CONTRA OS ISMOS E OS SISMOS DA VANGUARDA – O EXEMPLO DE OBRANOME
CONTRA LOS ISMOS Y LOS SISMOS DE LA VANGUARDA – O EXEMPLO DE OBRANOME
AGAINST THE ISMS AND CISMS OF THE VANGUARDS – THE OBRANOME EXAMPLE
De/From: OBRANOME II / projeto, curadoria e organização editorial, Wagner Barja. Brasília: Museu Nacional: Cultur, 2008 120 p.
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CONTRA OS ISMOS E OS SISMOS DA VANGUARDA
– O EXEMPLO DE OBRANOME
Antonio Miranda
Vamos partir da premissa de que é impossível, ou inútil, até mesmo indesejável, uma definição cabal do conceito de "OBRANOME". Em princípio, é "possível" , sim, partindo dos textos já publicados e da obra acumulada por Wagner Barja como criador e como curador de exposições, chegarmos a um "conceito" - como já foi tentado e divulgado em catálogos e artigos. Podemos chegar ao que, ironicamente, intitulamos "definição consuetudinária", do tipo "as it is", de forma mais pragmática ou descritiva que propriamente epistemológica ou teórica. Certamente válida para entender a evolução de um processo, não para entender o fenômeno em sua essência. Caímos na arapuca da fenomenologia, em que se confunde a visão da coisa com a sua própria realidade.
Certamente que há uma corrente defendendo a questão do "olhar" como forma possível de entendimento. Tem sua razão de ser, certamente que orienta mas também subjetiviza o fenômeno.
Na história das artes e das literaturas, os críticos sempre tiveram a pretensão de enquadrar a arte em preceitos e "ismos", que iam rotulando, sucessiva ou concomitantemente, não raras vezes conflitivamente, as propostas estéticas e os movimentos de criação artística e literária, não raras vezes mediante manifestos e polêmicas entre os seus ativistas. O século 20 foi uma sucessão de "ismos" desdobrando-se, contrapondo-se, negando-se, restaurando, imbricando, polemizando, demolindo e restabelecendo postulados e valores*. Nas artes, na política, no comportamento, nos movimentos sociais, econômicos... Para citar apenas as artes e literaturas, tivemos parnasianos, simbolistas, surrealistas, dadaistas, tachistas, concretistas, decadentistas, fauvistas como criadores e pregadores nesses movimentos, sem esquecer o psicodelismo, o cinetismo, o neoconcretismo.
Não constituíram exatamente "etapas" porquanto foram concorrentes e conflitantes dentro de um processo de renovação que se resume, grosso modo, no modernismo, no pós-modernismo, em revisões como o neobarroco, até às fronteiras do que no século 21 se pretende cognominar "hipermodernismo", no âmbito do globalismo, da teoria da complexidade, do holístico, etc.
Talvez OBRANOME seja uma expressão nesse pós-tudo, ou uma visão mais fractal ou híbrida que deve permanecer aberta a novas propostas, como pretendemos afirmar.
O notável trabalho heurístico do pesquisador argentino Gonzalo Aguilar, em seu livro (decorrente de sua tese de doutorado) Poesia concreta brasileira - as vanguardas na encruzilhada modernista, EdUSP, 2005, revelou que todas as vanguardas brasileiras começaram e continuaram atreladas ao modernismo. Até mesmo OBRANOME não foge a esta categorização, se quisermos entender obras de Wagner Barja como "Acadêmico" como um desdobramento ou atualização do "poema-piada" que Manuel Bandeira, entre outros, cultivou.
O que é interessante notar é que o Concretismo tentou abolir o "eu" da poesia, estabeleceu um locus para a poesia a partir da paideuma que parte do espaço em branco de Mallarmé, supera o figurativismo decorativo de Apollinaire (cujos caligramas restauraram práticas antigas de persas, árabes, judeus e chineses), transpassava o experimentalismo de E. E. Cummings, assentava-se em postulados de Max Bense e se hasteava nos princípios ideogrâmicos difundidos por Fenelosa e Ezra Pound. Mas estabeleceu uma ecclesia, uma forma cujas limitações ou dogmatismos, tiveram o mérito de instaurar e ao mesmo tempo enclausurar a renovação das artes modernistas. Aguilar demonstra que a exaustão das fórmulas obrigou a que os concretistas buscassem novas saídas para o impasse, passando pelo engajamento político (lembrem-se do poema "coca-cocô-cola" de Décio Pignatari), aproximando-se e associando-se até mesmo com o tropicalismo de Caetano, Gil e outros.
OBRANOME incorpora em sua paideuma obras dos concretistas Augusto de Campos e outros, principalmente em fases mais recentes, com o concurso de artistas como Plaza, Xico Chaves, Montejo Navas, etc, e restaura o "eu" através do subjetivismo de seus criadores, mas mantendo o critério da "coisificação" (objeto = objetivação da arte) em muitas de suas obras, abrindo-se para outras escalas que chegam ao performismo, às peças desdobráveis (como os "bichos" de Lygia Clark) e até às "instalações", espécie de teatralização ou espetacularização da arte pelo que ela tem de mais residual, momentâneo, descartável, antidogmático.
Já se tentou definir a poesia como um gênero estritamente literário, e há até uma tese afirmando isso publicada no final do século passado. Define-se, eruditamente, um tipo de poesia. Mas a poesia tem razões que a própria razão desconhece, não se enquadra em uma definição acadêmica, por mais erudita e bem documentada que seja. Em verdade, muitos poetas acham que a poesia é um processo criativo e um conjunto de obras restrito ao período gutenberguiano, de cinco séculos, que culmina e se perpetua na prática do soneto petrarquiano. Mas a poesia é multimilenar, sempre esteve associada a outras manifestações artísticas e sociais (ao teatro, à história e às sagas, à música, às liturgias e monumentos religiosos e místicos, cabalas, à fantasia e à contestação). Sem exagero, a poesia sempre foi visual, além de oral, musical. Não apenas porque está aí a prova do poema visual, em formato de ovo, do grego Simias de Rodes, concebido três séculos antes de Cristo, e de todos os exemplos de criação poética do imaginário esotérico até os poemas objetuais de nossos dias, tão bem compilados e analisados pelo pesquisador goiano José Fernandes em O poema visual: leitura do imaginário esotérico (da antiguidade ao século XX), Petrópolis: Vozes, 1996. Existe poesia visual no plano, em três dimensões, em movimento, audível, inscrita de alguma forma para o tal "olhar" de que tanto se fala nos últimos tempos.
OBRANOME é uma reunião eclética (não eclesiástica) desses rituais criativos. A um tempo material e virtual, causa e efeito de uma mesma experiência de relação com o mundo. Ou de sua representação, ou recriação.
Confluem na poesia visual contemporânea - incluindo OBRANOME - as três vertentes integracionistas da criação: a) a literária, com a presença da palavra inscrita ou apenas evocada na relação com o objeto, para seu pretenso entendimento; b) a plástica, que convoca artistas de todas as dimensões criativas, da pintura à escultura, até os gestuais e descontrutivistas); e c) o uso de metodologias e tecnologias de construção da "obra" desde tempos imemoriais até o emprego de recursos telemáticos que desterritorializam e desmaterializam o trabalho do artista ou poeta do novo século em que vivemos.
Não cabe mais discutir o purismo da poesia como primado da linguagem escrita. Daí porque, no âmbito da I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA, partimos de um Simpósio de Crítica da Poesia, organizado por Sylvia Cyntrão, para estudar as relações da poesia contemporânea com as linguagens escritas, musicais, audioviosuais, gênero, tradução, etc, passando por saraus e perfomances, exibição de filmes e vídeos, exposições de obras e fotografias, promovendo oficinas e debates, e - para centrarmos no objeto do presente texto - na exposição OBRANOME II que oferece uma panorâmica de tais manifestações no espaço do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. A poesia é agora multimensional, ou sempre foi, conforme as propostas e recursos próprios de cada época, de sua manufatura no processo criativo. Relacional, interativa, multivocal, além de individual, em papel ou em holografias, a poesia sobrevive e se renova, mesmo que não respeite (!!!) os cânones tradicionais. Nessa antropofagia e nessa reconstrução, toda a vanguarda é o obsoleto por antecipação, toda a renovação carrega necessariamente, rompendo ou renovando, uma tradição, como Edgar Morin já vaticinou. E que OBRANOME III retome o postulado e nos surpreenda, como é o caso de OBRANOME II em relação à edição anterior, graças ao engenho e arte de seu criador, curador e artista Wagner Barja.
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*É bom lembrar a invectiva de Menotti del Picchia sobre o "sonetococcus brasiliensis" dos parnasianos, e o confronto surdo entre a geração 45 e os concretistas.
TEXTO EN ESPAÑOL
CONTRA LOS ISMOS Y LOS SISMOS DE LA VANGUARDA
– O EXEMPLO DE OBRANOME
Antonio Miranda
Traducción de Javier Iglesias
Vamos a partir de la premisa de que es imposible, o inútil, hasta mismo indeseable, una definición cabal del concepto "OBRANOMBRE". En principio, es "posible”, sí, partiendo de los textos ya publicados y de la obra acumulada por Wagner Barja como creador y como curador de exposiciones, llegar a un "concepto" - como ya fue intentado y divulgado en catálogos y artículos. Podemos llegar a lo que, irónicamente, intitulamos "definición consuetudinaria", del tipo "as it is", de forma más pragmática o descriptiva que propiamente epistemológica o teórica.
Ciertamente valida para entender la evolución de un proceso, no para entender el fenómeno en su esencia. Caímos en la emboscada de la fenomenología, en que se confunde la visión de la cosa con su propia realidad.
Ciertamente hay una corriente defendiendo la cuestión de "mirar" como forma posible de entendimiento. Con su razón de ser, ciertamente que orienta pero también subjetivaza el fenómeno.
En la historia de las artes y de las literaturas, los críticos siempre tuvieron la pretensión de encuadrar el arte en preceptos e "ismos", que iban rotulando, sucesiva o concomitantemente, no raras veces conflictivamente, las propuestas estéticas y los movimientos de creación artística y literaria, no raras veces mediante manifiestos y polémicas entre sus miembros. El siglo 20 fue una sucesión de "ismos" desdoblándose, contraponiéndose, negándose, restaurando, imbricando, polemizando, demoliendo y restableciendo postulados y valores*. En las artes, en la política, en el comportamiento, en los movimientos sociales, económicos... Para citar apenas las artes y literaturas, tuvimos parnasianos, simbolistas, surrealistas, dadaístas, tachistas, concretistas, decadentistas, fauvistas como creadores y oradores de esos movimientos, sin olvidar el sicodelismo, el cientismo y el neoconcretismo.
No constituyeron exactamente "etapas" porque fueron contrincantes y conflictantes dentro de un proceso de renovación que se resume, de manera general, en el modernismo, en el pos-modernismo, en revisiones como o neobarroco, hasta las fronteras de lo que en el siglo 21 se pretende cognominar "hipermodernismo", en el ámbito de la globalización, de la teoría de la complejidad, del holístico, etc.
Tal vez OBRANOMBRE sea una expresión en ese pos-todo, o una visión más fraccionada o híbrida que debe permanecer abierta a nuevas propuestas, como pretendemos afirmar.
El notable trabajo heurístico del investigador argentino Gonzalo Aguilar, en su libro (decurrente de su tesis de doctorado) Poesía concreta brasileña - las vanguardias en la encrucijada modernista, EdUSP, 2005, reveló que todas las vanguardias brasileñas empezaron y continuaron amadrinadas al modernismo. OBRANOMBRE también no huye de esta categorización, se quisiéramos entender las obras de Wagner Barja "Académico" como un desdoblamiento o actualización del "poema-chiste" que Manuel Bandeira, entre otros, practicó.
Es interesante notar que el Concretismo intento abolir el "yo" de la poesía, estableció un locus para la poesía a partir de la paideuma que parte del espacio en blanco de Mallarmé, supera o figurativismo decorativo de Apollinaire (cuyos caligramas restauraron prácticas antiguas de persas, árabes, judíos y chinos), traspasaba el experimentalismo de E. E. Cummings, se asentaba en postulados de Max Bense y se hastiaba en los principios ideográficos difundidos por Fenelosa y Ezra Pound. Pero estableció una Eclésia, una forma cuyas limitaciones o dogmatismos, tuvieron el mérito de instaurar y al mismo tiempo enclaustrar la renovación de las artes modernistas. Aguilar demuestra que el agotamiento de las formulas obligó a que los concretistas buscasen nuevas salidas para el atolladero, pasando por el comprometimiento político (recordemos el poema "coca-cagarruta-cola" de Décio Pignatari), aproximándose y asociándose con el tropicalismo de Caetano, Gil y otros.
OBRANOMBRE incorpora en su paideuma obras de los concretistas Augusto de Campos y otros, principalmente de las fases más recientes, con la complacencia de los artistas como Plaza, Xico Chaves, Montejo Navas, etc, y restaura el "yo" a través del subjetivismo de sus creadores, pero manteniendo el criterio de la "cosificación" (objeto = objetivación del arte) en muchas de sus obras, abriéndose para otras escalas que llegan al performismo, a las piezas desdobladas (como los "bichos" de Lygia Clark) y hasta las "instalaciones", especie de teatralización o espectacularización del arte por que tiene de más residual, momentáneo, desechable, antidogmático.
Ya se intento definir a la poesía como un género estrictamente literario, y hay hasta una tesis afirmando eso publicada a finales del siglo pasado. Definiéndose, eruditamente, un tipo de poesía. Pero la poesía tiene razones que la propia razón desconoce, no se encuadra en una definición académica, por más erudita y bien documentada que sea. La verdad, es que muchos poetas creen que la poesía es un proceso creativo y un conjunto de obras restricto al período gutenberguiano, de cinco siglos, que culmina y se perpetúa en la práctica del soneto petrarquiano. Pero la poesía es multimilenar, siempre estuvo asociada a otras manifestaciones artísticas y sociales (al teatro, a la historia y a las sagas, a la música, a las liturgias y monumentos religiosos y místicos, cábalas, a la fantasía y a la contestación). Sin exagero, la poesía siempre fue visual, además de oral, musical. No apenas porque ahí está la prueba del poema visual, con forma de huevo, del griego Simias de Rodes, creado tres siglos antes de Cristo, y de todos los ejemplos de creación poética del imaginario esotérico hasta los poemas objetuales de nuestros días, tan bien compilados y analizados por el investigador goiano José Fernandes en El poema visual: lectura del imaginario esotérico (de la antigüedad al siglo XX), Petrópolis: Vozes, 1996. Existe poesía visual en el plano, en tres dimensiones, en movimiento, audible, inscrita de alguna forma para el tal "mirar" de que tanto se habla en los últimos tiempos.
OBRANOMBRE es una reunión eclética (no eclesiástica) de esos rituales creativos. Al mismo tiempo material y virtual, causa y efecto de una misma experiencia de relación con el mundo. O de su representación, o recreación.
Confluyen en la poesía visual contemporánea - incluyendo OBRANOMBRE - las tres vertientes integracionistas de la creación: a) la literaria, con la presencia de la palabra inscrita o apenas evocada en la relación con el objeto, para su presunto entendimiento; b) la plástica, que convoca artistas de todas las dimensiones creativas, de la pintura a la escultura, hasta los gestuales y descontructivistas); y c) el uso de metodologías y tecnologías de construcción de la "obra" desde tempos inmemoriales hasta el empleo de recursos telemáticos que desterritorializan y desmaterializan el trabajo del artista o poeta del nuevo siglo en que vivimos.
No cabe más discutir el purismo de la poesía como primado del lenguaje escrito. Por eso, en el ámbito de la I BIENAL INTERNACIONAL DE POESÍA, partimos de un Simposio de Crítica de la Poesía, organizado por Sylvia Cyntrão, para estudiar las relaciones de la poesía contemporánea con los lenguajes escritos, musicales, audiovisuales, género, traducción, etc., pasando por descargas y perfomances, exhibición de películas y videos, exposiciones de obras y fotografías, promoviendo talleres y debates, y - para concéntranos en el objeto del presente texto – en la exposición OBRANOMBRE II que ofrece una panorámica de tales manifestaciones en el espacio del Museo Nacional del Conjunto Cultural de la República. La poesía es ahora multimensional, o siempre fue, conforme las propuestas y recursos propios de cada época, de su manufactura en el proceso creativo. Relacional, interactiva, multivocal, además de individual, en papel o en holografías, la poesía sobrevive y se renueva, mismo que no respete los cánones tradicionales. En esa antropofagia y en esa reconstrucción, toda la vanguardia es el obsoleto por anticipación, toda la renovación carga necesariamente, rompiendo o renovando, una tradición, como Edgar Morin ya previo. Y que OBRANOMBRE III retome el postulado y nos sorprenda, como es el caso de OBRANOMBRE II en relación a la edición anterior, gracias al ingenio y arte de su creador, curador y artista Wagner Barja.
*Es bueno recordar la invectiva de Menotti del Picchia sobre el "sonetococcus brasiliensis" de los parnasianos, y el confronto sordo entre la generación 45 y los concretistas.
Metadados: Poesia Visual – exposições.
TEXT IN ENGLISH
AGAINST THE ISMS AND CISMS OF THE VANGUARDS – THE OBRANOME EXAMPLE
Antonio Miranda
Let’s start from the premise that it is impossible or useless, or even undesirable to have a reasonable definition for the ”OBRANOME” concept. At first, it is “possible”, by analyzing the texts which have already been published, and the literary works accumulated by Wagner Barja, a creator and curator of the exhibitions, we would come to a “concept”- an attempt which has already been made in catalogues and articles. We can come to what we have, ironically, called a “consuetudinary definition” of the type “as it is”, on a more pragmatic and descriptive manner rather than epistemological or theoretical. Certainly it is valid to understand the progress of a process, not to understand the phenomenon in its essence. We have been caught in the trap of phenomenology, in which the vision of the thing gets mixed with its own reality. Certainly, there is a current defending the issue of “the look” as a possible manner of understanding. It has its reason to be, it certainly guides but also makes the phenomenon more subjective.
In the history of arts and literature, critics always whished to picture art in concepts and “isms”, placing successive labels, sometimes in a conflictive fashion, on aesthetic proposals and movements of artistic and literary creations, not rarely by means of manifests and controversy amongst its activists. The 20th century was a succession of “isms”, unfolding itself, opposing itself, denying itself, restoring, overlapping, creating controversies, demolishing and re-establishing postulates and values*, in arts, in politics, in people’s behaviors, in social and economic movements. To mention only Arts and Literature, we had Parnassians, Symbolists, Surrealists, Dadaists, Tachists, Concretists, Decadistas, Fauvists as creators and disseminators of those movements, not failing to mention Psychodelisn, Kinetism and Neo-concretism.
They cannot be considered “stages” since they were competitive and conflictive within a renewal process, which can be summarized in Modernism, Post-modernism, in revisions like the Neo-baroque, until the frontiers of what was tried to be achieved in the 21st century with “hyper-modernism”, in the scope of Globalism, the Theory of Complexity, Holistic etc…
Maybe OBRANOME is an expression after this “post-all” or a more fractal or hybrid vision, which should remain open to new proposals, as we intend to affirm
The outstanding heuristic works of Argentinean researcher Gonzalo Aguilar, in his book (a result of his doctorate dissertation) Brazilian Concrete poetry- the new trends in modernist crossroads (Poesia concreta brasileira - as vanguardas na encruzilhada modernista), published by EdUSP 2005 revealed that all Brazilian trends started and continue connected to Modernism. Even OBRANOME is not exempt from this categorization, if we want to understand works by Wagner Barja, like “Acadêmico" as a folly or an update of the “joke poem”, developed by Manuel Bandeira and others.
What is interesting to note is that Concretism tried to abolish the “Ï” from poetry, establishing locus for poetry since paideuma, which starts with the white space by Mallarmé, overcomes the figurative decorations of Apollinaire (whose caligrams restore old practices of Persians, Arabs, Jews and Chinese), and trespassed Experimentalism of E. E. Cummings, basing itself on the postulate of Max Bense and ideogramic principles promoted by Fenelosa and Ezra Pound. It established an ecclesia, a shape whose limits or dogmatisms had the merit to establish and, at the same time, imprison the renewal of Modern Arts. Aguilar demonstrates that the exhaustion of formulas made Concretists search for new solutions for the dilemma, through political engagement (remember the poem "coca-cocô-cola" by Décio Pignatari), which got closer to, and associated itself with Tropicalism of Caetano, Gil and others.
OBRANOME incorporates its paideuma works of concretist poet Augusto de Campos, especially in more recent phases, and other artists like Plaza, Xico Chaves, Montejo Navas, etc, and restores "I" through subjectivism of its creators, but maintaining the criterion of "coisificação" (object= objectivity of art) in many of its works, opening itself to other scales, getting close to performances, unfolding plays (like “ os bichos” by Lygia Clark) and even the “installations”, a type of drama or art presentation, showing its share of residual, transitory and anti-dogmatic traits.
We have tried to define poetry as a strictly limited gender and there is even a thesis, which stated that and was published at the end of last century. We define poetry on an erudite fashion, but poetry has reasons that even Reason fails to understand, it does not fit in any academic definition, even those that are very erudite and well documented. Actually, many poets believe that poetry is a creative process and a group of works limited to the Gutenberg period of five centuries, and which comes to its high point with the practice of Petrarch’s sonnet. But poetry goes beyond milleniuns; it has always been associated to other artistic and social manifestations (to the theatre, to history, to saga, music the liturgy and religious and mystical movements, to cabala, fantasy and contestation). Without exaggeration, we can say that poetry has always been visual, as well as oral and musical. Not only because we have the evidence of the visual poem in the shape or an egg, from the Greek artist Simias de Rodes, conceived three centuries before Christ, and other examples of poetical creation, from mystical thoughts to object poems of current days, so well compiled and analyzed by researcher José Fernandes in his book “The visual poem, reading of imagination” (from old days to the XX century (O poema visual: leitura do imaginário esotérico (da antiguidade ao século XX), published by Vozes, 1996. We have visual poetry in three dimensions, moving, being heard and written for the so-called “look” that people have been talking so much about.
OBRANOME is an eclectic reunion (non-ecclesiastic) of these creative rites, under a material and virtual timing, the cause and effect of the same experience of a relationship with the world, or its representation or recreation.
In current visual poetry, including OBRANOME, we have the convergence of three integrationalist trends of creation: a) the literary trend, with the presence of the written word, or sometimes just evoked by the relation with the object for its assumed understanding; b) the plastic trend, calling artists from all creating dimensions, from painting to sculpting, coming to gestural and de-constructivists; and c) the use of methodologies and technologies to construct these “literary works” from long forgotten times, until the employment of telematic resources which de-territorialized and de-materialized the works or artists and poets of the new century in which we live in.
It is no longer valid to discuss the purity of poetry, as a primacy of written language. On the level of the I INTERNACIONAL BIENNIAL OF POETRY, we started with a symposium of poetry review, organized by Sylvia Cyntrão for the study of the relation of contemporary poetry with written, musical and audio-visual languages, genders, translations, etc… analyzing soirées, performances, videos, exhibitions of works of art and photographs and promoting workshops and debates, and, resuming to the object of this text, the exhibition called OBRANOME II, which offers a general view of these manifestations in the National Museum at Conjunto Cultural da República.. Poetry is now multidimensional, or it was always, according to the proposals and own resources of each age, in the manufacturing of the creative process, either relational, interactive, multi-vocal or also individual on paper or holographs, poetry survives and is renewed, even if it does not respect (!!!) traditional canons. In this anthropophagy, in this recreation, all new trends are obsolete in advance, all renewals carry a tradition, either renovating it or breaking away from it, as Edgar Morin already predicted. And may OBRANOME III regain the postulate and surprise us, just like it happened with OBRANOME II, in relation to its previous edition, due to the ingeniousness and art of its creator and curator, the artist Wagner Barja.
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*It is interesting to remember the invective of Menotti del Picchia about "sonetococcus brasiliensis" of Parnassians, and the deaf confrontation between the generation of 45 and the Concretists.
Metadados: Obranome 2 – Visual Poetry – Brazilian Poetry
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