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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

TELMO PADILHA

(1930-1997)

 

nasceu em Itabuna, a 5 de maio de 1930. Foi jornalista e Membro da Academia de Letras de Ilhéus, por indicação de Adonias Filho. Publicou os seguintes livros: "Girassol do Espanto"(1956); "Ementário"(1974); "Onde tombam os pássaros"(1974); "Pássaro da Noite" (1977); "Canto Rouco"(1977); "O Rio"(1977); "Vôo Absoluto" (1977); "Poesia Encontrada"(1978); "Travessia"(1979); "Punhal no Escuro"(1980) e "Noite contra Noite" (1980), todos no melhor gênero da poesia. Muitas obras de sua autoria foram traduzidas para o italiano, o espanhol, o inglês, o francês, o alemão e o japonês.

      Destacou-se como poeta no cenário nacional e foi agraciado com muitos prêmios como "Melhores Livros", da Câmara municipal de Itabuna (1956); "1º Concurso de Poesia - A Tarde"; "Prêmio Nacional de Poesia do Instituto Nacional do Livro" (1975); Prêmio do Concurso Internacional de Poesia San Rocco, Itália (1976); 1º Prêmio do Concurso de Poesia Firmino Rocha, da Prefeitura Municipal de Itabuna (1981); e Prêmio Sosígenes Costa da Prefeitura Municipal de Ilhéus (1981).

      Poeta de reflexões existenciais, que constantemente indaga-se, questiona-se, numa linguagem repleta de sutilezas líricas. Inquieto, reafirma uma poética cuja temática indaga de forma intimista o viver, o morrer, a infância, a solidão e, ainda, sua relação com a realidade da sua terra, da cultura do cacau e do tempo que estabelece esta história que se escoa pelas frestas cotidianas. Sua poesia reside numa lírica lucidez, num abismo interior, entre a febre e insônia, expressa num processo criativo maduro e num estilo impecável.

      Telmo Padilha faleceu no dia 16 de julhoTelmo Padilha nasceu em Itabuna, a 5 de maio de 1930. Foi jornalista e Membro da Academia de Letras de Ilhéus, por indicação de Adonias Filho. Publicou os seguintes livros: "Girassol do Espanto"(1956); "Ementário"(1974); "Onde tombam os pássaros"(1974); "Pássaro da Noite" (1977); "Canto Rouco"(1977); "O Rio"(1977); "Vôo Absoluto" (1977); "Poesia Encontrada"(1978); "Travessia"(1979); "Punhal no Escuro"(1980) e "Noite contra Noite" (1980), todos no melhor gênero da poesia. Muitas obras de sua autoria foram traduzidas para o italiano, o espanhol, o inglês, o francês, o alemão e o japonês.      Fonte:
http://www.itabuna-ba.com.br/telmo.htm  

O jornal ITABUNA – no seu Portal da Capital do Cacau prestou uma homenagem ao poeta e publicou o poema em homenagem à cidade, que reproduzimos a seguir:
 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EN ESPAÑOL

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   -   TEXTS IN ENGLISH

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTOS EM FRANCÊS (FRANÇAIS)

TEXTOS EM ALEMÃO (GERMAN)




ITABUNA


Se não há montanhas,
como escalá-las?
Se não há florestas,
Com embrenhar-me
em sombras
que não estas?
Se não há o mar,
como falar de águas
e horizontes?

Sou o cantor
desta planície
e me abismo
em mim,
e desço aos outros
de mim,
e sofro os outros
de mim.

 

Seleção de Walmir Ayala

Poemas publicados originalmente na

REVISTA DE CULTURA BRASILEÑA

Junio 1975 N. 39

 

                        INFÂNCIA

                               fartura. Nem tanto

mais que uma fazenda

com seus pastos, seus animais,

o engenho antigo, o rio

correndo entre pedras,

tímido sob as grandes

árvores,

água.

A noite desenhava

úmidas assombrações.

O vento no rosto

do menino cavalgava

mais que seu cavalo.

A vida tinha seu cheiro

de eternidade, exato

e puro.

A morte era um fato

natural, quase geométrico

na ignorância da tarde.

 

RIMA

 

A palavra amor

já não rima com flor:

outra é sua correspondente

na escala do som,

na escala do ritmo.

Pode-se combiná-la

com calor, noutro plano;

ou com identidade,

aquela que mente

à outra verdade.

Com cal e giz

a escrevemos

no poema

antes que apague.

 

 

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TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

RIMA

 

La palabra amor

ya no rima con flor:

es otra su correspondiente

en la escala del son,

en la escala del ritimo

puede combinarse

con calor, en otro sentido;

o con identidad,

aquella que miente

la otra verdad.

Con cal y tiza

la escribimos

en el poema

antes de que se apague.

 

 

INFANCIA

 

Hartura. No mas

que una hacienda

con sus pastos, sus animales,

la antigua factoría, el rio

corriendo entre las piedras,

tímido bajo los grandes

árboles,

agua.

La noche dibujaba

asombraciones húmedas.

El viento en el rostro

Del niño cabalgaba

más aún que su caballo.

La vida tênia olor

de eternidad, exacto

y puro.

La muerte era um hecho

natural, casi geométrico,

en la ignorância de la tarde.

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   -   TEXTS IN ENGLISH

 

PADILHA, TelmoBirds/Night – poems.  A bilingual edition. Translated from the Portuguese by Fernando Camacho.  Londo: Rex Collings; Rio de Janeiro: Sel Editora, 1976.  61 p.  13,5x21 cm.   “ Telmo Padilha “ Ex. Bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Lição

 

Com as fábricas aprendo

sábia lição: que ferros

se ajustam sem erros

nos erros da mão.

 

Com as fábricas aprendo

madura lição:

 

que se funda a arquitetura

na arquitetura da mão.

 

Com as fábricas aprendo

prosaica lição: que a mão

é firme se não treme

a dúvida da outra mão.

 

Lesson

 

From the factories I learn

a wise lesson: that peices of iron

are adjusted to one another without error

by erring hands.

 

From the factories I learn

a mature lesson:

 

that architecture is based

upon the architecture of the hands.

 

From the factories I learn

a prosaic lesson: that the hand

is steady while doubt does not

shake the other hand.

 

Noites

 

Noites há, como esta

sublevada: mais que mar

proceloso, mais que vento,

E vem—cinza e treva—de dentro.

 

Noites há, como esta

impressentida: altas ondas,

afundados barcos, patinantes

ilhas de tédio: chuva e medo.

 

Noites há, como esta

insuspeitada: treva e nada,

trementes nervos açoitados,

e este fugir de quem não escapa.

 

 

Nights

 

There are nights, like this

agitated: more than the storm, more than the sea

more than the gale.

And it comes — grey and dark — from within.

 

There are nights, like this

unnoticed: high waves,

sunken ships, skating

islands of boredom: rain and fear.

 

There are nights, like this,

unsuspected: darkness and nothing,

the flogging of trembling nerves,

and this flight of someone who cannot escape.

 

 

 

As fundações

 

Te construo

a partir da escura

matéria de punhais

altissonando palavras

em gases revestidas.

São dores gerais

esses particulares ais.

Fragilidade e grito

não impedem a infinito.

Comungo a total

no totalizante geral.

A tensão conclama

tua voz que me chama.

 

 

The foundations

 

I construct you

from the dark matter of daggers

enlarging the sound of words

clothed in veils.

They are universal pains

those individual crimes.

My fragility and my screaming

do not hold back the infinite.

I shave the whole
with the infinite generality.

And your voice comes to me

through that converging tension.

 

 

Linguagem

 

Não me peças mais que este

dizer que não diz,

senão em rota indireta.

Que as palavras são armaduras

do dizer que mais diz.

Atrás dela é mais clara

a chama que mais brasa

queima porque não diz.

 

 

Language

 

Don't ask me for more than

this saying which says nothing

except by an indirect route.

Because words are armour duty

saying more than they say.

Through it, the flame is dearer

which burns more.

                    And burns because it doesn't show.

 

 

Os dias

 

Caminho

em tudo carne,

carne prisão cela

e o navio que não parte.

 

Os deveres, sim os deveres!

Salas, papéis, os poemas

dominicais. Chora o pássaro.

 

Os arcabouços, viseiras sempre

por tirar.

 

Passageiro de outro expresso,

o que não parte.

 

Voltar não é retornar

ao mesmo lugar.

 

 

The days

 

A trail

in everything made of flesh,

flesh, prison, cell

and a ship which never leaves port.

 

The duties, yes the duties!

Rooms, pieces of paper, and the Sunday

poems. The bird shrieks out.

 

The skeletons, and the disguises always

to shed off.

 

Passenger of the other train,

the one that doesn't leave.

 

To return is not to go back

to the same place.

 

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTOS EM FRANCÊS (FRANÇAIS)

 

PADILHA, Telmo.  Esquisses.   Traduit du brésilien par Emanuel von Lauenstein Massarani.  Illustrations originales de Patrick Goettelen. Couverture de Alceu Polvora.   Genève, Suisse:  Éditions Roulet, 1975   36 p.  10,5x15 cm.  Edição: 600 exs. Numerados.   Ex. n. 576 bibl. part. De Antonio Miranda.


 

I

Em cada lugar deixei
um pouco do que fui
daquele que não serei.
Como juntar essas coisas
que outros nomes se dão
na palma de uma só mão.
Se são vastos estuários
e esses rios agrários
desembocam no coração.
Se são rostos, contrações,
esgares, risos, apelos,
lágrimas, incomunhões.
Se a poeira cobriu tudo
nas dobras do coração ?

 

 

I

 

J'ai laissé en chaque lieu

un peu de ce que j'ai été

et de ce que je ne serai.

Comment tenir ces choses

auxquelles on donne d'autres noms

dans la paume d'une seule main.

Si ce sont de vastes estuaires

et ces fleuves fertilisants

qui débouchent dans le cœur ?

Si ce sont visages, contractions,

grimaces, rires, appels,

larmes, choses non communiquées ?

Si la poussière recouvre tout

dans les replis du cœur ?

 

 

 

IV

 

Onde as varizes
destas árvores tão antigas?

 

         Que morte as faz assim preclaras
         coisas no ar parado
         varando o ar gelado?

 

         Quem as ancorou
         na noite deste lado
         para que a morte não as apague?

 

 

         IV

 

 

Où sont les veines

de ces arbres si vieux ?

Quelle mort ne les broie, gelés et flagellés ?

Qui en fait ainsi choses illustres dans l'air en suspens coupant l'air gelé ?

Qui les a ancrés

dans la nuit, de ce côté

pour que la nuit ne les effacent ?

 

 

TEXTOS EM ALEMÃO (GERMAN)

 

PADILHA, Telmo.  Wo die vögel hinfallen.  Vom Brasiliannischen übersetzst,  Originale Federzeichbungen Alceu Polvora.  Lausanne, Suisse: Éditions de La Tour SA, 1976. 63 p.           ilus.  Tiragem 500 3xs. Ex. n. 252 na bibl. part. Antonio Miranda.

   

 

 

An den Zweigen welken

wie verachtete Frauen

die Früchte. Von Begierde brennend

während machtlos

Tage und Nächte

ihnen zu Füssen gleiten

wie eine Uhr unerbittlich.

Die Reife

mehrt ihr Leid

im Bangen um den Frühling

der fortgleitet

unter ihren Füssen.

Bei seiner Rückkehr

knistert das Feuer

nicht wie die Erde

unter den Bäumen,

warm und tief,

das Geheimnis

des Keimens hütend.

 

 

AM BODEN

 

Niemand sah den Körper fallen

wie einen Baum, von der Axt getroffen.

Niemand hat die unsagbare Freude gesehn

die sein Gesicht ausstrahlte, noch das Lächeln

das seinen Mund umspielte, als er

an den Boden gedrückt

den Pulsschlag des Todes im Herzen hörte.

Niemand sah seine Hände — lose und ruhig —

die Erde betasten, ohne Aufruhr,

nur in Gewissheit.

An den Boden geschmiegt hat er gewartet
bis die Nacht ihn in Schatten hüllend

mit sich fortnahm.

 

 

 

Página ampliada e republicada em janeiro de 2017


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