LYAD DE ALMEIDA
Lyad Sebastião Guimarães de Almeida (Niterói 22/01/1922 - 5/10/2000.), poeta com vários livros de haicais há várias décadas, ou seja, é um dos nomes mais representativos desta categoria de poemas. Na opinião de Pedro Bloch, ele não conheceu “ninguém (...) que faça haikais melhores que Lyad de Almeida”, em nota no Diário de Notícias. Certamente que ele tem um estilo muito próprio de compor os poemas (“tankas e haikais”), em quatro, três e em dois versos, numa acepção mais livre de forma e de conteúdo. Às vezes romântico, noutras aforístico, reflexivo.
De
Lyad de Almeida
TANKAS E HAIKAIS SELECIONADOS
Rio de Janeiro: Livraria São José, 1974
Finados.
Sacrifício das flores
para embelezar a morte...
Querida,
como tuas jóias ficam belas
ornadas por ti!
Oceano imenso.
Livre se julga o veleiro.
E o vento o empurra...
Diante da máquina
hesita a operária. Tece
o pano ou o sonho?
Ah! O tempo! O tempo!
Meu retrato de criança,
Como envelheceu!
Em tua carta, dizias:
“Meu amor é eter...”
A tinta apagou-se...
A TOGA E LIRA: coletânea poética. Abeylard Pereira Gomes ...[
et al.: apresentação por Fernando Pinto. Rio de Janeiro: Record, 1985. 224 p. Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília
HAIKAIS
(1)
Numa árvore seca
eu escrevi o teu nome.
A árvore floriu.
(2)
Grávida a mulher solteira.
Matará o filho
ou o preconceito?
(3)
No chapéu do cego
cai friamente a moeda.
E a caridade?
(7)
Diante da máquina
hesita a operária. Tece
o pano ou o sonho?
(12)
O brilhante? A gota
de orvalho? Decido: a gota!
E me fiz poeta.
*
Página ampliada e republicada em julho de 2023
Página publicada em fevereiro de 2010
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