HAROLDO DE CAMPOS REVISITADO
por Antonio Miranda
sobre
SIGNÂNCIAS: REFLEXÕES SOBRE HAROLDO DE CAMPOS,
org. André Dick
São Paulo: Poiesis; Risco Editorial, 2010. 313 p
ISBN 978-85-63930-00-2
Haroldo de Campos continua (e merece) sendo um dos mais celebrados poetas brasileiros. Sua vasta produção poética, as múltiplas traduções e "in"traduções de grandes poetas clássicos e vanguardistas que nos legou, a quantidade inacreditável de ensaios, críticas e resenhas que escreveu revelam sua vida intensa e extremamente comprometida com a poesia. Sem dúvida, um dos mais prolíficos mas profundos criadores literários do século XX, tarefa que o irmão Augusto de Campos continua, com independência e originalidade.
Já fizemos o registro da obra recente* lançada em Oxford com os textos de seminários sobre o nosso poeta concretista realizados na Inglaterra e nos Estados Unidos, o que demonstra a projeção internacional do autor de "Galáxias".
No Brasil, onde há ainda resistência quanto à genialidade de Haroldo entre os mais conservadores e os desinformados, acaba de surgir a obra coletiva "SIGNÂNCIAS: reflexões sobre Haroldo de Campos, organizada por André Dick e que foi publicada a partir de uma produção da Organização Poiesis, que é dirigida por outro grande poeta contemporâneo — Frederico Barbosa. Por certo, Frederico dirige a Casa das Rosas, que está dedicada à Poesia em homenagem a Haroldo, em que está depositada uma grande parte da biblioteca do homenageado. Na Casa das Rosas, atualmente, se apresenta a exposição OCUPAÇÃO HAROLDO DE CAMPOS H LÁXIA, simultaneamente e complementarmente com o espaço Itaú Cultural, na Avenida Paulista, em São Paulo, SP.
Também já homenageamos Haroldo na Biblioteca Nacional de Brasília, em 2009, na série Tributo ao Poeta, numa apresentação pública feita pelo acadêmico José Fernandes, da Universidade Federal de Goiás, cujo texto foi publicado no segundo volume da série**.
Haroldo mapeou e dissecou os originais da Paideuma do concretismo e de todas as vanguardas do século XX, vertendo uma parcela significativa dos textos originais ao nosso idioma. Seus textos disseminaram-se e influenciaram a produção literária de muitos países. Curiosamente, ele é mais referido que lido. Certa vez o poeta Carpinejar disse que Mário Quintana era querido até pelos que jamais o leram... No caso de Haroldo dá-se o paradoxo de que alguns de seus detratores jamais o leram, ou não conseguiram, pois requer um instrumental teórico e morfológico adequado para aprofundar-se em sua criação literária, embora tais ferramentas encontram-se em sua própria obra... SIGNÂNCIAS, agora lançado, é mais um vademecum à disposição do leitor interessado em decifrar sua obra e a de seus contemporâneos.
SUMÁRIO: SIGNÂNCIAS MÚLTIPLAS, por André Dick; EVOCANDO HAROLDO NA CASA DAS ROSAS, por Carlos Ávila; VIAJANDO COM HAROLDO, por Leyla Perrone-Moísés; REVENDO ESTRELAS EM OUTRAS GALÁXIAS, por Cristina Monteiro de Castro Pereira; HAROLDO DE CAMPOS: POETA LUDENS. por Kenneth David Jackson; A DESPEDIDA, por Luiz Costa Lima; ENTRE A IMPRESSÃO E O INAPREENSÍVEL;HAROLDO DE CAMPOS SEGUNDO JACÓ GUINSBURG - Entrevista de Génese Andrade; "ESCRITURAS QUE BRILHAM EM PLENA NOITE": HAROLDO DE CAMPOS E A LITERATURA HISPANO-AMERICANA por Génese Andrade; HAROLDO DE CAMPOS: O FOCO EXTENSIVO DA PASSAGEM, por Marcelo Tápia; DO ÉDEN DE HAROLDO DE CAMPOS, por Enrique Mandelbaum; UM SEGUNDO FENÓMENO RARO, UM SEGUNDO FENÓMENO RARO, por Marcelo Tápia; BREVES COMENTÁRIOS ÀS TRADUÇÕES DE DANTE POR HAROLDO DE CAMPOS, pot Aurora Fornoni Bernardini; O SEGUNDO ARCO-ÍRIS BRANCO DE HAROLDO DE CAMPOS, por Luíz Costa Lima; DO IDEOGRAMA AO FONOGRAMA: A TRAVESSIA HAROLDIANA ORIENTE-OCIDENTE, por Yun Jung Im; A ESCRITA EXIGENTE E GENEROSA DE HAROLDO DE CAMPOS, por Susana Kampff Lages; BREVE CRONOLOGIA DA VIDA E OBRA DE HAROLDO DE CAMPOS
*Haroldo de Campos - a dialogue with the Brazilian Concrete Poet. Edited by David K. Jackson. Oxford: Center for Brazilian Studies, 2010. 270 p. ISBN 978-0954-49705-6 / 09544070-5-9 Leia mais....
** TRIBUTO AO POETA. Vol. 2. Org. Angélica Torres Lima. Brasília: Thesau
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