JAIME LABASTIDA
Poeta e ensaísta, nasceu em 1939. Graduou-se em Filosofia pela Universidade Autônoma do México, onde chegou a professor de Filosofia e Letras. Dirige a Siglo XXI Editores.
“O poeta-filósofo serve-se da palavra com extremo rigor. A metáfora nele não é artifício, mas um recurso para dar profundidade e plenitude ao conceito. Consegue, com ela, iluminar esse lado obscuro, oculto das coisas, que nem o narrador nem o ensaísta conseguem explorar e muito menos comunicar.” JORGE RUEDAS DE LA SERNA
De
Jaime Labastida
ANIMAL DE SILÊNCIOS
Edição bilíngue português – español.
Tradução de Hermenegildo José Bastos
São Paulo: Ateliê Editorial, 2002
ISBN 85-7480-124-2
DlALECTO Y QUEMADURA
HOY se inicia en este sitio la escritura.
Hoy se muerde el presagio,
Hoy se tienden poco a poco las palabras
como las cuerdas de las que penden los ahorcados.
Sobre la firma de mis uñas crece una raíz de espanto.
La ceniza hecha pedernales me golpea.
¿A donde van estas palabras huecas y vacias?
Juro yo,
el radical de dientes,
no escribir ma.s cosas semejantes.
Hay que hablar lengua de fuego y no dialecto de ceniza.
Y es que a ratos digo cosas verdaderas pero miento:
¿Comprendes, animal de la sombra?
¿Te extraña esto, acrobata divino?
¡Abranse fosas a los castrados de la vida!
¡Calle aquel que no tenga nada que decir!
¡Calle yo ahora!
DlALETO E QUEIMADURA
HOJE se inicia neste lugar a escritura.
Hoje se morde o presságio.
Hoje se estendem pouco a pouco as palavras
como as cordas das quais pendem os enforcados,
Sobre a assinatura das minhas unhas cresce uma raiz de
espanto.
A cinza feita rocha me golpeia.
Aonde vão estas palavras ocas e vazias?
Eu juro,
o radical de dentes,
não escrever mais coisas semelhantes.
Ha que se falar língua de fogo e não dialeto de cinza.
E é que às vezes digo coisas verdadeiras, mas minto :
compreendes, animal da sombra?
Isto te estranha, acrobata divino?
Abram-se fossas para os castrados da vida!
Cale-se aquele que não tem nada a dizer!
Que me cale eu agora.
PAPEL BORRADO
CUANDO termino de escribir todo esto,
después que durante horas me imprimo
como un mecanismo de dulzura y de cólera
en las hojas, y el viento desordena los papeles
y entra un silbido extraño, y merodea en la casa
una noche espedal, ajena, sin preguntas;
cuando abro ventanas para que lleguen
los amigos que tienen nombres de herramienta
y prisiones, después que me deshago de este
tósigo, cuando quedo vacío, mi mujer
viene aquí con amor que estrangula.
Amor resplandeciente el nuestro que asume
la crueldad de un pájaro pequeño que picara
su grano, tiernamente, en la herida de un brazo
y más la abriera, que es como un pequeño pájaro
que cantara, cerca, muy cerca, demasiado
cerca del oído, y al que no pudieras callar,
aunque te rompa el tímpano a golpes de dulzura.
en el áspera arena de la playa, mientras el mar,
ausente, en grises movimientos nos acecha
y borra todo, borra todo, borra
todo de mí, borra todo de mí,
borra todo de mi.
PAPEL APAGADO
QUANDO termino de escrever tudo isto,
depois que durante horas me imprimo
como um mecanismo de doçura e de cólera
nas folhas, e o vento desarruma os papéis
e entra um sibilo estranho, e vaga pela casa
uma noite especial, alheia, sem perguntas;
quando abro janelas para que cheguem
os amigos que têm nomes de ferramenta
e prisões, depois que me desfaço deste
veneno, quando resto vazio, minha mulher
vem até aqui com amor que estrangula.
Amor resplandecente, o nosso, que assume
a crueldade de um pássaro que picasse
seu grão, ternamente, na ferida de um braço
e mais a abrisse, que é como um pequeno pássaro
que cantasse perto, muito perto, demasiado perto
do ouvido, e que não se pudesse fazer calar,
embora te rompa o tímpano a golpes de doçura.
na áspera areia da praia, enquanto o mar,
ausente, em ondulações cinzentas nos espreita,
e apaga tudo, apaga tudo, apaga
tudo de mim, apaga tudo de mim,
apaga tudo de mim.
TEXTOS EN ESPAÑOL - TEXTOS EM PORTUGUÊS
POESÍA CONTEMPORÁNEA DE AMÉRICA LATINA. Org. Jorge Boccanera; Saúl Ibargoyen. México, DF: Editores Mexicanos Unidos, 1998. 260 p. Inclui poetas brasileiros.
Ex. bibl. Antonio Miranda, doação do livreiro José Jorge Leite de Brito.
L U Z
...acampadas en la célula
como em um tardo tiempo
de crepúsculo...
José Gorostiza
Ciego de nacimiento, me escandaliza
el tacto. Vivaldi en medio
de la bruma y la ciudad, bella
hasta su colmo, intolerable, extiende
dedos hacia el mar. El anciã de la vida
se estremece, el sol rebasa sus medidas
y entra durísimo, convicto,
entre las nubes: el más vago,
el más oscuro resplandor. Levantamos
la copa en el marde Vivaldi, en el mar
de Venecia. Suena un vaso de cristal
despedazado. El mar está borracho, devora
música y cuerpos, dentaduras,
hace suyo el invierno.
La luz queda enlodada en la zarza
y la niebla. Ciego de luz, observo sólo
esta nada, deshecha por los dedos
de la oscuridad y del llanto. En la noche
que se aclara distingo algo turbio.
El seno de la amada resplandece en el momento
en que penetro em la casa del poniente:
eres el mar, soy la soledad
que entre en tu corazón. Que ritmo
de blancuras se destruye cuando digo
violinos tensos. Sólo porque muero
puedo amarte. ¿]Nada hay más bello
que un homsbre agonizante?
El câncer de pupila,
la laringe infectada, la úlcera
en la luza, el moho en el bronce,
la suave tez dorada corrompida
me hacen amarte, hasta las heces
de mi mismo, mientras Vivaldi y el sol
atraviesan la bruma mientras la luz
se enfrenta al mar y logra
peces ciegos, enfermos necessários
enemigos, mientras la luz se enturbia
cada noche, mientras la noche
aclara sus sonidos en el sol.
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VEJA e LEIA outros poetas do MÉXICO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/mexico/mexico.html
Página publicada em fevereiro de 2022.
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Página publicada em janeiro de 2010 |