POESIA PRAXIS
ANTÔNIO CARLOS CABRAL
Antônio Carlos Cabral utiliza también una expresión popu lar, verdadero lugar común de nuestra imaginación colectiva. Se trata de «lembrança de fonte» (“recuerdo de (la) fuente”) que puede significar «retorno arquetípico» o mero enunciado irónico de circunstancia. El lector advertirá que el poema comienza y termina con esta expresión. Notará además que las palabras —en número deliberadamente limitado— caminan por el cuerpo del poema, ocupando unas las posiciones de otras. Hay verdaderamente un juego topológico de reciprocidad semántica. En Edifício, Antônio Carlos Cabral promueve otra experiencia. Aquí, divide un sólo bloque de texto en conjuntos visuales (células en negro) a partir de la atomización y de la contraposición de fonemas. La palabra “condomínio”, por ejemplo, es dividida en “com domínio”, “com dor” (“con dolor” y la sonorización de “mira” se infiltra en “mira”, “Miramar”, “domina”, etcétera, lo que sintetiza el trabajo de construir con la propia construcción.
MARIO CHAMIE*
VOCABULARIO DE LOS POEMAS
[contribución de Ángel Crespo]
LEMBRANÇA DA FONTE: lembrança: recuerdo (nombre substantivo); encosta: ladera; leito: lecho, cama; poente: poniente.
EDIFÍCIO: dor: dolor; fez: hizo; só: solo, solamente.
lembrança da fonte
o vento se esconde
na encosta do monte
lembrança do vento
na senda do monte
o tempo se estende
na senda da fonte
água mansa, lembrança,
o tempo se alcança
o vento se esconde
na senda do monte
o vento se alcança
a encosta se lança
no tempo, lembrança,
a encosta se alcança,
lembrança do tempo,
senda, mansa fonte,
a senda se alcança
monte, fonte, lança,
lembrança do monte
senda, fonte mansa
lembrança da sombra
na senda se alcança
o tempo na fonte
lembrança do monte
o tempo suspende
a lembrança da fonte
o tempo se. esconde
no leito da fonte
O tempo suspende
a senda se alcança
água mansa se estende
no leito da fonte
a senda se emsombra
poente na encosta
a sombra se alcança,
sombra, leito, sombras,
lembrança do vento,
do vento na sombra,
sombra, poente no monte,
sombra, sombra, lança,
é a fonte do vento
senda no monte
senda no vento
é a fonte da sombra
sombra, fonte, sombra,
fonte, senda, sombra,
mansa, fonte, mansa,
no leito da fonte
o tempo se alcança
lembrança se esconde
no leito da fonte
a sombra se esconde
o vento se alcança
no leito do vento
a fonte se esconde
na sombra da senda
no leito do tempo
se estende a lembrança
lembrança dai fonte.
Edifício
ofício homem ofício
edifício condomínio miramar
é difícil dor minando
e quem domina nem se mira
de ofício com domínio sem amar
este a fez e com dor e mira nada
e só de ofício sem amar
edifício condomínio miramar
ofício homem ofício
* Texto y poema extraído de CHAMIE, Mario. “Poema-praxis: un acontecimiento revolucionario.” In: REVISTA DE CULTURA BRASILEÑA, Tomo III, Número 9, junio 1964, p. 171-199. |