GRISELDA GARCÍA
nació en Buenos Aires en 1979. Publicó en poesía, Alucinaciones en la Alfalfa (2000), El Arte de Caer (Alicia Gallegos Editora, 2001) y La Ruta de las Arañas (Ediciones del Dock, 2005). Dirige la editorial de poesía La Carta de Oliver.
Es secretaria de redacción de la revista de poesía La Guacha.
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
La ruta de las arañas
Life passing before the eyes
A la sombra de los cedros
un anciano muere,
en los graneros los muchachos se besan,
las doncellas de la leche
no traen sólo pureza nívea.
Aullido del ruiseñor,
cultivo de lirios,
mondas de las frutas.
Un anciano ha muerto,
por él la escritura,
suyas las cenizas flotando
en el río de un pueblo de verano.
Época de desove de las polillas,
las cerezas maduran,
el almíbar gotea,
cambia el viento,
bajan las aguas.
Un anciano muere,
una tos algo fuerte
y la boca toda se inunda
de una miel tibia
que desciende luego por la garganta.
Progresando en el peligro
avanzás como un roedor.
La perseverancia trae buena fortuna.
Huevos de otras aves
Fuera hembra del cuco,
vuela rápido y lejos,
otra cuidará tus huevos,
tu cloaca parirá
un cáncer tibio.
Rapaz, cenicienta, fuera,
aquí no hay nido sino agujero,
púas en lugar de plumas,
y en triste remedo de cortejo
un macho ciego incapaz de volar.
Sobrevivente
Amanheço com o peito desnudo
junto ao soldado raso que fuma o sol.
Um berbere me oferece sua pipa de kif,
os outros tripulantes
foram enterrados de pé
junto ao muro.
Escutei, por acaso,
o ulular de barcos na tormenta,
o gemer dos afogados,
o grito dos meninos no jardim?
Nada além do rumor do mar.
Debaixo do mosquiteiro de uma cama em Tanger
sigo com a vista a rota das aranhas.
O sonho me cura.
Com pestanas pesadas
eu adormeço ao sol,
imóvel quem sabe até quando.
Vendaval
Noite fechada e cruel,
espíritos famintos guincham
nas frondes das árvores,
o vento mexe as campanas
e o eco reverbera na galeria.
Com enorme desdém
despediste as mulheres do saquê,
ordenaste queimar os coxins do templo.
A qualquer momento chegarás,
silencioso como um servo,
caminho que franqueiam cem álamos,
moverás sigilosamente,
teu extremo como a cabeça de um botão,
submisso beijarás minhas plantas,
velhas gueixas vão te ver
mil vezes formoso
no escuro espreitarás,
animal estranho e novo,
depois da semeadura não haverá descanso:
sangrarei
e uma colheita resultará arruinada.
Life passing before the eyes
À sombra dos cedros
um ancião morre,
nos celeiros os rapazes se beijam,
as donzelas do leite
não trazem apenas pureza nívea.
Aulido do rouxinol,
cultivo de lírios,
podas das frutas.
Um ancião morreu,
por ele a escritura,
cinzas suas flutuando
no rio de um povoado de verão.
Época de desova das traças,
as cerejas amadurecem,
a calda doce goteja,
despencam as águas.
Um ancião morre,
uma tosse um tanto forte
e a boca toda se inunda
de um mel tíbio
que desce logo pela garganta.
Avançando no perigo
seguirás como um roedor.
A perseverança traz boa sorte.
Ovos de outras aves
Fora fêmea do cuco,
outra cuidará dos ovos,
tua cloaca parirá
um câncer tíbio.
Rapace, desprezada, fora,
aqui não tem ninho mas agulheiro,
puas em vez de plumas,
e um triste arremedo de cortejo
um macho cego incapaz de voar.
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