Fonte da foto e biografia:
www.festivaltordesilhas.net
CAMILA DO VALLE
Camila do Valle nasceu em Leopoldina, Minas Gerais, em 1973. Estudou Letras na Universidade Federal de Juiz de Fora, com doutorado na PUC-RJ. Livros publicados: Mecânica da Distração: os aprisântempos (Casa 8, RJ, 2005), traduzido para o espanhol e publicado pela editora Siesta em Buenos Aires (2006) e Robé y me tragué un colar de perlas chinas (Eloísa Cartonera, Buenos Aires, 2006). Atualmente È diretora da FUNCEB (Fundación Centros de Estudios Brasileros) de Buenos Aires.
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
M1SSÃO DIPLOMÁT1CA NA CHINA (pianissimo)
Onde pousar a palavra?
Como se a caneta fosse a asa de unia xícara
de porcelana rara que eu estaria a segurar
com todo o cuidado
no ar.
Do ar ao pires, podemos,
ou não,
espatifar a dinastia Ming.
Delicadamente.
UM MURO DE SILENCIO
para Pedro Eiras
Sobre a página em branco repousa um reino de silêncio.
(Como pular este muro?)
É certo que todo texto começa antes do próprio texto.
Se não é, porém, na página em branco,
Onde tem, então, começo o texto?
No corpo que escreve?
É certo que todo corpo começa antes do próprio corpo.
Onde tem, então, começo o corpo?
Quiçá: na página em branco?
Eis o muro.
MÜLHER EM PROCESSO
as palavras secas, duras, masculinas
as palavras perigosas e pontiagudas entre gritos e sussurros
as palavras penetrantes:
autonomia, repertório, simultaneidade, dessublimador,
associação imagética, corte epistemológico, marcador
diferencial, narrador heterodiegético e a expressividade
em processo.
É que uma mulher não faria assim.
Fala em independência, vocabulário e junção.
Ao que parece e por exemplo.
A palavra, se é do homem e está na minha boca,
o meu corpo sabe: só faço para me masturbar.
TEXTOS EN ESPAÑOL
MISIÓN DIPLOMATICA EN CHINA (pianissimo)
¿Dónde posar la palabra?
Como si la lapicera fuese el asa de una taza
De porcelana rara que debo tomar con firmeza
con cuidado
en el aire.
En el trayecto que hay entre el aire y el plato
podemos, o no,
arruinar la dinasti
ía Ming.
Con delicadeza.
UN MURO DE SILENCIO
Para Pedro Eiras
Sobre la página en blanco reposa un reino de silencio.
(¿Cómo saltar este muro?)
Es cierto que todo texto comienza antes del próximo texto.
Si no es en la página en blanco,
¿Dónde comienza, entonces, el texto?
¿En el cuerpo del que escribe?
Es cierto que todo cuerpo comienza antes que el propio
cuerpo.
¿Dónde, entonces, comienza el cuerpo?
¿Tal vez en la página en blanco?
He ahí el muro.
MUJER EN PROCESO
las palabras secas, duras, masculinas
las palabras peligrosas y puntiagudas entre gritos y susurros
las palabras penetrantes:
autonomía, repertorio, simultaneidad, desublimador,
asociación imagética, corte epistemológio, marcador
diferencial, narrador heterodiegético y expresividad
en proceso.
Una mujer no habla así.
Habla en independencia, vocabulario y articulación.
De me parece y por ejemplo.
La palabra del hombre en mi boca
y mi cuerpo sabe que sólo hago eso para masturbarme.
Extraído de: CAOS PORTATIL – POESÍA CONTEMPORÁNEA DEL BRASIL
– EDICIÓN BILINGUE. Selección de Camila do Valle y Cecília Pavón. Traducción de Cecilia Pavón. México: Edicones El Billar de Lucrecia, 2007. ISBN 978-970-95317-2-5
Apoyo del Fonde Nacional para la Cultura y las Artes
De
Heloisa Buarque de Hollanda
Otra línea de fuego - Quince poetas brasileñas ultracontemporáneas.
Traducción de Teresa Arijón. Edición bilingüe.
Málaga: Maremoto; Servicio de Publicaciones,
Centro de Edciones de la Diputación de Málaga, 2009. 291 p
ISBN 978-84-7785-8
Fase seca
Hoje começo a escrever os poemas da fase seca.
As lágrimas que entornei formaram rios em terrenos de outrem.
Fiquei com os olhos secos e a pele começou a rachar.
Dizem que é a idade.
É mentira: pilharam do meu rosto, por pura inveja, todo o brilho e
umidade.
Passei a escrever à faca,
Em qualquer superfície que apareça.
O meu corpo, que é a minha casa,
Passou a ser o tema.
Afinal, foi por aqui que entraram todos,
Passaram todos
E deixaram palavras a crescer.
A sombra da palavra recrudescimento,
Floresce o verbo estiolar.
Fase seca
Hoy comienzo a escribir los poemas de la fase seca.
Las lágrimas que derrame formarem ríos en terrenos de otros.
Quede con los ojos secos y la piei comenzó a agrietarse.
Dicen que es la edad.
Mentira: robaron de mi rostro, por pura envidia, todo brillo y
humedad.
Pasé a escribir a navajazos,
En cualquier superfície que aparezca.
Mi cuerpo, que es mi casa,
Pasó a ser el tema.
Al fin, por aqui entraron todos,
Pasaron todos
Y dejaron a crecer palabras.
A la sombra de la palabra recrudecímíento
Florece el verbo marchitar.
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O marido e a guerra
Não há nada a escrever sobre o marido e a guerra.
O marido é a própria guerra.
Por isso,
perto de mim, o adeus faz casa.
Por isso, para o ano,
venho de sedas.
Para fazer deslizar no meu vestido o fio da sua navalha,
para mostrar a você que ganhar não é um jogo de vida ou morte
Há lugar para todos no encontro da vitória, não há?
Enquanto manejo a minha espada cheia de tinta sobre o papel, você
prepara os seus canhões.
Espero que seja dado a mim:
escolher as armas
ou me mudar para a casa do adeus.
El marido y la guerra
No hay nada que escribir sobre el marido y la guerra.
El marido es la guerra misma.
Por eso,
cerca de mí, el adiós hace su casa.
Por eso, para el año,
vengo de seda.
Para que el filo de tu navaja se deslice por mi vestido,
para mostrarte que ganar no es un juego de vida o muerte ¿o no?
Mientras blando mi espada de tinta sobre el papel, preparas tus
cañones.
Espero me sea dado:
escoger las armas
o mudarme a la casa del adiós.
Página publicada em maio de 2009; ampliada e republicada em dezembro de 2010
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