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RUBÉN MEJÍA

RUBÉN MEJÍA

Nasceu na Cidade do México em 1956 e mora na cidade de Chihuahua, no norte do México, fronteira com os Estados Unidos. Poeta, crítico literário e tradutor. Liderou a revista Palabras sin rugas (1981-1982) e traeduziu João Guimarães Rosa, Lêdo Ivo e Clarice Lispector.

Libros de poesia: Segunda muerte (1987), Poesiglo (1997).

Em boa hora, nosso amigo Floriano Martins traduziu a obra deste poema à nossa língua, obra que recomendamos aos leitores. Que comecem a lê-lo aqui, e continuem na edição completa que aparece referenciada mais abaixo.

“Sua experimentação sintática, seus cortes, seus relâmpagos e seu modo de criação poética — a espacialidade, a imagética insólita, as desarticulações do verbo — é a meu ver fundamental.
Também me impressionou o clima onírico de muitos poemas e ainda a exploração do insólito e do absurdo. “  LÊDO IVO
 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Floriano Martins

De
eXpírito
Carta-prólogo de Jorge Aguilar Mora
Posfácio de Reyna Armendáriz González
Tradução de Floriano Martins
São Paulo: escrituras, 2007
ISBN 978-85-7531-241-4

 

d
Par Im  Par

 

"O que morre é sempre o Outro!"

— Exclaman Eumaisooutro

 

Toda relação entre dois implica um terceiro dês

dobrando-se

                   impar/mente

 

 

Para mim

         sou (ainda)

minha parelha

ímpar

 

 

O duplamente sólido se

desvanece, desvanece-

                            se

nas entranhas do ar

como um duplo zero

 

 

VI

Minha Extrela

 

Vejo a nudez da rosa

         como caem as pétalas

de urna deusa em

         toda a extensão de

         tua piscadela luminosa

igualmente me revelas o

princípio de meu fim

teu insondável

buraco negro

— olho que me olha

 

 

r
Este objeto, que em detalhe observas: invertendo-o
primeiro em teus olhos, virando-o depois em tua mente
                                                        em outra volta
se refaz como um objeto qualquer e torna-se sem alcance
para teu olha



XXI
Após a miragem
de meu corpo
a rever
         beração
de minha mente

 

x
Escreviver o (im)possível, tal seria,
sem mais.

 

XXVII
        
Tu devesses extinguir teus olhos antes que
            se extinga o  sol, para deixá-lo aceso.

                                     Antonio Porchia, 1943

Escritura sou

 

e nesse universo inteiro
que se abre para mim
ao fechar os olhos
(ou quando alguém
me vem fechá-los)
                            ali
em sua obscura
                         transparência
me   s  o  l   etro

 

m
Entre tua forma fetal
e tua figura final
         (no outro útero)
há apenas um passo

uma ponte pendente
sobre dois sonhos

— com um céu
         de diferença

d
Par Im  Par

 

"O que morre é sempre o Outro!"

— Exclaman Eumaisooutro

 

Toda relação entre dois implica um terceiro dês

dobrando-se

                   impar/mente

 

 

Para mim

         sou (ainda)

minha parelha

ímpar

 

 

O duplamente sólido se

desvanece, desvanece-

                            se

nas entranhas do ar

como um duplo zero

 

 

Minha Extrela

 

Vejo a nudez da rosa

         como caem as pétalas

de urna deusa em

         toda a extensão de

         tua piscadela luminosa

igualmente me revelas o

princípio de meu fim

teu insondável

buraco negro

— olho que me olha

 

 

d
Par Im  Par

 

"O que morre é sempre o Outro!"

— Exclaman Eumaisooutro

 

Toda relação entre dois implica um terceiro dês

dobrando-se

                   impar/mente

 

 

Para mim

         sou (ainda)

minha parelha

ímpar

 

 

O duplamente sólido se

desvanece, desvanece-

                            se

nas entranhas do ar

como um duplo zero

 

 

Minha Extrela

 

Vejo a nudez da rosa

         como caem as pétalas

de urna deusa em

         toda a extensão de

         tua piscadela luminosa

igualmente me revelas o

princípio de meu fim

teu insondável

buraco negro

— olho que me olha

 

 

XV
O mundo está sempre aí
tecendo-se – destecendo-se
nos olhos de algum homem

que aparece-desaparece
segundo o olhar do mundo

o que será do mundo sem o fio
destas pupilas
                   quem sou
agora que o mundo
já não me olha?

 

 

Crepúsculo

Meus olhos, por ter sido pontes,
são abismos. 
                        Antonio Porchia, 1943

 

 

Como olhar,
sem morrer?

 

Todo olhar é um sol final.

Como saltar linha
do horizonte até
outros sóis
         teus olhos?

Como te olhar,
sem morrer?

 


 

Página publicada em maio de 2009

 



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