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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

VIRGILIO PIÑERA
(1912-1979)

 

Autor de renome continental, mais conhecido como dramaturgo e narrador do que como poeta, a obra de Piñera se caracteriza pelo absurdo, pela descontração e pela expressão conversacional *. Na década de 1940, integrou-se ao grupo de Orígenes, tomando-se uma espécie de franco-atirador das posições existencialistas, e produzindo, já em Las furias (1941), uma poesia impregnada de originalidade. Radicou-se na Argentina, até época próxima ao triunfo da Revolução. De regresso a Cuba, Piñera publicou La vida entera (1969), que reúne o essencial da sua criação lírica. Postumamente, apareceu Una broma colosal (1988). Alguns de seus poemas publicados de maneira dispersa, e outros poemas inéditos aguardam compilação em livro. Para a geração dos poetas coloquialistas, "Vida de Flora" representa a culminação dos dotes criativos do autor. Nesse poema, Virgilio coloca no papel de heroína uma passadeira**, cantada não pelos seus olhos nem pelos seus lábios de mulata tropical, mas sim pelos seus pés grandes, já que Piñera gos­tava de ressaltar a enormidade em tudo.

 

N. do T: Conversacional": ainda que esta palavra não esteja dicionarlzada em português nem em espanhol. resolvemos conserva-la por tratar-se de expressão específica de termlnologia literária de Cuba.

N. do T.: "Passadeira" - mulher que passa roupa a ferro.

Virgilio López Lemus

 

 

TEXTOS EM ESPAÑOL  / TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

VIDA DE FLORA

 

Tú tenías grandes pies y un tacón jorobado.

Ponte la flor. Espérame, que vamos juntos de viaje.

 

Tú tenías grandes pies. iQué tristeza en el aire!

¿Quién se mordía la cola? ¿Quién cantaba ese aire?

 

Tú tenías grandes pies, mi amiga en seco parada.

Una gran luz te brotaba. De los pies, digo, te brotaba,

y sin que nadie lo supiera te fue sorbiendo la nada.

 

Un gran ruido se sentía en tu cuarto. ¿A Flora qué le pasa?

Nada, que sus grandes pies ocupan todo el espacio.

Sí, tú tenías, tenías la imponderable amargura de un zapato.

 

lbas y venías entre dos calientes planchas:

Flora, mucho cuidado, que tus pies son muy grandes,

y la peletería te contrata para exhibir sus hormas gigantes.

 

Flora, cuantas veces recorrías el barrio

pidiendo un poco de aceite y el brillo de la luna te encantaba.

 

De pronto subían tus dos monstruos a la cama)

tus monstruos horrorizados por una cucaracha.

 

Flora, tus medias rojas cuelgan como lenguas de ahorcados.

¿En qué pies poner estas huérfanas? ¿Adónde tus últimos zapatos?

 

Oye, Flora: tus pies no caben en el río que te ha de conducir a la nada,

al país en que no hay grandes pies ni pequeñas manos ni abarcados.

Tú querías que tocaran el tambor para que las aves bajaran,

las aves cantando entre tus dedos mientras el tambor repicaba.

 

Un aire feroz ondulando por la rigidez de tus plantas,

todo eso que tú pensabas cuando la plancha te doblegaba.

 

Flora, te voy a acompañar hasta tu última morada.

Tú tenías grandes pies y un tacón jorobado.  

 

1944 (De: La vida enteraJ 1969)  

 

UN DUQUE DE ALBA

 

A Lezama

 

Por más de veinte años

un duque de Alba

permaneció echado en su cama.

Entre la mugre de sus detritus

y la lepra de un amor desdichado,

veía salir el sol y ponerse,

veía, como una tumba más, la noche.

El aire mefítico que respiraba

mezclado venía con la fragancia

de los azahares de su amada.

 

A este duque de Alba, tan feliz,

lo envidiamos noblemente,

nosotros, en edad asolada

por la tecnocracia y la desconfianza.

Este duque de Alba tenía un solo

pensamiento, una idea, pero suya.

Lo iba gastando,

y al mismo tiempo enriquecía.

Pero nosotros, en varias camas,

con mugres y millones de lepras,

entre planes y simulaciones,

ya no sufrimos nada.

Nos permiten tomar pastillas,

y callar.  

 

1972. (De: Una broma colosal, 1988)

 

Extraídos de VINTE POETAS CUBANOS DO SÉCULO XX; seleção, prefácio e notas de Virgilio López Lemus. Trad. Alai Garcia Diniz, Luizete Guimarães Barros.  Florianópolis:Editora de UFSC, 1995. 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Traduções de

Alai Garcia Diniz e Luizete Guimarães Barros 

 

 

VIDA DE FLORA

 

Você tinha pés tão grandes e o salto quebrado.

Põe esta flor. Me espera que vamos viajar juntos.

 

Você tinha pés tão grandes. Que tristeza no ar!

Quem tinha dor de cotovelo? Quem se punha a cantar?

 

Você tinha pés tão grandes, de repente minha amiga parada.

Uma grande luz te brotava. Acho que dos pés te brotava,

e sem que ninguém percebesse, foi te sorvendo o nada.

 

Um grande ruído se sentia em seu quarto. Com Flora, o que passa?

Nada, é que seus pés grandes ocupam todo o espaço.

Você tinha, tinha sim, a imponderável amargura de um sapato.

 

Você ia e vinha entre duas pranchas quentes:

Flora, muito cuidado, que seus pés são muito grandes,

e a sapataria acaba te contratando para exibir suas fôrmas gigantes.

 

Flora, quantas vezes você percorria o bairro

pedindo um pouco de óleo e o brilho da lua te encantava.

 

De repente subiam seus dois monstros à cama,

seus monstros apavorados com uma barata.

 

Flora, suas meias vermelhas caem como língua de enforcado.

Em que pés calçar essas órfãs? Onde estão seus últimos sapatos?

 

Olha, Flora: seus pés não cabem no rio que há de te conduzir ao nada,

ao país em que não há pé grande nem mão pequena nem enforcados.

Você queria que tocassem o tambor para que as aves descessem,

as aves cantando entre seus dedos enquanto o tambor repicava.

 

Um ar feroz ondulando pela rigidez de suas plantas,

tudo isso que você pensava quando a prancha te dobrava.

 

Flora, vou te acompanhar até a sua última morada.

Você tinha pés tão grandes e o salto quebrado.  

 

1944. (De: La vida entera, 1969)  

 

UM DUQUE DE ALBA

 

A Lezama

 

Por mais de vinte anos

um duque de Alba

permaneceu deitado em sua cama.

Entre a imundície de seus detritos

e a lepra de um amor desgraçado,

via o sol sair e se pôr,

via, como uma tumba a mais, a noite.

O ar fétido que respirava

vinha misturado com a fragrância

da flor de cidra de sua amada.

 

Nobremente invejamos

este duque de Alba, tão feliz,

nós, em idade assolada

pela tecnocracia e pela desconfiança.

Este duque de Alba tinha um só

pensamento, uma idéia, mas era sua.

Ele ia dissipando o pensamento,

e ao mesmo tempo enriquecia.

Mas nós, em várias camas,

com imundície e milhões de lepras,

entre planos e simulações,

já não sofremos nada.

O que nos permitem é tomar comprimidos

e calar.

 

 

1972 (De: Una broma colosal, 1988)  

Extraídos de VINTE POETAS CUBANOS DO SÉCULO XX; seleção, prefácio e notas de Virgilio López Lemus. Trad. Alai Garcia Diniz, Luizete Guimarães Barros.  Florianópolis:Editora de UFSC, 1995.



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