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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Foto de Mario Rui Feliciani

 

ROBERTO PIVA

 
(1937-2010)


Nasceu em São Paulo em 1937. Poeta, autor de livros como Paranóia (1936), 20 poemas com brócoli (1981) e Ciclones (1997).

 

Roberto Piva é um dos maiores nomes da poesia contemporânea no Brasil. Já tentei contato com ele desde a remota Brasília mas não foi possível... O Cláudio Willer garante que ele não freqüenta a web nem é usuário corrente de e-maiils. Melhor para ele que reserva seu tempo para suas alucinações poéticas. A blogosfera é uma prática sadomasoquista que contaminou toda uma geração e subjugou cérebros e comportamentos. Mas quero homenageá-lo e expô-lo sobremaneira para os nossos colegas hispânicos, para que o conheçam e o reverenciem como nós. Os poemas a seguir me foram cedidos pelo nosso querido amigo José Angel Leyva, diretor de ALFORJA – revista de poesia que ele edita em Ciudad de México. Os textos foram originalmente selecionados e enviados por Floriano Martins e saíram no número XIX de 2001, mas não estão disponíveis na web. Quem quiser ler – e deve!!! – os poemas de Roberto Piva em português que vá diretamente à fonte: http://www.roberto_piva.blogger.com.br/   

ANTONIO MIRANDA, julho 2007

  Roberto Piva faleceu no dia 3 de julho de 2010, em São Paulo.

 

 

"O fazer poético pelo corpo e pela cama." ROBERTO PIVA

 

"Provido de uma tal concepção dinâmica da Realidade Poética & da "alucinação das palavras" em termos de Rimbaud, eu atingi  a Poesia visando coroar de Amores em primeiro lugar a Existência. Contra a inibição de consciência da Poesia Oficial Brasileira a serviço do instinto de morte (repressão), minha poesia sempre consistiu num verdadeiro ATO SEXUAL, isto é, uma AGRESSÃO cujo propósito é a mais íntima das uniões.  Acho interessante, neste momento, para melhor configurar o problema da Criação Poética, destacar uma linhas de El arco y la lira de Octavio Paz: "Um estilo artístico é algo vivo, uma contínua invenção dentro de certa direção. Nunca imposta de fora, nascida do impulso criador & das tendências profundas da sociedade, essa direção é até certo ponto imprevisível, como o é o crescimento de ramos de uma árvore. Em troca, o estilo oficial é a negação da espontaneidade criadora (...)"  ROBERTO PIVA

"E também não deve ser negligenciado o fato de que, para Piva, a relação fluída entre a vida e a literatura sempre foi um princípio. Chegou a criar alguns slogans provocadores para expressar sua visão sobre o assunto. "Dante deve ser relido em uma sauna cercado por adolescentes", dispara em um depoimento de 1982. Outro slogan, citado em sua Autobiografia, e que apareceu em diversas entrevistas suas: "Não acredito em poeta experimental que não tenha vida experimental".  DANILO MONTEIRO

 

 

Leia também: ROBERTO PIVA: POESIA E CRIME OU BLASFÊMIAS ERÓTICAS HERÓICAS & ASSASSINAS
– ensaio de Ricardo Mendes Mattos

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  /   TEXTOS EN ESPAÑOL

 

PARANÓIA

De

Roberto Piva
PARANÓIA
Fotografado e desenhado por
Wesley Duke Lee
São Paulo: Editora Massao Ohno, 1963
Segunda edição:

São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2000
152 p. ilus. Fotos   11 x 23
ISBN85-86787-03-1


Os anjos de Sodoma

 

Eu vi os anjos de Sodoma escalando

         um monte até o céu

E suas asas destruídas pelo fogo

         abanavam o ar da tarde

Eu vi os anjos de Sodoma semeando

prodígios para a criação não

perder seu ritmo de harpas

Eu vi os anjos de Sodoma lambendo

         as feridas dos que morreram sem

         alarde, dos suplicantes, dos suicidas

         e dos jovens mortos Eu vi os anjos de Sodoma crescendo

         com o fogo e de suas bocas saltavam

         medusas cegas

Eu vi os anjos de Sodoma desgrenhados e

         violentos aniquilando os mercadores,

         roubando o sono das virgens,

         criando palavras turbulentas

Eu vi os anjos de Sodoma inventando a

loucura e o arrependimento de Deus

 

 

De
Roberto Piva

  abra os olhos & diga ah. 
 
São Paulo: Massao Ohno,1976.  s.p. ilus. p&b   17 x 18 cm 
Arte/ Tide Helmeister          - foto /  André Boccato  
diagramação de montagem: Mazé Marcondes

  

 

eu sou o jet-set do amor maldito

DENTRO DA NOITE & SUAS CÓLICAS ILUMINADAS

os papagaios da morte com Aristóteles na proa do trovão

DISPOSIÇÃO DE IR A DERIVA NOS DADOS DO AMOR

espinafre pela manhã & queijo em pasta

almas-esportivas com flores entre os dentes

minha laranja se abrindo como uma porta

TUA VOZ Ê ETERNA eu vejo a mão cinzenta rasgar

a parede do mundo

ESTAMOS DEFINITIVAMENTE NA VIDA

 

 

TRANSFORMANDO O HORIZONTE

                o espaço
                    em
                        teu braço
                abre o passo
                        corta o traço
                no canto da boca
                    olho & escuto
                      teu soluço
                        encantado
                molhando
                    os cabelos
                       te espero na garoa
                          da praça

 

 

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Roberto Piva
Ciclones
São Paulo: Nankin, Editoraial, 1997. 
125 p.  (Col. Janela do Caos: Poesia Brasileira)

 

Artaud
Crevel
Blake
& a Signatura Rerum
no signo do poeta
luz caminhando sobre
o luar
transfusão de imagens
se convertendo em flor
& numa dor estranha


****

... este paraíso é de víboras azuis.
         Herberto Helder

Este paraíso é assim:
repleto de raças respiratórias.
Nuvens, periquitos, uvas negras
à beira do deboche.

Este paraíso é assim:
relâmpagos & doces de leite,
punhal escapando da bainha
de vértebras.
Menino-acauã dançando
ao sol estrangeiro.

Este paraíso é assim:
folhas mamona, submarinos
viajando no próprio sangue.
Leveza. Flores frenéticas.
Batuques sussurrando: também eu
atravessei o inferno.

 

 

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ROBERTO PIVA

 

 

Roberto Piva nació en São Paulo en 1937.  «Figura polémica y marginada por la crítica brasileña, se tornó conocido en los años 60 por una postura de poeta rebelde en la línea de la geración beat, cuyos reflejos se hacen sentir en una poesía surrealista, de cuño erótico. Erudito, estudioso de la fauna y la flora brasileñas e iniciado en el chamanismo, extrae de estas vertientes su inspiración poética.», señala, según se cita en Ciclones, el Larousse Cultural Brasil/Temático, Enciclopédia Compacta (Nova Cultural, 1995). Publicó los libros Paranóia (1963), Piazzas (1964; 1980), Abra os olhos & diga ah! (1975), Coxas (1979), 20 poemas com brócoli (1981), Quizumba (1983), Antologia Poética (1985) y Ciclones (1997).

 

 

[Traducciones de Carlos Riccardo.]

Extraídas da revista TSÉ=TSÉ N. 7/8, otoño 2000.

 

 

 

 

o arco-íris

é o colar do feiticeiro

que apaga o dia

com a mão direita

& inaugura a noite

com a mão esquerda

 

 

 

 

el arco-iris

es el collar del hechicer

que apaga el día

con la mano derecha

& inaugura la noche

con la mano izquierda

 

 

 

REVELAÇÕES

 

                                      para Jacques Vallée

 

frio nas fronteiras de topázio

abandonei-me ao mês do Deus do vento

floresce no meu corpo um ponto secreto

entre os cometas vivos do êxtase

 

 

 

 

REVELACIONES

 

frio en las fronteras de topacio

me abandonaré en el mês del Dios del viento

florece en mi cuerpo un punto secreto

entre los cometa vivosdel éxtasis

 

 

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TEXTOS EM ESPAÑOL

Traducciones de Saul Ibargoyen

 

 

Homenaje al marqués de Sade

 

El marqués de Sade va serpenteando menstruado por máquinas & otras vísceras emperador sobrehumano pedaleando a la Osa Mayor en el tórax del Océano

donde el cocodrilo tuerce el pescuezo & despierta a la flor loca cruzando la mente

en un suspiro

es aéreo el intestino acústico donde él se acuesta con el vasto pez de la tristeza violentando los muros de sacarina

él se arrodilla en la losa color del Tiempo con el grito de las Minervas en sus ojos el gran culo de fuegos de artificio hincha este espejo de adolescentes con una duna en cada mano

las heridas vegetales liberan los roquedales de carne hacinados en la Catástrofe

un niño que pasaba oprimió el dorso desgreñado de la madre aullando en la ventana

la fragata engrasada en los caminos de las cejas calcina el látigo de aire del marqués de Sade en la boca de las chimeneas

le falta al mundo una partitura ardiente como el himen de las pesadillas

los edificios crecen para que yo pueda practicar el amor en el pavimento

el marqués de Sade puso fuego a los huesos de los pianistas que se rajaban como

         papas

él avanza con tijeras afiladas tomando las nubes por asalto

él sopla un planeador en dirección de un cuervo agonizante

él me desgarra & me protege contra el sordo siglo de caídas abstractas.

 

 

Manifiesto de la selva más próxima

 

Abolição de toda convicção que dure

mais que um estado de espírito.

ÁLVARO DE CAMPOS

 

Para Henri Michaux, in memoriam

 

 

Los productos químicos, la industria farmacéutica & las miasmas roerán tus huesos hasta la médula / cadáver rico en vitaminas / remolinos en el río de la industria / burócratas ideológicos muriendo de reír / marxistas que después que les arrancaran la próstata tomaron el poder / vastos desiertos en el Cerebro / políticos estadísticas cáncer en el rostro vacío de las avenidas de la Noche / Mujeres agarrando niños salvajes para meterlos en el Buen Camino / silbidos & hambre del verdadero carajo humeante / Robert Graves, Brillat-Savarin & el refrán de mis deseos / Hechicería Ecológica en el Liquificador Minotauro / hortalizas incineradas por el mercurio / botinadas de Ia KGB & canciones. punzantes / Tiempo en el hueso / Televisión/ Centauro en la ruta de la Revuelta / Estrellas colgadas del hollín / Catecismo de la Perseverancia Industrial / Los Gobiernos existen para dejarte con ese aire de perro golpeado / Los Gobiernos existen para preparar la sopa del General Esfinge / Los Gobiernos existen para que tú pienses en la política & olvides la Erección / Batuque Nuclear Ángel-Hornaz a / Poesía urbana-industrial en nuevo ritmo / Ciudad agotada en la fealdad pre-Colapso / recrear nuevas tribus / renunciar a la regla / Nuevos mapas de la realidad / derrotero erótico derrotero poético/ Horacio & Lester Young / Tribus de niños en la selva / tambores llamando a la Orgía / hogueras & plantas afrodisiacas / abandonar las ciudades / rumbo a las playas salpicadas de esqueletos de Monstruos / rumbo a los horizontes ebrios como ángeles fuera de ruta / Tierra hermana mía / entraremos en la lluvia que hace inclinar nuestro pasaje a los Guaimbé* / Delincuencia sagrada la luz enriquecedora de la Poesía / Crear nuevas religiones, nuevas formas físicas, nuevos anti-sistemas políticos, nuevas formas de vida / Ir a la deriva por el río de la Existencia.

 

. * Guaimbé: Planta de tallo trepador que se apoya en el tronco de otros árboles. Familia de las aráceas.

 

 

La vida me carga en el aire como un gigantesco buitre

 

La verdad de los dioses

carnales como nosotros & lánguidos

no proveen de nada

sino del deseo iracundo del corazón partido por el amor

en su desbandada por el rostro de un adolescente

con su delicada furia

cruzo avenidas insomnes & corroídas por la lluvia

mis manos alcanzan mi dolor presente

& me preparo para un día duro amargo & pegajoso

la tarde derrumba su azul sobre los tejados del mundo

tú no viniste a nuestro encuentro & yo muero un poco & estoy

solo en una ciudad amurallada

tú quizá no sepas del ritual del amor como una fuente de agua que corre

no correrá jamás la misma hasta el poniente

mi dolor es un ángel herido de muerte

tú eres un pequeño dios verde & riguroso

horarios de muerte ciudades cementerios la muerte está al orden del día

la noche viene a raptar lo que sobra de un sollozo

 

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De su libro inédito
Extrañas señales de Saturno:

         Traducción de Leo Lobos

............... El Marqués de Sade
............... & la Marquesa de Santos
caminan al jazz de los crepúsculos
recordando ciertas iluminaciones
ciertos espasmos
ciertos actos visionarios
gritando sus triunfos en la
............... oscuridad

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un poeta solitario atraviesa la ciudad

Roberto Piva

(Algunos poemas)


Traducción, selección y notas por Leo Lobos

 

 

“Piva define el momento. Un poeta con cara de niño atraviesa solitario la ciudad rompiendo un himen gigantesco. Poesía de sangre, que genera una flor en el sexo de la adolescencia. Visión de Piva, antropófago, São Paulo en la boca, madrugada en el diente, poesía en el estomago. Un poeta con cara de niño atraviesa la ciudad. Tirando la juventud.”                                                                                

Thomaz Souto Corrêa
SP 1963

 

 

Jorge de Lima, panfletario del caos

 

Fue el día 31 de diciembre de 1961 que te comprendí Jorge de Lima
mientras caminaba por las plazas agitadas por la melancolía presente
.. ... . en mi memoria devorada por el azul
supe descifrar tus juegos nocturnos
sin disfraz entre las flores
unísonos en tu cabeza de plata y ampliadas plantas
como tus ojos crecen en el paisaje Jorge de Lima y como tu boca
.. ... . palpita en los bulevares oxidados por la niebla
una constelación de ceniza se desintegra en la contemplación inconsútil
.. ... . de tu túnica
y un millón de luciérnagas que traen extraños tatuajes en el vientre
.. ... . se despedazan contra los nidos de la Eternidad
es en este momento de agitación y agonía que te invoco gran alucinado
.. ... . querido y extraño profesor del Caos sabiendo que tu nombre debe
.. ... . estar como un talismán en los labios de todos los pequeños 

 

 

Jorge de Lima: Médico, ensayista, profesor, historiador, político, traductor, novelista, pintor, escultor y poeta brasileño nacido en 1893 en la ciudad de União dos Palmares Estado de Alagoas y fallecido en Rio de Janeiro en 1953. Entre sus libros de poesía podemos mencionar: A Túnica Inconsútil (1938), Poemas Negros (1947), Invención de Orfeo (1952). Místico y visionario, Jorge de Lima, es admirado y venerado como gran maestro por poetas de diversas generaciones y estilos. Una obra cargada de ternura por el ser humano y de desenfrenado lirismo, que anticipó las principales cuestiones del siglo XX. (Nota del traductor).

 

 

Los ángeles de Sodoma

 

Yo vi a los ángeles de Sodoma escalando
         un monte hasta el cielo
Y sus alas destruidas por el fuego
         abanicaban el aire de la tarde
Yo vi a los ángeles de Sodoma sembrando
         prodigios para que la creación no
         perdiera su ritmo de harpas
Yo vi a los ángeles de Sodoma lamiendo
         las heridas de los que murieron sin
alarde, de los suplicantes, de los suicidas
y de los jóvenes desaparecidos
Yo vi a los ángeles de Sodoma despeinados y
         violentos aniquilando a los mercaderes,
         robando el sueño de las vírgenes,
         creando palabras turbulentas
Yo vi a los ángeles de Sodoma inventando
         la locura y el arrepentimiento de Dios 

 

 

Stenamina boat

 

Prepara tu esqueleto para el aire
Federico García Lorca


Yo quería ser un ángel de Piero della Francesca
Beatriz apuñalada en un oscuro callejón
Dante tocando el piano en el crepúsculo
yo pienso en la vida reclamado soy por la contemplación
desconsolado miro el contorno de las cosas copulando en el caos
yo reclamo una leyenda instantánea para mi Mar Muerto
Tiempo y Espacio posan en mi antebrazo como un ídolo
hay un hueso cargando un dentadura
yo veo a Lautréamont en un sueño en las escaleras de Santa Cecília
él me espera en la plaza de Arouche en el hombro de la estatua de un santo
hoy por la mañana los árboles estaban en coma
mi amor escupía brazas en el trasero de los locos
había tinteros medallas esqueletos vidriados copos dalias
.. ... . explotando en el culo ensangrentado de los huérfanos
niños visionarios arcángeles del suburbio entrañas en éxtasis alfileteados
.. ... . en los urinarios atómicos
mi locura alcanza la extensión de una alameda
los árboles lanzan panfletos contra el cielo gris

 

 

Paranoia en Astrakan

 

Yo vi una linda ciudad cuyo nombre olvide
.. ... . donde ángeles sordos recorren las madrugadas tiñendo sus ojos con
.... ... . ... . lagrimas invulnerables
.. ... . donde crios católicos ofrecen limones a pequeños paquidermos
.. .... ... . . . que salen escondidos desde las tocas
.. ... . donde adolescentes maravillosos cierran sus cerebros para los tejados
... ... . . ... . estériles e incendian internados
.. ... . donde reconocidos nihilistas distribuyen pensamientos furiosos y tiran
.. ... ... . .. . la descarga sobre el mundo
.. ... . donde un ángel de fuego ilumina los cementerios en fiesta y la noche
.... ... . ... . camina en su hálito
.. ... . donde el sueño de verano me tomó por loco y decapite el otoño de su
.. ..... ... . . última ventana
.. ... . donde nuestro desprecio hizo nacer una luna inesperada en el horizonte
.. ... ... . .. . blanco
.. ... . donde un espacio de manos rojas ilumina aquella fotografía de pez
.. .... ... . . . oscureciendo la página
.. ... . donde mariposas de zinc devoran las góticas varices de las venas del ano
.. ..... ... . . de las beatas
.. ... . donde las cartas reclaman drinks de emergencia para lindos tobillos
.... ... . ... . arañados
.. ... . donde los muertos se fijan en la noche y aúllan por un puñado de débiles
.. .... ... . . . plumas
.. ... . donde la cabeza es una bola digiriendo los acuarios desordenados de la
.... ... . ... . imaginación

 

 

* * *

http://www.letras.s5.com/indic.gifRoberto Piva El Jazz de los crepúsculos. Por Leo Lobos Junio de 2005

 

 

Estos poemas fueron traducidos, por Leo Lobos (Santiago de Chile, 1966) poeta, ensayista traductor y artista visual.

 

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GIRASOL

 

          el intervalo te separa
                    de lo curvado del horizonte
          viento de seda
          sol transformándose
                    en pájaro
          aviones melenudos arrastan
                    el cielo en dirección
                    del universo
          la savia del sueño
                    viaja con sus estandartes

 

 

          (Estraños sinais de saturno, 2008)


Traducción: ÓSCAR LIMACHE
         

Extraído de DIENTE DE LEÓN  - cipselas de difusión poética. N. 6, agosto de 2012.  Director: Óscar Limache.

 


ANTOLOGIA DOS NOVÍSSIMOS.  São Paulo: Massao Ohno Editora, 1961.  “Coleção dos Novíssimos”  vol. 9.  Capa de João Susuki.    

Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

                POEMA 1

      
No intervalo absurdo em que vivemos,
       Ei-nos suspensos;
       Hastes que se alongam
       Em direção à Morte.
       As auroras colhem-nos
       Renitentes
       Soldados sãos instantes
       Onde a polpa dos dias
       Sem névoa
       Dissolve-se de encontro a línguas
       Impossíveis.

       Neste curto espaço
       Entre nós e a Morte
       Embarcados nos convencionais minutos
       Plantaremos discórdias
       Implacáveis. E emancipados
       Do noturno interior das fábricas,
       Pálidos meninos
       Renascerão ao sol.


      
       POEMA 2


       São anônimas e puras as meninas
       Que brincam nas praças   Inspiradas
       No dinamismo inocente
       De estarem possuídas pelo sol.
       Ainda existe
       No fundo de todas as praças-parques
       Um tempo piedoso gotejando o futuro
       Através de tranças e sorrisos.

       Somente meninas que brincam nas praças
       Sabem colher a vida e retê-la
       No coração das rosas.

       Se elas sabem a profecia
       Que palpita velada
       No mistério dos lagos.

              E há um instante
       No fundo olhar dos meninos
       Que só elas advinham
       E eternizam.

       São brancas e meigas
       Como trapos de nuvens
       As meninas que brincam nas praças
       Quando fecundadas pela ingênua
       Dádiva de luz
       Que as adora.

       Mas eis que a primeira estrela
       Surpreende o adeus do sol
       E um momento imóvel
       Afugenta as meninas
       Que brincam nas praças.

       (E as praças ficam vazias
                         como a vida)



       POEMA 3

      
Nos traçados dos dias
       O mundo
       Se consome.
       Nas trompas do tempo
       Perdemos
       Nossos gestos.
       Em leitos apressados
       Abandonamos
       O amor: mito incongruente,
       A fome das máquinas
       Batalha
       Nossas unha.
       Tábuas milenares
       Nos proíbam
       A languidez nas praias.
       Gotejamos a vida
       —burguesmente—
       Pelas fissuras
       da Morte.



       LIBELO

       Não mais trarei justificações
       Aos olhos do mundo.
       Serei incluído
       — Pormenor esboçado —
       Na grande Bruma.
       Não serei batizado,
       Não serei crismado,
       Não estarei doutorado,
       Não serei domesticado
       Pelos rebanhos
       Da terra.
       Morrerei inocente
       Sem nunca ter
       Descoberto
       O que há de bem e mal
       De falso ou certo
       No que vi.



       MARÍTIMA

       Desenrolemos este céu de roxo das nuvens
       E mergulhemos nossos corpos
       Mascarados de espanto
       Nas ondas
       Sublevadas.

       Numa tensão de arcos
                Renasceremos.
       Em sete soledades
       Refugiarmos nossos gestos
       Que a vergonha das vestes
       Amortalha.
                 E ao crepúsculo
                         Adormeceremos
                                      Sublimados.


       NOTURNO


       Teus olhos não ficam bem senão em mim
       Que desato o bouquet de tua angústia
       Neste tempo de espera.
       Sofres uma solidão recortada
       Na tarde de tuas pálpebras
       Absorto no retorno das nuvens
       Magoadas de outros climas.
       Só eu sei, silêncio de jade,
       Flor da manhã, Deus triste,
       O que te consola do vento.
       Só eu sei que não sabes
       Eximir-te do enfado,
       Da noite, das bocas.

 

 

 



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