LUIS DOLHNIKOFF
Luis Dolhnikoff (SP, 1961) iniciou sua carreira literária com o livro de poemas Impreciso emigrar (SP, Massao Ohno, 1979).
Depois de um intervalo no qual cursou medicina e letras na USP, retornou com Pãnico (SP, Expressão, 1986, com apresentação de Paulo Leminski).
Em 1987, participa da fundação da editora paulistana Olavobrás, pela qual publicaria Impressões digitais (1990), e Microcosmo (1992), ambos de poemas, além da coletânea de contos Os homens de ferro (1991).
Publicou poemas em Atlas Almanak 88 (SP, Kraft, organização Arnaldo Antunes), na página de arte e cultura Musa paradisiaca (Curitiba, A Gazeta do Povo, 1997, edição de Josely Vianna Baptista e Francisco Faria), na revista Medusa (Curitiba, 2000), na revista Tsé=tsé 7/8 – número especial com 30 poetas brasileiros contemporâneos (Buenos Aires, 2000), na antologia de poesia brasileira contemporânea Moradas provisorias (in Hipnerotomaquia, Ciudad de Mexico, Aldus, 2001, organização Josely Vianna Baptista) e na revista Cult (SP, set. 2002, no. 61).
Colaborou com resenhas e artigos literários em O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, A Gazeta do Povo (Curitiba), A Notícia (Joinville), revista Sibila (SP) e jornal Clarín (Buenos Aires).
Entre 1992 e 1995 coorganizou, ao lado de Haroldo de Campos, o Bloomsday de SP, em que deu a público suas traduções de poemas de James Joyce.
Em 2001 recebeu Menção Honrosa no “Prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira”, da revista Cult, com a trilogia poética Consubstanciações I (sendo os jurados os poetas Nelson Asher, Waly Salomão e Cláudio Willer).
Em 1995 muda-se para Florianópolis, residindo no sul da Ilha de Santa Catarina, onde se dedica ao ofício literário.
Fonte da biografia: www.revista.agulha.nom.br
De
Luis Dolhnikoff
IMPRECISO EMIGRAR
Ilustrações de Paulo Rosenbaum
São Paulo: Massao Ohno Editor, 1979
plátano, láudano, diáfano
láudano:
quando os rios percebem-se suspensos
e planos
pingaram
e o céu submerso
se constitui de gotas pendentes
(das quais por dias inteiros, os homens se esconderam)
plátano:
impossibilitado o vento
de se contorcer em nuvens
estava o cetim espalhado e teus olhos fechados
por mais que teus cabelos o sejam
a leviandade das folhas te sublimou como a um seio
(é tão característico e invisível como um mar aberto)
diáfano:
por véus,
esquecerei o romântico neste isolamento
perdoados todos os turvos momentos
claridade
este branco espalhado entre ternos outros encantos
(se das estrelas te disserem: luz, recuse.)
l.d 4/8/78
BÁRBARA NÉVOA DE ABSURDOS
(desliguem-nos)
na rota dos anos um arame de tédio maternal fez-te típico arrepio de tétano
como formigas indeterminadas carregando zonzas teus neurônio de trapos vegetais
e carbônicos
lenha.; Wood
influence or
possibility
fluxo perpétuo de desentimentos
fazendo necessária uma rede
de absorvência papal
(CALE-SE PAPEL) (sem transporte dos pergaminhos)
(ressecados pelo Mar morto)
(como pode ser morto um mar)
(como poder ser um mar morto)
(embora sempre necessite
um não ou nunca
até desvitalizando o Gênero feminino
também e inevitavelmente pregado à rede)
(de buracos negros)
(que catalizavam o que seria ou fosse consumado)
(períodos de travessia
e remos descontinentalizados
por elemento de sucção à
arestas sanguineas)
(a resistência não continha o mínimo de purezas
aos epitélios de efetivação
dos novos núcleos de reinos perversos
que metaforizarem as casas raras e descontínuas
de tudo que constar nas imediações de delírio do mel
que manifestou-se na desproporção dos bloqueios franceses
de forma a
não construir
não contraí
não (CALE-SE PAPEL)
Paris não podia ser
já que nós não ficamos
(normalmente os salões corruptos são cheios de pulga)
(mas ainda continham um tipo muito raro de bactérias,
quem não cabia mais pendurou-se
no pelo das ratazanas
e víboras medonhas, mancas)
24/11/78
PRLD
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Poemas extraídos da revista TSÉ=TSÉ, N. 7/8. otoño 2000, Buenos Aires, Argentina, de "30 poetas de Brasil".
O GASTRÓPODE
As pedras suam.
lesmas se diluem.
JORGE DE LIMA
solitário como chuva que
uma lesma ia caía
deixando minha fechava minha
gosma lírica janela sem
os versos que cortinas
perdi que a
não chuva ainda
foram os descortina
que pedi enquanto braços
perdi baços de
versos luz mais
diversos uma vez
dias iguais etc abrem as
sem encontrar cortinas da
sinceridade madrugada
palavra tão nada
bela quanto because
vazia é no rádio toca
uma panela uma música estúpida
repleta because my heart
falta fome pulsa em português
só a porque o
fome sacia mundo é
só a mudo a
sede a alma calada
A MADONNA DE SONS
(sobre a Alegoria das benções da Paz, de Rubens)
a palavra tesouro talvez
contém inteiro porque o maior
todo ouro tesouro sempre seja
mas tem como nós
antes mesmos já soubemos
tes a tez
que se não é que, rósea
tez na grafia tem mais outro
o é perfeito no som e luz que o próprio sol
ATLAS Almak 88. São Paulo: 1988. 144 p. 31x43 cm. Ilus. col. Capa: Arnaldo Antunes, Zeto Borges, Zaba Mareau. Editores: Arnaldo Antunes, Beto Borges, G. Jorge Jorge, João Bandeira, Sérgio Alli, Walter Silveira, Zaba Moreau. Inclui poesia visual, arte visual e gráfica de poetas e artistas do período, entre eles Arnaldo Antunes, Duda Machado, Augusto de Cam,pos, Leon Ferrari, José Lino Grunewald, Décio Pignatari, Hélio Oiticica e muitos outros!!! Tiragem: 1500 exs. Capa dura.
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TEXTOS EM ESPAÑOL
LUIS DOLHNIKOFF
Luís Dolhnikoff nació en São Paulo en 1961. Reside en Florianópolis. Fue uno de los editores del sello Expressão en los años ’80, dedicado a la traducción y la « trancreación» de textos poéticos de diversas tradiciones. También escribe prosa. Publicó Impreciso Enigma (1979, con Paulo Rosenbaun), pânico (1987), Impressões Digitais (1989), Os homens de ferro (1992) y Microcosmo (1991).
[Tracucciones de R. J. YL.D.]
Poemas extraídos da revista TSÉ=TSÉ, N. 7/8. otoño 2000,
Buenos Aires, Argentina, de "30 poetas de Brasil".
EL GASTERÓPODO
Las piedras sudan,
las babosas se diluyen.
Jorge de Lima
solitário como lluvia que
una babosa iba caía
desejando mi cerraba mi
baba lírica ventana si
los versos que cortinas
perdí que la
no lluvia aún
fueron los descortina
que pedí en cuanto brazos
perdí bazos de
versos luz más
diversos una vez
días iguales etc abren las
sin encontrar cortinas de la
sinceridad madrugada
palabra tan nada
bella como because
vacías es en la radio toca
una cazuela una música estúpida
repleta donde because my heart
falta hambre pulsa en português
sólo el porque el
hambre sacia mundo es
sólo la mundo el
sed la alma callada
LA MADONNA DE SONIDOS
(sobre la Alegoría de las bendiciónes de la Paz, de Rubens)
la palabra tesoro tal vez
contiene entero porque el mayor
todo el oro tesoro siempre sea
mas tiene como nosotros
antes mismos ya supimos
tes la tez
que si no es que, rósea
tez en la grafia tiene más oro
es lo perfecto en el sonido y luz que el próprio sol
Página publicada em março de 2010; página publicada e ampliada em abril de 2015.
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