gestos,
ebrios de azur, que se derraman...
siento bullir locos pretextos,
que, estando aquí, ¡de allá me llaman!

UM DETALHE

Um rasgo de azul tem maior
intensão do que o céu que vejo;
eu sinto que ali vive, à flor
do êxtase feliz, meu desejo.

Um vento de espíritos passa
longe, desde minha ventana,
dando um ar em que despedaça
sua carne angélica diana.

E, em meio à alegria dos gestos,
ébrios de azul, que se derramam...
sinto ferver loucos pretextos,
que, estando aqui, de lá me chamam!

 

 

LA CANCIÓN DEL ESPACIO

 

La distancia que hay de aquí a

una estrella que nunca ha existido

¡porque Dios no ha alcanzado a

pellizcar tan lejos la piel de la

noche! Y pensar que todavía crearnos

que es más grande o más

útil la paz mundial que la paz

de un solo salvaje...

 

Este afán de relatividad de

nuestra vida contemporánea —es—

 

lo que da al espacio una importancia

que sólo está en nosotros,

—y quién sabe hasta cuándo aprenderemos

a vivir como los astros—

libres en medio de lo que es sin fin

y sin que nadie nos alimente.

 

La tierra no conoce los caminos

por donde a diario anda —y

más bien esos caminos son la

conciencia de la tierra...— Pero si

no es así, permítaseme hacer una

pregunta: —¿Tiempo, dónde estamos

tú y yo, yo que vivo en tí y

          tú que no existes?

 

TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Miranda

 

A CANÇÃO DO ESPAÇO

A distância existente daqui a
uma estrela que jamais existiu
porque Deus não conseguiu
beliscar tão longe a pele da
noite! E pensar que ainda cremos
que é bem maior ou mais
útil a paz mundial que a paz
de um único selvagem...

Este afã de relatividade de
nossa vida contemporânea — é —
o que dá ao espaço uma importância
que só existe em nós,
— e quem sabe até quando aprenderemos
a viver como os astros —
livres no meio do que é sem fim
e sem que ninguém nos alimente.

A terra não conhece os caminhos
por onde todo dia anda — e
mais bem esses caminhos são a
consciência da terra... — Mas se
não for assim, permita-me fazer uma
pergunta: — Tempo, onde estamos
tu e eu, em que vivo em ti e
tu que não existes?

 


ANTOLOGÍA – LA POESÍA DEL SIGLO XX EN NICARAGUA. Edición de Daniel Rodríguez Moya.  Madrid: Visor Libros, 2010.  534 p. (La Estafeta del Viento, vol. VI)   14x21 cm. 

 

 

FUGA DE OTOÑO

 

Aquí todo, hasta el tiempo se hace espacio.

 

En los viejos

caminos nuestra voz yerra como un olvido,

y a un éter lleno de recuerdos, se ha salido

de nosotros el alma, para vernos de lejos.

 

El cielo es como un fiel recuerdo de colores,

en que tú arremolinas, luz sonora, tus vientos;

 

la loca de la tarde hunde sus pensamientos

de luz, en la epidermis de seda de las flores.

 

Yo hilaré con el blanco vellón de los vésperos,

horas de amor sutiles, concisas y espaciosas

viendo venir las pálidas parejas amorosas

en la convalecencia feliz de los senderos. 

 

 

FUGA DE OUTONO

Aqui tudo, até o tempo vira espaço.
                                      Nos velhos
caminhos nossa voz erra
                              com meu olvido,
e a um éter pleno de lembranças, se foi
de nós a alma, para ver-nos de longe.

O céu é como uma fiel lembrança de cores,
em que redemoinhas, luz sonora, teus ventos;
a tarde louca funde seus pensamentos
de luz, na epiderme de seda das flores.

Eu enlaçarei com o branco velo dos vespeiros,
horas de amor sutis, concisas e espaçosas
vendo vir as pálidos casais amorosos
na convalescência feliz dos sendeiros.

 

IRREVOCABLEMENTE

 

Por donde quiera que escudriña la mirada,

sólo encuentra los pálidos pantanos de la Nada;

 

flores marchitas, aves sin rumbo, nubes muertas...

Ya no abrió nunca el cielo ni la tierra sus puertas.

Días de lasitud, desesperanza y tedio;

 

no hay más para la vida que el fúnebre remedio

de la muerte, no hay más, no hay más, no hay más

que caer como un punto negro y vago

en la onda lívida del lago,

para siempre jamas...

 

 

          IRREVOGALMENTE
 

          Por onde perscruta a mirada,
          só encontra os pálidos pântanos do Nada;
          flores murchas, aves sem rumo, nuvens mortas...
          Já não abriu nunca o céu nem a terra sem portas...
          Dias de lassidão, desesperança e tédio;
          não há mais para a vida que o fúnebre remédio
          da morte, não há mais, não há mais, não há mais
          que cair como um ponto negro e vago
          na onda lívida do lago,
          para sempre jamais...

 

 

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