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MEMÓRIAS DE UM LEITOR DE POESIA, DO POETA E BIBLIÓFILO ANTONIO CARLOS SECCHIN

 

Resenha por Antonio Miranda

 

SECCHIN, Antonio Carlos.  Memórias de um leitor de poesia & outros ensaios.  Rio de  Janeiro: Topbooks, 2010.   273 p.   ISBN 978-85-7475-183-2

 

Antonio Carlos Secchin é conhecido por muitas façanhas em sua carreira literária. É um dos mais jovens autores a chegar à Academia Brasileira de Letras, como poeta e crítico literário de excelência. Projetou-se primeiro como o melhor exegeta da obra do grande João Cabral de Melo Neto, na opinião do próprio autor pernambucano. Além de seu reconhecimento como pesquisador de nossa literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com uma produção científica volumosa e consistente. Além de ser um dos melhores conferencistas de que temos notícia, por força da profundidade e originalidade de suas abordagens nos campos teórico e analítico, e por sua capacidade comunicativa. E se fosse pouco, ainda tem a tarefa de antologista, como é o exemplo de uma seleção da melhor poesia brasileira traduzida ao chinês, publicada em Pequim por nossa representação diplomática. Antes que eu me esqueça: é também um de nossos mais notáveis bibliófilos!

           

 "Memórias de um leitor de poesia & outros ensaios" é a constatação de seu talento de crítico. Em boa hora a Topbooks nos brinda com a edição de uma seleta de seus textos. Tomás Antonio Gonzaga, Fagundes Varela, Cecília Meireles e Jorge de Lima são alguns de nossos poetas em sua mesa de estudos (e, certamente, em sua biblioteca particular). São 17 textos e três depoimentos e entrevistas que o nosso acadêmico concedeu a jornais literários.

 

Já se escreveu tanto sobre Cecília Meireles que é um desafio voltar a ela. Secchin, ao pretender (e conseguir) aprofundar-se na questão dos "Poemas escritos na Índiia" revela a viajante que foi a nossa Poeta (deve ter sido ela que firmou o termo em lugar do "poetisa" que era ainda voga em seu tempo). Eu, que sempre preferi a Cecília mais lírica acabei convencendo-me de que vale também dedicar-se à leitura dos muitos livros e poemas que ela dedicou ao países por onde aventurou-se, compartilhando suas impressões e aprendizados. O caso da Índia, também por sua ligação com os valores e crenças, que aparecem e reaparecem em muitos de seus títulos, a partir de Espectros (1919) até o último de seus livros, em que quase sempre apresenta poemas versando sobre suas viagens, inclusive, é óbvio, a obra Viagem, de 1939.

 

Leitor de poesia, Secchin aborda períodos e autores consagrados, temas de suas investigações literárias na universidade, certamente cotejando exemplares de obras raras e autorizadas que estão, não raras vezes, em seu próprio acervo privado. Não frequenta muito os contemporâneos, sobre os quais ainda não há um distanciamento suficiente no tempo para um julgamento definitivo. Revisitar autores consagrados é uma tarefa certamente mais trabalhosa, pois já existe uma fortuna crítica estabelecida, embora exigindo, em muitos casos, revisão e atualização à luz de novos conceitos e modelos analíticos, ao alcance de nosso poeta-crítico.

 

No caso de Fagundes Varela, observa que — autor menos considerado entre os grandes românticos brasileiros — Secchin afirma que "não haveria exagero em perceber na sua poesia a mais complexa construção literária em nosso romantismo" e. a seguir, arrola os "núcleos temáticos" de sua extensa poesia: "A musa cívica", "Quem sou", "Em busca de Cristo", "Em nome do amor", "A poesia no espelho" e "A morte e depois", categorizações a que chegou pelo trabalho de compilar a obra do tardio poeta romântico. Com um mérito adicional do célebre autor romântico: não ter ficado preso apenas aos modelos europeus, mas por ter avançado nas formas e temas de seus predecessores brasileiros.

 

Uma última consideração é sobre as antologias de poesia de nosso período romântico, movimento poético que, no entendimento de Secchin, tem datas de início e término convencionalmente reconhecidos. "Suspiros poéticos e saudades" (1836), de Gonçalves de Magalhães e "Espumas flutuantes" (1870), de Castro Alves estariam nos extremos. Revela aspectos diferenciais entre os autores e suas obras ao longo do percurso, e os casos mais extravagantes, como é o da pornografia na obra clandestina de Bernardo Guimarães, cujas edições de "O elixir do pajé" são hoje cobiçadas pelos colecionadores. E o foco do ensaio de Secchin avança no sentido da análise das antologias pioneiras, a começar pela obra compilatória exaustiva de Silvio Romero que arrolou cento e vinte e sete poetas do período. Aborda outros antologistas, como é o caso de Manuel Bandeira, sem pretender incluir antologias mais recentes. No entendimento de Secchin, "una antologia, de certo modo, deve representar um diálogo entre o cânone estabelecido pela historiografia literária e o olhar pessoal que o organizador logra lançar sobre esse mesmo cânone."

 

A origem dos textos incluídos em "Memórias de um leitor de poesia & outros ensaios" é revelada numa lista que inclui aulas inaugurais em universidades, conferências e outros eventos de literatura, apresentações de antologias coletivas e de autores importantes (como Mário Pederneiras, Vinicius de Moraes, Edla van Steen, etc) e, sobretudo, contribuições suas em suplementos literários. E até discursos na Academia Brasileira de Letras. Resumo de um período de sua ampla participação na cultura brasileira e lusófona. Escritos que conduzem o leitor por sua biblioteca, iluminando as obras com o calor de sua vivaz intimidade com os textos e suas edições.


 

 

 
 
 
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