POEMOBILIES, de AUGUSTO DE CAMPOS e JULIO PLAZA chega à 3a. edição
Uma caixa de papelão contendo 12 poemóbiles foi lançada pelo selo Demônio Negro, da editora Annablume, de São Paulo, no final do 2010. O referido selo costuma publicar edições para colecionadores, com tiragens muito reduzidas e capas duras revestidas de pano. Neste caso, optou por uma capa desdobrável, de papelão, bastante frágil. Projeto gráfico (redesenho) por Wanderley Mendonça.
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A associação do poeta concretista Augusto de Campos com o artista multimidia Julio Plaza, que veio a notabilizar-se por projetos multimidia, em projetos pioneiros de videopoemas e por traduções intersimióticas, rendeu este trabalho considerado hoje uma obra importante na evolução de nossa poesia objetual. Os poemóblies são desdobráveis como os origames, numa combinação engenhosa entre o texto sintético do poeta com as dobraduras em papel do artista.
As duas primeiras edições, de 1968 e 1984, hoje são disputadas por colecionadores, cujos preços são disputados, não raras vezes em leilões, começam em 1 mil dólares em média o lance.
Na opinião de Régis Bonvicino, na revista Sibilia
[http://www.sibila.com.br/index.php/critica/1727-relendo-poemobiles-de-augusto-e-plaza ],
Os poemas, de Poemóbiles, em si, algumas vezes, vigem mais como intenção do que como resultado, fazendo, dessa perspectiva, uma ponte com a arte conceitual, paradoxalmente. Aliás, os textos estão, em momentos, um pouco aquém dos objetos de Plaza, sobretudo, os “republicados”, como “Vivavaia” ou “Luxo”. O impessoalismo olímpico (expressão do crítico João Adolfo Hansen para definir o poema concreto) de “Luxo”, um poema concreto tout court, mina sua própria racionalidade crítica, no vaivém de seu agora móbile, de seu apagar-se pictográfico. Há pontos altos como “Entre”. A preposição, e também verbo no imperativo, está, sugestivamente, cortada ao meio e propõe ao leitor: ter/ ver /sub; isto é, subverter, subter, ver debaixo, ver por baixo. Objeto e palavra estão bem articulados, um é necessário ao outro.
Poemóbilies é, não obstante a polêmica que sempre cercou a obra, o exemplo mais lúdico do processo de transformação do concretismo, ao adotar formas não-significantes mas que incorporam a participação do "leitor" (tentativa já experimentada nos neo-objetos de Ferreira Gullar, por exemplo) através da manipulação, antes que a informática desenvolvesse programas para a virtualização do movimento.
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