POESIA ESPAÑOLA
Coordinación de AURORA CUEVAS
PEDRO SEVYLLA
Pedro Sevylla de Juana nasceu em Valdepero (Palencia), na Espanha, em Março de 1946. Desejoso de resolver as incógnitas da existência, começou a ler livros aos onze anos. Para explicar suas razões, aos doze se iniciou na escritura. Viveu em Palencia, Valhadolid, Barcelona e Madrid; passando temporadas em Genebra, Estoril, Tânger, Paris e Ámsterdan. Publicitário, conferencista, articulista, poeta, ensaísta e narrador; publicou dezassete livros. Reside em El Escorial, dedicado por inteiro a suas afeições mais arraigadas: viver, ler e escrever.
Página do autor: www.sevylla.com Contato: valdepero@hotmail.com
Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo
Jornal Ultima Hora (29.07.1959)
Muchacha de Sacramento MG Brasil
Poema Biográfico a Carolina Maria de Jesus
Poema de Pedro Sevylla de Juana
Dedicado a Renata Bomfim
Ignoro la mayor parte de tus cosas,
Casi todas las razones, pero sé
que amaneciste descalza en un bohío:
gritos de parto y voces de vecinas
salían por el negro agujero
del tubo renegrido,
negro,
con el humo del fuego que cocía
las raíces
y ese jugo
que iban a alimentar tu osadía.
Lloraste al fin,
amanecía,
lloraste el primero de tus llantos
eras niña
y te iban a llamar
Bitita.
Luego te pensé menina
y eras menina sin armario
de ropita
sin ajuar azul o rosa
sin zapatitos de hebilla,
sin futuro de mañana por la tarde
ni del otro día.
Niña sin amparo
ni caricias.
Entretenías tu tiempo
con juguetes que hacías
de la nada y al momento
a tu capricho y medida.
Sobre el planeta Tierra
iba tu niñez descalza
alimentándose de jugo de raíces,
de frutos y de flores
de hojas y de ramas
de jugo de intenciones.
Independencia,
orgullo
coraje
paciencia
e impaciencia:
escalón a escalón tu Torre de Babel
se alzaba día a día
con tu deseo de alcanzar las estrellas
acariciarlas una a una
y vivir constantemente en ellas.
Aprendiste a leer, a escribir
a buscar entre cartones y chatarra
aprendiste a distinguir
y fuiste haciéndote de música y colores
de llanto interno
y esperanza;
mujer que pensaba y veía al mismo tiempo
que sentía, razonaba y escribía;
y eran relatos de vida y abandono
de recelo y huida
de aliento y fuego
los que de esos ojos salían
de esa mente productora de ideas
de esa mirada profunda de las cosas,
con un temor sincero
a las personas oscuras que escondían
sus negras intenciones en el gran agujero.
Te uniste al macho cada vez
que la alarma y el deseo te empujaban,
naciéndote tres hijos
que tuvieron la suerte
propicia y próspera
de tener en la barraca
una madre generosa.
Hormiga
sola,
llevabas
el grano
de alimento
al cercano
hormiguero.
Todo el año
invierno,
invierno.
Esta noche te pensé, y siendo negra
del todo, toda negra,
te pensé mestiza del sol y de la luna
con lo mejor de cada raza
indígena, africana y europea
acunada por el viento y por la lluvia
de las cuatro estaciones
que son una en esa tierra equinoccial
efervescente de luz y religiones.
Humanidad tú
acurrucada en cuclillas a la espera,
salió tu libro de ese Quarto de Despejo,
voló alto y lejos, paloma mensajera,
llovió el dinero en diluvio universal
y te tocó en el reparto una parte pequeña.
Llegaste a lo alto de la Torre
cuando tus escritos iban inundando el Planeta
muchacha de sacramento
mujer de favela.
Al recibir su visita lo supiste:
Fortuna para poco tiempo en la casa del pobre.
La Torre se hizo más Babel si cabe
las lenguas distintas no fueron miscibles
y se confundieron confundiéndote.
Envejeciste hasta sentir el mal
recordando a aquellas que huían
y a las que necesitaban, para sentirse bien,
escuchar los versos que escribías.
Una noche oscura te soñaste muerta
en el interior cerrado del cajón,
en las manos, libros en lugar de flores;
fue un sueño de graves consecuencias
porque ya no despertaron las vidas,
que en este mundo roto, viviste a tu manera.
PSdeJ El Escorial, 20 de mayo de 2017
TEXTOS EN PORTUGUÊS
Traduções do Autor
Da igualdade entre os homens
Pedro Sevylla de Juana
Nos remotos tempos, o Deus das Colheitas,
quando ainda não existia a espécie humana,
de cada região desabitada da Terra
recolheu o grão cereal que cultivava.
Somou arroz, trigo e aveia,
milho e sorgo uniu ao centeio,
sementes de todas procedências,
levou ao moinho mais de cento;
farinha tamisada em uniforme mescla,
amassada e submetida a vivo fogo,
até torrar bem a camada externa.
Do resultante pão recém cozido,
um pedaço retornou a cada comarca,
do qual provém o homem primitivo:
igual composição, distinta estampa.
Seja face o homem ou seja costas,
rígida crosta ou suave miga,
a cor é o único que troca,
a substância humana não varia.
*
O homem e a fome
Fome,
fome,
fome;
duas sílabas apenas
e rompem o fluir do homem.
Agente ou paciente
aprofundam a cisão do homem
apagam os caminhos do homem
dessangram o coração do homem
afogam o respiro do homem.
Tão só duas sílabas e desdizem
diminuem
invalidam
desautorizam, rejeitam
anulam
negam ao homem.
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Carolina Maria de Jesus autografando seu livro "Quarto de Despejo" (1960)
Rapariga de Sacramento MG Brasil
(Poema e tradução Pedro Sevylla de Juana)
Dedicado a Renata Bomfim
Ignoro a maior parte das coisas tuas,
quase todas as razões, mas sê
que numa palhota amanheceste descalça:
gritos de parto e vozes de vizinhas
saíam pelo negro buraco
do cano enegrecido,
negro,
com a fumaça do fogo que fervia
as raízes
e esse suco
que iam alimentar tua ousadia.
Choraste ao fim,
amanhecia,
choraste o primeiro de teus prantos
eras menina
e iam te chamar
Bitita.
Depois te pensei menina
e eras menina sem armário
de roupinha
sem enxoval azul ou rosa
sem sapatinhos de fivela linda,
sem futuro de manhã pela tarde
nem do outro dia.
Menina sem amparo
nem caricias.
entretinhas teu tempo
com brinquedos que fazias
da nada e ao momento
a teu capricho e medida.
Sobre o planeta Terra
ia descalça tua puerícia
se alimentando de suco de raízes,
de frutos e de flores
de folhas da rama
de suco de intenções.
Independência,
orgulho
coragem
paciência
e impaciência:
pouco a pouco tua Torre de Babel
se alçava na sucessão dos dias
com o teu desejo de atingir as estrelas
acariciá-las uma a uma
e viver sempre nelas.
Aprendeste a ler, a escrever,
e procurando entre sucata e papelões,
aprendeste a distinguir
e foste te fazendo de música e cores
de pranto interno
e esperança;
mulher que pensava e via ao mesmo tempo
que sentia, elucubrava e escrevia;
e eram relatos de vida e abandono
de receio e fugida
de alento e fogo
os que desses olhos saíam
dessa mente produtora de ideias
dessa mirada profunda posta nas coisas,
com um temor sincero
às pessoas escuras que escondiam
suas negras intenções no grande buraco preto.
Te uniste ao macho a cada vez
que o alarme e o desejo empurravam,
te nascendo três filhos
que tiveram a sorte
propícia e próspera
de ter no barraco
uma mãe generosa.
Formiga
sozinha,
levavas
o grão
de alimento
ao imediato
formigueiro.
Todo o ano
inverno,
inverno.
Esta noite te pensei, e sendo negra
do tudo, toda negra,
te pensei mestiça do sol e da lua
com o melhor de cada raça
indígena, africana e europeia
ninada pelo vento e pela chuva
das quatro estações
que são só uma nessa terra equinocial
efervescente de luz e religiões.
Humanidade tu
encolhida em cócoras à espera,
saiu teu livro desse Quarto de Despejo,
voou alto e longe, pomba mensageira,
choveu o dinheiro em diluvio universal
e te tocou na partilha uma parte pequena.
Chegaste ao alto da Torre
quando teus escritos iam inundando o Planeta
rapariga de sacramento
mulher de favela.
Ao receber sua visita o soubeste:
Fortuna fica pouco tempo na casa do pobre.
A Torre se fez mais Babel ainda
as línguas diferentes não foram miscíveis
e se confundiram te confundindo.
Envelheceste até sentir o mau
recordando àquelas que fugiam
e às que precisavam, para se sentir bem,
escutar os versos que escrevias.
Uma noite escura te sonhaste morta,
no interior fechado do caixão,
nas mãos, livros em vez de flores;
foi um sonho de graves consequências
porque já não despertaram as vidas
que neste mundo rompido, viveste à tua maneira.
PSdeJ El Escorial, a 20 de mayo de 2017
Página publicada em fevereiro de 2009. Página ampliada em junho de 2017
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