Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SEMÂNTICA DA CRIAÇÃO
[ SOBRE UM POEMA DE CELSO JAPIASSÚ ]

Por ANTONIO SÉRGIO MENDONÇA

 

Extraído de:

MENDONÇA, Antonio Sérgio.  De Oswald de Andrade ao concretismo e o           poema/processo.  Petrópolis: Vozes, 1970.  96 p.  (Coleção Vozes do Mundo Moderno, 2)

 

Semântica da Criação

 

                A CRIAÇÃO

         A luta cai entre os corpos
         Como uma pedra
         Poupa a vertigem.

         O homem trabalha o medo
         — mural acrescentado —
         de saturar uma bala.

         Como traçar a vindita
         interpretada na máquina
         ou recolher o desterro
         da terra elaborada:

         Enumerar o granito
         que delimita o curral
         e sangra a vaca o cavalo
         o sal o feijão o mal.

         Como o porco ohomem
         grita
         e a si mesmo
         descobre
         beirando a face domito.

                                  CELSO JAPIASSÚ
                             IN: O Texto e a Palha
    Belo Horizonte: Movimento Perspectiva, s. d.

 

O POETA DE CELSO JAPIASSÚ conduz  a uma substancialização semântica dos componentes do mundo da criação. Este, em si, da espécie humana se formula como tal na estrutura do poema, pelo fato de que se realiza através de planos sintáticos de troca e da comparação, que o visualiza como elemento principal de uma semântica geral.

 

 

Obs. Cada semântica geral se formula em semânticas regionais responsáveis pela definição de seu componente. Eé  quando efetuamos a troca entre um plano e outro que estabelecemos a convergência com a definição final. Necessitamos atuar través da símile/processo poético de comparação, para operarmos uma substancialização ontológica de cada plano desta definição. É a possibilidade de uma leitura polivalente, de pesquisa num léxico de invenção, do abandono da interpretação lógico-verbal, da narração espelhar e retilínea, que nos conduz  a uma ida necessária ao campo sintático da comparação. Penetrando em sua especificidade estabelecemos um significado possível, sorte que é produto de uma metodização, que dele estrai apenas as combibações de uma relação sintático-semântica, e também pelo fato de não haver uma relação newtoniana entre o dito poético enquanto forma e enquanto problema,e sim um possível sentido atinente a determinada visualização da forma, que comporta outras, desde que delimitadas por sua logicidade interna.

 

Semântica da Criação

< 1º.  Componente  — Luta >

 

A combinação, numa leitura, dos versos ½, leva-nos à imagem mental do inexorável. Este é dado pela construção sintática, em símile, da relação referente da coisa acabada, que a espacialização da imagem de pedra suscita, pela relação deum mesmo campo semântico que a ela fornece luta/cai/pedra.

São index da símile. A combinação dos versos 2/3 nos conduz ao imprevisto na narrativa, denotado pela ligação não aparente entre vertigem e este campo semântico. Este nos conduz à ilação da forma. Essa é conceptível pela relação homonímica mantida no real como dado referente entre pedra/vertigem, denotada pela semântica de cair. Ambas possuem uma propriedade que as aproxima enquanto campo semântico. Esta aproximação, além do imprevisto, possibilita, nesta leitura polivalente em torno do núcleo semântico luta, ler vertigem como uma continuação de queda, e portanto convergindo para a mesma relação semântica do inexorável. O sentido do poema, de constituir o inexorável por um procedimento poético imprevisto (utilizando a troca como recurso sintático da semântica geral, e a símile como recurso sintático da semântica especial), é reiterado.

A segunda estrofe substitui o componente luta pelo componente homem e realiza a sua semantização através da símile. O sentido de imprevisto está na denotação, através de dois traços léxico — de mural acrescentado — , situando um sentido de continuidade ao imprevisto. E possibilitando também uma leitura associada à semântica de medo; e, no caso, já justaporíamos a esse mural o plano da definição. Pois o fato de moral acrescentado ser o próprio homem — numa outra leitura possível —. Traz-nos a volta d inexorável. O ver-se diante do já feito. E a partir daí, sim podemos nos dirigir à definição; o que é dá a esse imprevisto uma continuação bem próxima a uma relação com um léxico preso à semântica de luta — medo/saturar/bala. O imprevisto sofre um processo de redobro semântico, que é o fato de inesperado trazer uma nova forma significativa, fruto de um processo sintático de trocas em relação a ele.

Associa-se à introdução do terceiro componente. Mulher: o redobro semântico se virtualiza, inclusive, pelo fato de ser reservada ao plano interno desta uma área semântica mais ampla atinente a um espaço gráfico-visual mais amplo. Neste, o processo sintático de símile virtualiza as relações semânticas do plano. O paradoxo/impossível associa-se à ideia de mulher. Há, sem dúvida, uma relação implícita que a distingue, colocando-se pela relação implícita que a distingue, colocando-se pela relação de seu léxico, mas perto do mito. Temos o paradoxo pela colocação das condições do impossível associadas a uma relação comparativa entre a mulher e o inesperado.

A mulher seria o inesperado nas mesmas condições paradoxais que geram a impossibilidade de aquilatar as hipóteses da quarta estrofe:

como traçar a vindita
interpretada na máquina
ou recolher o desterro
na terra elaborada.

A terra elaborada só se associa a desterro num paradoxo, mas nos versos anteriores tal processo é denotado pela justaposição de uma leitura afirmativa, contém implicitamente uma interrogativa, denotada pelas duas possíveis leitura rítmicas.

A quinta estrofe converge para o sentido de impossível em seus dois primeiros verso, pela relação quantitativa entre enumerante e enumerado. E relata a relação entre mulher e o cotidiano, pelo fato de ela usar essa percepção presa a seus processos de ser, mesmo quando se depara com um cotidiano, denotado pela correlação léxica vaca/cavalo/sal/etc.  É o fato de a narrativa justapô-la, de modo a que a mulher esteja presa a tal imagem quando vai se relacionar com o léxico que indica o cotidiano, o qual nos possibilita esta leitura.


Sistema de convergência

              { LUTA

CRIAÇÃO { HOMEM    inexorável  constituído pelo im-
                              <
                {
MULHER     previsto como comportamento
                                                   narrativo semântico.

 Na realidade: imprevisto/inexorável prendem-se a uma semântica da criação. E nesta semântica a luta é o momento aglutinador, a princiípio fora do homem, depois nos dados-léxicos do próprio como campo semântico medo/saturar/bala; vindita/sangra — assim o Homem= homem + mulher — compõem-se desta maneira como concretização da criação. São, contudo objetos que executam as ações que a criação em sua semântica virtual luta lhes legou. A estrofe final reitera o imprevisto e a comparação, denotados pela associação num mesmo campo semântico com porco, pela conjunção que atua como desinência adverbial de modo, índex da símile poética.

Os versos finais transformam esta condição humana de passividade, mas, neste momento, efetua-se uma transferência dos atributos da criação. O homem se transforma no mito. Torna-se o caminho da essência (criação) em caminho da existência (homem). Temos o léxico de transformação pela associação entre um ato que na aparência se prende ao homem e a natureza, mas tem essencialmente seu sentido diferente, e pelo mito estar fora do visível. Lá o homem efetuou tal descoberta em si mesmo. Mas, todo o problema se retoma; na realidade deu-se um descentramento do homem, sem contudo a visão de classe, assentada na linguagem, nos colocar fora dos limites da ontologia. O que, sem dúvida, mantidas as diferenças objetuais, coloca a ontologia da poética próxima da ontologia da filosofia, quando ambas diz. “Ser radical é tomar as coisas pela raiz. Mas, para o homem a raiz é o próprio homem” (vide Karl Marx em seus textos hegelianos). No entanto, o discurso literário no parece o palco //sem fundo// mais próprio para esta pré-visão, uma vez que a produz falando o silêncio do real, por dizê-lo no contato direto da coisa (res).

 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar