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Fonte: www.usinadesonhos.org.br
 

TERUKO ODA

Teruko Oda (nascida em Pereira Barreto) é uma poetisa e professora brasileira, filha de imigrantes japoneses e uma das maiores haicaistas do Brasil, seguindo uma corrente dos imigrantes japoneses de manter as tradições do gênero. Esta corrente define haikai como um poema de três versos, escrito em linguagem simples, sem rima, com dezessete sílabas poéticas (sendo cinco no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro), e com uma referência a natureza expressa por uma palavra (o chamado kigô), que deve representar também a estação do ano.

É uma das fundadores do Grêmio de Haicai Caminho das Águas, de Santos, e presidente do Grêmio Haicai Ipê, de São Paulo.

É autora de oito livros individuais, entre eles, Janelas e tempo, incluído no PNLD/SP/2004 (Programa Nacional do Livro Didático); três obras em co-autoria e participação em dezenas de antologias e publicações diversas no Brasil e no exterior. Na obra A Dozen Tongues (World Haiku Association, 2001), a autora representa o Brasil e a língua portuguesa.  Fonte: Wikipédia

 

Dia de descanso —
Vem da serra, sem descanso
canto da araponga.

 

Solidão no rancho —
Passatempo do roceiro
o bicho-do-pé.


Um quê de inquietude
no balé das borboletas —
Tarde de outono.


Chega como vento
um insistente chamado —
Cigarro de outono.

 

Corrida engraçada —
As emas vão se abanando
com leques de plumas.

Laguinho no mato —
Tremeluzir de girinos
ao soprar o vento.


Barzinho de estrada —
Não sei se como ou se abano
as moscas do prato.


Emergem das águas
em vôos sincronizados
peixes-voadores.


Noite clara e úmida —
Envolve o chalé serrano
o coaxar dos sapos.

 

 

HAICAIS ao Sol.  II Antologia de Haicais 2008. Org. Débora Novaes de Castro.  São Paulo:       Editora VIP, 2008.  112 p.  Homenagem aos 100 anos da Imigração Japonesa no       Brasil” - ISBN   978-85-60287-02-04       Ex. bibl. Antonio Miranda

 

*

Quietude profunda —
De quando em quando uma brisa
e a queda de pétalas.

*

Chá beneficente —
Ao som de um piano amigo
a dada e o leque.

*

Na charge do dia
o saci lembra um político —
Dia do Folclore.

*

Solidão na trilha —
Um compasso claudicante
sobre folhas secas.

*

Vento da primavera —
Chegam do bosque em repouso
notícias de flores.

*

Noitinha abafada
Um bezerrinho investiga
as flores do cacto.

*
O céu bem mais baixo
sobre o bosque de pinheiros —
Ah, noite estrelada.

 

*

ODA, Teruko.  Nos caminhos do haicai.   São Paulo: Massao Ohno; Aliança Cultural Brasil - Japão, 1993.  117 p.  16x15 cm.  Capa: óleo de Kazuo Wakabayhashi, Estação Azul, 1985. 
Ex. bibl. Antonio Miranda  

 

Preso à gaiola
O curió canta... canta
O que cantará?

*

Na estrada do céu
O trânsito de andorinhas
Sem guardas, sem multas.

*

Entrada a leste
A casa do joão-de-barro
No mourão da cerca.

*

Mestre joão-de-barro
Não tem mãos de artesão...
Voarei sem asas

             *

Gentil vendedor
Oferece-me jabuticabas
Eu compro saudades.

*

Um frio intenso
A criança impaciente
— o frio não vem?

*

Meninos de rua
E os casacos da vitrina
— diálogo mudo.

 

*

VEJA E LEIA  outros HAICAIS em nosso PORTAL DE POESIA:

http://www.antoniomiranda.com.br/haicai/haicai_index.html

 

Página publicada em agosto de 20

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2010; ampliação em maio de 2020

 


 

 

 
 
 
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