Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

SOBRE O POEMA PROCESSO,


por AMIR BRITO CADOR

 

(fragmento)

 

 

Extraído de:
CADÔR, Amir Brito.  O Livro de artista e a enciclopédia visual.  Belo Horizonte:          Editora UFMG, 2016.   655 P.   (Artes Visuais) 
ISBN 978-85-423-0167-0
 

 

 


Colocando a leitura em destaque, no final da década de 1960 um grupo de poetas brasileiros (Wlademir Dias-Pino, Álvaro de Sá, Neide Sá e Moacy Cirne) criaram o poema --processo, um movimento de vanguarda que se pretendia inovador ao propor um desmonte nas formas estabelecidas de criação de um poema.

 

Essa corrente faz uma dissociação do que vem a ser POESIA de um lado e, de outro, o POEMA. Conceitua POESIA como um gesto ligado à língua e próprio dos poetas enquanto ope­radores criativos. o POEMA será tratado como um objeto de consumo que será resolvido, apropriado ou interferido pelo re­ceptor da informação, que assumirá, no momento de vivência, a responsabilidade pelo surgimento de uma nova informação. O POEMA possibilita experimentar as muitas formas de lin­guagens, incluindo a performance e o livro de artista (Câmara, 2009, s.p.).

 

Os poetas colocaram em primeiro plano as narrativas gráficas, que acontecem sem nenhum recurso textual, a não ser os títulos ocasionais, utilizando convenções carto­gráficas (diagramas e legendas explicativas), ou recursos de histórias em quadrinhos para montar o encadeamento em uma mesma página, ou utilizando procedimentos do cinema para representar o movimento em uma sequência de páginas. Aqui,

 

as imagens contam também entre os contextos que podem determinar a interpretação de uma imagem individual. A relação é ou aquela da contiguidade (como frequentemen­te em fotografias de imprensa ou na propaganda), ou aque­la da disposição sequencial (como no filme) (Santaella; Nõth, 2005, p. 57).

 

        No livro Germens (1977), que reúne "imagens, gráficos, textos, poemas, projetos", Hugo Mund realiza um verdadei­ro manual do poema-processo: alguns trabalhos funcionam como diagramas explicativos para outros trabalhos que es­tão no mesmo livro, mas não exatamente nas páginas ime­diatamente próximas. Assim, "ligações" é um gráfico com 12 quadrados idênticos, havendo dentro de cada um duas fileiras de três pontos, situados na base e no topo, e de uma a três linhas fazem a ligação entre os pontos, mostrando algu­mas possibilidades combinatórias. Algumas páginas adiante, "matriz para um poema", com 9 quadrados formados cada um por 16 pontos, mostra no verso da página algumas figu­ras formadas pela ligação dos pontos. Mais na frente, um ter­ceiro trabalho retoma a matriz de pontos, desta vez em uma disposição radial, formando uma "constelação", que dá título ao trabalho. O curioso é que o mesmo desenho se repete logo abaixo, permitindo a comparação, com a diferença de que dessa vez todos os pontos foram ligados por segmentos de retas, tornando irreconhecível a estrutura subjacente.

        Os gráficos isolados não formam um argumento, mas a justaposição deles em um livro estimula a comparação, e sua disposição um ao lado do outro se relaciona semanticamente por uma lógica da atribuição, "enquanto imagens em ordem cronológica são antes ligadas por uma lógica da implicação, já que a ordem tem tipicamente como efeito a impressão de uma relação causal" (Thibault-Laulan apud Santaella; Nõth, 2005, p. 57). O livro, com sua simplicidade de recursos, é mais eloquente do que um tratado sobre a percepção visual.

 

 

Gráficos, de Hugo d Júnior (1968),
é álbum que se compõe "de uma
série imagens encadeadas, condu-
zindo a outra, em sequência que
se pode dizer cinética, sugerindo

ao espectador a possibilidade de

compor uma mensagem.

Nenhuna palavra: só cor e forma

                Exprimem o organismo total e

circular, isto é, meio representando
o uno/todo, fim conduzindo a prin-
cípio. Tal é a intenção: dar ao
expectador os elementos para que
ele próprio  realize a obra, para que
não funcione apenas como receptor,
mas que se faça criador também.
Aqui se propõe a função do livro —
cabe agora à diversidade inventiva
de cada um aprovar ou não sua
validade como trabalho autônomo"
(MUND JÚNIOR, 1968).

 

 

 


 

 

        Hugo Mund Júnior,
Gérmens, 1977

 

 

 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar