MARIA ROMEU
México D.F., 1955. Licenciada em sociología educativa pela Universidad Autónoma Metropolitana - Xochimilco. Participou do desenho e implementação de diversos projetos do Programa Nacional de Alfabetização e Diretora da Secretaria de Relações Exteriores do México. Co-fundadora de ortega y romeu, uma scoiedade civil dedicada a projetos de bens educativos e culturais.
Publicou os livros de poemas hojalata y lámina, dientedeleón e Los motivos de Jaín. É autora do Sistema de jogos para a aprendizagem creativa Gaspar y Polaris. En 1979 recebeu o Prêmio Nacional de Poesia Carlos Pellicer (México).
A poeta MARIA ROMEU participando de uma sessão magna da I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA ( de 3 a 7 de setembro de 2008 ). Representante oficial indicada pela Embaixada da México no Brasil.
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
De dientedeleón
México: ortega y Romeu, 1987
Hay rayas en el água peces
hay redes pescadores
La magia no interviene e ese mundo
que se dice verdadero
Tenemos detenida la memória em los canales del ser
tenemos el carecer
Caracol escalera
se puede salir hacia los lados
se puede entrar por la ventana
Puedes ir y venir cuando quieras
pero tienes que querer
No me gusta el amanecer del muelle
las barcas despiertan amarradas
Prefiero los celos a la incertidumbre
Ahora mi casa tiene golodrinas
***
Esa tarde al encontrarnos
Polifemo enmudeció
Eres como la naturaleza vuelta a acomodar
después de la lluvia
Te daré café
y te amare caliente
Dejar ser al deseo
es solo
Hay atisbos de libertad ruiseñores
hay abismos
Dicen que en el fondo hay un hediondo rio
yo solo recuerdo la caída y las estrellas
Mi cuerpo es la parte de mi que toca el mundo
Fuera de ti
todo es afuera
¿Quién es pastor de quién
quién es oveja?
***
Separarse es perderse
en el arduo quehacer de existir
El dolor se hará a la mar
con una vela en cada pacto
Bebiendo deber
y devenir
Gozne que vences la puerta que sostienes
sangran tus costuras rotas
Concebir no es nacer
poema herido
Si el otoño fuera un mes
sería aún más cruel que abril
Somos como la flor transparente
el amor nos amenaza
Al caerme yo
te hiciste a un lado
así conocen las mujeres el mundo
por las noches
***
Cuántas tormentas y cuántas sequías
habrán de sucederse cuántas veces
La vida y la muerte juegan todo el tiempo
nadie gana
nadie juega a ganar
Imaginé el mundo alguna vez
en relación conmigo
era como un tren y todo lo que dice
a toda velocidad
Somos seres procedentes del mar
estrellas anónimas alrededor del sol
caminos insinuados por el viento
somos anafres
milagros
pastores de desiertos congelados
somos agua sólida
adolescentes horadando el pasto
lluvia de abajo para arriba
sol líquido
detritos diluídos
puentes colgantes
villas de pescadores
pájaros bebiendo espejos de agua
nubes
(...)
Yo no entendia dientedeleón
por qué el viento y la vara desnuda:
estaba amenazada de silencio.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
Tem raias na água peixes
tem redes pescadores
A magia não intervém nesse mundo
pretendido verdadeiro
Temos a memória detida nos canais do ser
temos o carecer
Caracol escada
podemos sair para os lados
podemos entrar pela janela
Podes ir e vir quando queiras
mas tens de querer
Não gosto do amanhecer no cais
os barcos acordam amarrados
Prefiro os céus da incerteza
Agora minha casa tem andorinhas
tem o ar que voa
e no qual voa
***
Nessa tarde ao encontrar-nos
Polifemo emudeceu
És como a natureza que se acomoda
depois da chuva
Te darei café
e te amarei ardente
Deixar ser ao desejo
é só deixá-lo fazer
Há vislumbre de liberdade rouxinóis
há abismos
Dizem que no fundo há um hediondo rio
eu só recordo a queda e as estrelas
Meu corpo é a parte de mim que toca o mundo
Fora de ti
tudo é fora
Quem é pastor de quem
quem é ovelha?
***
Separar-se é perder-se
na árdua tarefa de existir
A dor se fará ao mar
com uma vela em cada pacto
Bebendo dever
e devir
Dobradiça que vences a porta que sustentas
sangram tuas costuras rotas
Conceber não é nascer
poema ferido
Se o outono fosse um mês
seria ainda mais cruel que abril
Somos como a flor transparente
o amor nos ameaça
Ao cair-me
ficaste ao lado
assim as mulheres conhecem o mundo
pelas noites
***
Quantas tormentas e quantas secas
haverão de suceder-se quantas vezes
A vida e a morte jogam o tempo todo
ninguém ganha
ninguém joga para ganhar
Imaginei o mundo alguma vez
em relação comigo
era como um trem e tudo o que diz
a toda velocidade
Somos seres procedentes do mar
estrelas anônimas arredor do sol
caminhos insinuados pelo vento
somos fogareiros
milagres
pastores de desertos congelados
somos água sólida
adolescentes perfurando o pasto
chuva de baixo para cima
sol líquido
detritos diluídos
pontes suspensas
vilas de pescadores
pássaros sorvendo espelhos de água
nuvens
(...)
Eu não entendia dentedeleão
por que o vento e a vara desnuda:
estava ameaçada de silêncio.
Página publicada em março de 2008; republicada em agosto de 2008.
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