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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CAMILA DO VALLE

Fonte da foto e biografia:
www.festivaltordesilhas.net

CAMILA DO VALLE

Camila do Valle nasceu em Leopoldina, Minas Gerais, em 1973. Estudou Letras na Universidade Federal de Juiz de Fora, com doutorado na PUC-RJ. Livros publicados: Mecânica da Distração: os aprisântempos (Casa 8, RJ, 2005), traduzido para o espanhol e publicado pela editora Siesta em Buenos Aires (2006) e Robé y me tragué un colar de perlas chinas (Eloísa Cartonera, Buenos Aires, 2006). Atualmente È diretora da FUNCEB (Fundación Centros de Estudios Brasileros) de Buenos Aires.
 

TEXTOS EN ESPAÑOL     /     TEXTOS EM PORTUGUÊS


M1SSÃO DIPLOMÁT1CA NA CHINA (pianissimo)

 

Onde pousar a palavra?

Como se a caneta fosse a asa de unia xícara

de porcelana rara que eu estaria a segurar

com todo o cuidado

no ar.

Do ar ao pires, podemos,

ou não,

espatifar a dinastia Ming.

Delicadamente.

 

 

UM MURO DE SILENCIO

 

         para Pedro Eiras

 

Sobre a página em branco repousa um reino de silêncio.

(Como pular este muro?)

É certo que todo texto começa antes do próprio texto.

Se não é, porém, na página em branco,

Onde tem, então, começo o texto?

No corpo que escreve?

É certo que todo corpo começa antes do próprio corpo.

Onde tem, então, começo o corpo?

Quiçá: na página em branco?

Eis o muro.

 

MÜLHER EM PROCESSO

 

as palavras secas, duras, masculinas

as palavras perigosas e pontiagudas entre gritos e sussurros

as palavras penetrantes:

autonomia, repertório, simultaneidade, dessublimador,

associação imagética, corte epistemológico, marcador

diferencial, narrador heterodiegético e a expressividade
em processo.
É que uma mulher não faria assim.
Fala em independência, vocabulário e junção.
Ao que parece e por exemplo.
A palavra, se é do homem e está na minha boca,
o meu corpo sabe: só faço para me masturbar.

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL 

 

MISIÓN DIPLOMATICA EN CHINA (pianissimo)

 

¿Dónde posar la palabra?

Como si la lapicera fuese el asa de una taza

De porcelana rara que debo tomar con firmeza

con cuidado

en el aire.

En el trayecto que hay entre el aire y el plato

podemos, o no,

arruinar la dinasti

ía Ming.

Con delicadeza.

 

 

UN MURO DE SILENCIO

 

         Para Pedro Eiras

 

Sobre la página en blanco reposa un reino de silencio.

(¿Cómo saltar este muro?)

Es cierto que todo texto comienza antes del próximo texto.

Si no es en la página en blanco,

¿Dónde comienza, entonces, el texto?

¿En el cuerpo del que escribe?

Es cierto que todo cuerpo comienza antes que el propio

cuerpo.

¿Dónde, entonces, comienza el cuerpo?

¿Tal vez en la página en blanco?

He ahí el muro.

 

 

MUJER EN PROCESO

 

las palabras secas, duras, masculinas

las palabras peligrosas y puntiagudas entre gritos y susurros

las palabras penetrantes:

autonomía, repertorio, simultaneidad, desublimador,

asociación imagética, corte epistemológio, marcador

diferencial, narrador heterodiegético y expresividad
en proceso.
Una mujer no habla así.
Habla en independencia, vocabulario y articulación.
De me  parece y por ejemplo.
La palabra del hombre en mi boca
y mi cuerpo sabe que sólo hago eso para masturbarme.

 

 

Extraído de: CAOS PORTATIL – POESÍA CONTEMPORÁNEA DEL BRASIL
 – EDICIÓN BILINGUE. Selección de Camila do Valle y Cecília Pavón. Traducción de Cecilia Pavón. México:  Edicones El Billar de Lucrecia, 2007.  ISBN 978-970-95317-2-5
Apoyo del Fonde Nacional para la Cultura y las Artes

 

De
 Heloisa Buarque de Hollanda

Otra línea de fuego - Quince poetas brasileñas         ultracontemporáneas.
Traducción de Teresa Arijón. Edición bilingüe.
Málaga:  Maremoto;  Servicio de Publicaciones,
 Centro de Edciones de la Diputación de Málaga, 2009.  291 p
ISBN  978-84-7785-8

 

Fase seca

 

Hoje começo a escrever os poemas da fase seca.

As lágrimas que entornei formaram rios em terrenos de outrem.

Fiquei com os olhos secos e a pele começou a rachar.

Dizem que é a idade.

É mentira: pilharam do meu rosto, por pura inveja, todo o brilho e

umidade.

Passei a escrever à faca,

Em qualquer superfície que apareça.

O meu corpo, que é a minha casa,

Passou a ser o tema.

Afinal, foi por aqui que entraram todos,

Passaram todos

E deixaram palavras a crescer.

A sombra da palavra recrudescimento,

Floresce o verbo estiolar.

 

 

Fase seca

 

Hoy comienzo a escribir los poemas de la fase seca.

Las lágrimas que derrame formarem ríos en terrenos de otros.

Quede con los ojos secos y la piei comenzó a agrietarse.

Dicen que es la edad.

Mentira: robaron de mi rostro, por pura envidia, todo brillo y

humedad.

Pasé a escribir a navajazos,

En cualquier superfície que aparezca.

Mi cuerpo, que es mi casa,

Pasó a ser el tema.

Al fin, por aqui entraron todos,

Pasaron todos

Y dejaron a crecer palabras.

A la sombra de la palabra recrudecímíento

Florece el verbo marchitar.

 

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O marido e a guerra

 

Não há nada a escrever sobre o marido e a guerra.

O marido é a própria guerra.

Por isso,

perto de mim, o adeus faz casa.

Por isso, para o ano,

venho de sedas.

Para fazer deslizar no meu vestido o fio da sua navalha,

para mostrar a você que ganhar não é um jogo de vida ou morte

Há lugar para todos no encontro da vitória, não há?

Enquanto manejo a minha espada cheia de tinta sobre o papel, você

prepara os seus canhões.

Espero que seja dado a mim:

escolher as armas

ou me mudar para a casa do adeus.

 

 

El marido y la guerra

 

No hay nada que escribir sobre el marido y la guerra.

El marido es la guerra misma.

Por eso,

cerca de mí, el adiós hace su casa.

Por eso, para el año,

vengo de seda.

Para que el filo de tu navaja se deslice por mi vestido,

para mostrarte que ganar no es un juego de vida o muerte ¿o no?

Mientras blando mi espada de tinta sobre el papel, preparas tus

cañones.

Espero me sea dado:

escoger las armas

o mudarme a la casa del adiós.

 

 

Página publicada em maio de 2009; ampliada e republicada em dezembro de 2010


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