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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANA MARÍA RODAS


Ana María Rodas (Ciudad de Guatemala, 12 de septiembre de 1937 Poeta, narradora, periodista y crítica literaria guatemalteca.
Figura destacada del panorama literario centroamericano).

Su primer libro, Poemas de la izquierda erótica (1973), tanto por su temática como por la polémica levantada en el momento de su aparición, ha recibido bastante atención por parte de los medios y de la crítica especializada y se ha constituido en punto de referencia para el estudio de la literatura guatemalteca y centroamericana. Fue ministra de Cultura y Deportes de la Republica de Guatemala.

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  - TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

DE ACUERDO

De acuerdo,

soy arrebatada, celosa,

voluble

y llena de lujuria.

 

¿Qué esperaban?

 

Que tuviera ojos,

glándulas,

cerebro, treinta y tres años

y que actuara

como el ciprés de un cementerio?

 

La superviviente

 

Me habita un cementerio

me he ido haciendo vieja

aquí

al lado de mis muertos.

no necesito amigos

me da miedo querer porque he querido a muchos

y a todos los perdí en la guerra.

 

Me basta con mi pena.

Ella me ayuda a vivir estos amaneceres blancos

estas noches desiertas

esta cuenta incesante de las pérdidas.

 

 

Animal que despierta

 

Soy la gata que camina dentro de mí

              conmigo

las leves zarpas afelpadas

              He bajado por el río

conservando el gusto por la caza

los ambiguos maullidos

 

Cuando cierro los ojos atravieso los siglos

 

Las arenas le dieron el color

a esta piel suave que esconde

una flor mojada entre las fauces

el oro egipcio se ve reflejado en la pupila

              de esta gata

              que demasiadas veces

recuerda su verdadera condición de fiera

 

La Reina de Saba habría dado la mitad de sus tierras

por tener estas garras

 

 

 

 

XII FESTIVAL DE POESIA DE GRANADA, NICARAGUA, 2016.  14 al 20 de Febrero de 2016. Memoria poética. 105 poetas, 50 países.  Managua: 2017.  186 p.

 

 

LAVÉMONOS EL PELO

 

Lavémonos el pelo

y desnudemos el cuerpo.

 

Yo tengo y tú también

hermana

dos pechos y dos piernas y una vulva.

 

No somos criaturas

que subsisten con suspiros.

 

Ya no sonriamos

ya no más falsas vírgenes

 

Ni mártires que esperan en la cama

el salivazo ocasional del macho.

        

 

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http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/guatemala/index_guatemala.html

 

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

LAVEMOS NOSSO PELO

         Lavemos nosso pelo
         e desnudemos o corpo.

         Eu tenho e tu também
                  irmã
                   dois seios
         e duas pernas e uma vulva.

         Não somos criaturas
         que sobrevivem com suspiros.

                  Já não sorríamos
                  já não mais falsas virgens.

         Nem mártires que esperam na cama

 

 

Poemas extraídos de:
A POESIA SE ENCONTRA NA FLORESTA. I Encontro Amazônico de Poetas da América Latina.  Trad. Thiago de Mello.  Manaus: Editora Valer e Governo do Estado do Amazonas, 2001.   384 p.  

 

Assumamos a atitude de virgens

 

 

Assim

nos querem eles

 

Forniquemos mentalmente

suave, muito suave,

com a pele de algum fantasma

          e sorrir

          femininas

          inocentes
 e de noite, cravemos o punhal
e brinquemos no jardim
abandonemos isto
que tem fedor de morte.

 

 

De acordo

 

Sou arrebatada, ciumenta

volúvel

e cheia de luxúria.

 

O que esperavam?

Que tivesse olhos,

glândulas,

cérebro, trinta e três anos

e que atuara

como o cipreste de um cemitério?

 

 

Mulher o sono já vem

 

Aproveita este tempo
e esquece os que agora
se agitam, bebem
amam, fornicam.

 

Já chegou o sono, amiga,

acalma teu sangue

e te aferra ao momento

em que por fim começas um caminho.

 

Sem braços amantes, sem muletas,
recebe-o, não é mais do que o sonho,
                              e já é bastante.

 

 

A gramática mente

 

(como todo invento masculino)

Feminino não é género, é adjetivo

que significa inferior, inconsciente, utilizável,

acessível, fácil de manejar,

descartável. E sobretudo

violável. Isso primeiro, antes que qualquer

outra significação preconcebida.

 

 

 

Ditador

 

O que te pede hoje o corpo?
Uma vítima nova

          ou aquele velho trapo
com o qual sempre te limpas os pés
depois de andar no lodo?

 

Ditador, boas-noites,
que sonhes comigo

e amanhã despertes achando o leito vazio

          ou melhor ocupado
por qualquer desses hipopótamos
que fornicas com entusiasmo.

 

 

O mais perfeito amor

 

Poderia durar três anos
Te asseguro eu
que já assisti a vários enterros.
                    Mas está tudo bem
se ao menos escrevesse alguns poemas.

 

 

Eu sou cada minuto a habitação diferente


À qual podes chegar
e te sentar
para ler um livro ou tomar uma chávena de cha.

 

Mas eu, eu, eu,
me, mim, comigo, isso primeiro.
Depois podemos fornicar ou falar de poesia.

 

 

Página publicada em fevereiro de 2016; ampliada em março de 2017

 

 


 

 

 
 
 
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