SIMÕES LOPES NETO AGORA EM CORDEL
Resenha dos livros:
VIANA, Arievaldo. 30O Onças. Ilustrações de Jô Oliveira. Porto Alegre: CORAG, 2010.
41 p. ilus. 10,4x15 cm Adaptação em cordel da obra de Simões Lopes Neto.
ISBN 978-85-7770-108-7
VIANA, Arievaldo. Melancia e Coco Verde. Ilustrações de Jô Oliveira. Porto Alegre: CORAG, 2010. 57 p. ilus. 10,4x15 cm Adaptação em cordel da obra de Simões Lopes Neto.
ISBN 978-85-7770-109-4
por Antonio Miranda
Simões Lopes Neto [ver biografia e poemas do autor aqui no Portal de Poesia Iberoamericana] é o maior nome sobre os costumes gaúcho em forma literária, inclusive em poesia. O poeta cearense Arievaldo Viana empreendeu a façanha de adaptar dois contos gauchescos — "Melancia e Coco Verde" e "300 Onças" à métrica cordelista. A difusão da obra fica mais legível na região nordestina, mas o amigo Jô Oliveira informou que a obra teve uma enorme receptividade em Porto Alegre, durante a Feira do Livro.
A apresentação dos folhetos foi escrita pelo (também) poeta Luiz Coronel que, em alguns livros, trata de temas regionais. "Assim, esse encontro — entre o Cordel e a poética de Simões — não se revela desprovido de sentido, antes, é feito de sutilezas. Se por sua vez o Cordel é tributário da linguagem oral, ritmada, cadenciada e melodiosa; por outra, Simões Lopes Neto soube como ninguém registrar uma "autêntica", ou melhor, verossímil linguagem pampeana." E ainda elogia a contribuição das ilustrações de Jô, baseadas no estilo da xilogravura nordestina. Sem dúvida, Jô Oliveira é um dos maiores artistas plásticos e um dos mais disputados ilustradores de livros do país pela excelência de seu trabalho, como pode ser apreciado pela beleza das capas e por uma das ilustrações aqui estampadas.
A edição é da CORAG, a Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas, que foi largamente distribuída durante a 56a. Feria do Livro de Porto Alegre.
[ LOPES NETO, Simões ] VIANA, Arievaldo. Quinta de São Romualdo. Adaptação em cordel da obra de Simões Lopes Neto. Versão em ordel: Arievaldo Viana. Desenhos: Jô Oliveira. Porto Alegre: Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas – CORAG, 2011. 38 p. 11x15 cm. Col. A.M.
A seguir, um fragmento do cordel e uma ilustração:
(...)
Gatos de todas as cores
E raças logo eu comprei
Mais de trezentos bichanos
Em pouco tempo eu juntei
E na roça dos preás
No mesmo dia eu soltei.
Tinha bichano mourisco
Gato Angorá e siamês
Pé-duro velho e guloso
Eu contei setenta e três
Levei o bando pra roça
Soltei todos de uma vez.
Tinha filhotes pequenos
Gato grande e gato médio
Deram conta do recado
Foi mesmo um santo remédio;
Quando os preás acabaram
Quase que morrem de tédio.
Se danaram pra miar
E de preás, nem o cheiro!
Então, os gatos famintos,
Invadiram o galinheiro
Pegavam frangos e pintos
Até mesmo no poleiro.
Foi uma calamidade
Dessa vez eu quase morro
Foi aí que um amigo
Veio logo em meu socorro
Me dizendo: - Romualdo
Trate de arranjar cachorro!
E haja chegar cachorro...
São Bernardo, perdigueiro,
Galgo, pastor alemão,
Tatuzeiro, veadeiro,
Onceiro e terra-nova
Aos montes, no meu terreiro.
Então soltei os cachorros
No meio do gataral
Só se ouvia o barulho
Animal contra animal
Até que os gatos correram
E não restou nem sinal.
(...)
Brasília, 11 de dezembro de 2010
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