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A GERAÇÃO DE 45 NA POESIA BRASILEIRA

(Uma apreciação histórica)

 

Ensaio de

GERALDO PINTO RODRIGUES

 

 

Extraído de:

Geraldo Pinto Rodrigues

POETAS POR POETA

São Paulo: Marideni – Embalagens e Artes Gráficas Ltda, 1988. 

100 p. 

 

 

         Em setembro de 1977 realizou-se em São Paulo um nomeado I Encontro com a Literatura Brasileira e coube ao poeta e também professor de literatura Affonso Romano de Sant´Anna discorrer sobre o tema "Poesia Brasileira Contemporânea". Nessa exposição, disse ele: "Em torno de 45 surge a chamada Geração 45 com um programa oposto ao de 1922, tentando um caminho "universalizante" e uma volta ao verso sério e literário. Essa geração, ainda que relativamente discutida, foi muito mais acusada do que estudada. Mesmo  assim é uma data mais precisa e conhecida de muitos que  1956, em geral identificada (erroneamente) apenas como ano do surgimento (oficial) do Concretismo" (...) "A Geração de 45, utilizando-se de formas clássicas (sonetos, odes, canções, rondós, romances etc.) optou por uma "internacionalização" valorizando Lorca, Rilke, Eliot, Pessoa, Eluard, Valéry. A poesia volta a ser um "canto". Há um exercício vocabular erudito e a busca de um intimismo neo-romântíco e neo-simbolista. No entanto, é curioso assinalar que por 45, necessariamente, passaram tanto os poetas de 22 — que aessa altura desativaram a "pesquisa" em favor da "forma" —  quanto os de 56, que tiveram no estilo de 45 seus primeiros  versos ensaiados."                                         

 

         A afirmativa de Romano de Sant´Anna, diga-se de passagem, é absolutamente insuspeita, porque ele não é um poeta "afinado" com 45, o que valoriza a sua colocação, aliás muito lúcida.

 

         A verdade é que por 45 continuam a passar ainda muitos  e bons poetas de nossa atualidade literária, donde ter eu declarado, como debatedor do tema naquele Encontro, que a Geração de 45 é uma geração "in progress" — frase depois aproveitada por um crítico peruano (Manuel Pantigoso), na introdução de uma antologia, em castelhano, de poemas de Pendes Eugênio da Silva Ramos e Domingos Carvalho da Silva, editada em Lima, Peru, 1980.

 

 

TRÊS EVENTOS MARCANTES

 

         O ano de 1945 coincide com três eventos marcantes:

 

um de âmbito internacional — o fim da 2.3- Guerra Mundial e início da reconstrução política, social e económica do mundo; dois de âmbito nacional — a deposição de Getúlio Vargas, com o início da reconstrução política, social e económica do Brasil, e a morte de Mário de Andrade, que se identifica, senão com uma reconstrução, pelo menos, certamente, com uma reelaboração e um redimensionamento da literatura brasileira. Especialmente da poesia, mas sem esquecer o aparecimento, no ano seguinte, do fenómeno João Guimarães Rosa, revolucionador de nossa prosa. Registra-se um idêntico estado de espírito, externa e internamente: o desejo de ordem e disciplina: E é inegável que, quanto à poesia, coube aos poetas de 45 e arredores assumir uma nova tomada de consciência artística, proclamando os princípios pelos quais deveria se nortear a poesia, antes de mais nada, com um caráter "sério" e "literário", para usar as expressões de SanfAnna.

 

      O que se observa, concomitantemente (e isso está diretamente relacionado com o grande evento mundial daquele ano), ao contrário da postura nacional-regionalista dos corifeus e epígonos de 22, é, agora, uma tendência universalista por parte dos então jovens poetas da nova geração. "Eles começam a escrever — assinala Milton de Godoy Campos no prefácio de sua "Antologia Poética da Geração de 45" — num novo clima espiritual e com ideais diferentes que se revelaram desde logo no processo da composição. As palavras vinham carregadas de outro "tonus" poético e apresentavam conotações e funcionalidade na estrutura poemática  bem diversas das da poesia anterior." Em 44 Bueno de Rivera já publicara "Mundo Submerso" e Ledo Ivo seu livro de estreia, "As Imaginações", e Artur Eduardo Benevides o seu também livro inaugural, "Navio da Noite". Mas não há dúvida — acrescenta Godoy Campos — que o ano basilar seria, como foi reconhecido mais tarde, o de 1945, quando se publicaram, entre outras, as seguintes obras: "Rosa Extinta", "O Engenheiro", "Predestinação" e "Ode e Elegia", respectivamente de Domingos Carvalho da Silva, João Cabral de Melo Neto, Geraldo Vidigal e Ledo Ivo. Com estes livros (a que se seguiu, em 1946, "Lamentação Floral", de Péricles Eugênio da Silva Ramos) e a publicação de outras composições em jornais e revistas, "com o mesmo clima e cuidado formal, tornou-se evidente no cenário poético brasileiro a existência de nova posição estética e logo no ano seguinte a crítica tomaria consciência do fato".

     

         Entre os que costumamos chamar de poetas históricos de 45, além dos acima nomeados, mencionem-se mais estes: Afranio Zuccolotto, António Rangel Bandeira, Alphonsus de Guimarães Filho, Wilson Rocha, Aluízio Medeiros, Marcos Konder Reis, Darcy Damasceno, José Paulo Moreira da Fonseca, Jorge Medauar e Fernando Ferreira de Loanda. Este liderou no Rio de Janeiro, em torno da revista "Orfeu", movimento paralelo ao dos poetas de São Paulo, que no mesmo ano — 1947 — fundaram a "Revista Brasileira de Poesia", que passou a ser, na capital paulista, como que o órgão oficial da novel corrente.

 

      Em 1948 deu-se, ainda em São Paulo, o I Congresso Paulista de Poesia, organizado pelos mentores da citada revista. Nesse conclave, digladiaram-se, de um lado. os poetas líderes da Geração de 45, e de outro, o ainda então combativo Oswald de Andrade, com suas farpas contundentes contra aqueles. No transcurso dos três dias do congresso, surgiu, porém, um grupo de poetas mais jovens (Cyro Pimentel, Domingos Paoliello, Pedro Morato Krahenbull, Joaquim Nobre Nazário e Geraldo Pinto Rodrigues), os quais lançaram um intitulado "Informe dos Novíssimos", que tinha por epígrafe estes versos do poeta português José Régio: "Não sei por onde vou,/Não sei para onde vou,/ — Sei que não vou por aí." E como, por sua juventude, não soubessem ainda para onde ir, acabaram por se aglutinar aos de 45, com eles participando da fundação do Clube de Poesia de São Paulo, no

mesmo ano de 48.

 

         Outros poetas que, a partir de 47/48 e até os primeiros anos de 50 se estrearam em livro com as marcas nítidas da discutida geração, acrescentem-se estes nomes relevantes: Mauro Mota, Geir Campos, Afonso Felix de Sousa, Bandeira Tribuzi, Edson Régis, Edmir Domingues, André Carneiro, Paulo Bomfim, Lupe Cotrim Garraude, Ferreira Gullar (só a primeira fase), Renata Pallottini, Foed Castro Chamma, Femado Mendes Viana, Lago Burnett, Idelma Ribeiro de Faria, Homero Homem, Francisco Carvalho, Santo Sousa, Fernando Pessoa Ferreira, Rolando Roque da Silva, Hilda Hilst, José Santiago Naud, Carlos Pena Filho, Zila Mamede.

 

         Nesse rol se incluem poetas de diferentes Estados do Brasil, o que evidencia que o movimento teve, desde logo, amplitude nacional.

 

         E João Cabral de Melo Neto, como situá-lo? Embora ele refute, hoje, sua inclusão entre os de 45, é inegável que, historicamente, é um dos arautos da Geração. Se perpetrou outra fala posteriormente, seu livro inicial de 1944, "Pedra

do Sono", e, principalmente, o de 45", "O Engenheiro" (este até pelo título bastante significativo), demonstram o que se proclama (e é a postura de Cabral) corresponder à poesia, ou seja, o poema visto como um "artefato", produto de um

trabalho mecânico, artesanal (sem, porém, a conotação de artificial).


 

HISTÓRIA

 

         Arrolaremos a seguir, cronologicamente, alguns fatos que, ao nosso ver, explicam e justificam o surgimento e seguimento da Geração de 45.

 

         Em fevereiro de 1946, em artigo de jornal, Álvaro Lins preconizava que, "sem desdenhar a essência poética, a nova

geração deveria fazer a sua revolução pelo restabelecimento da forma artística e bela, que não seria uma herança do Parnasianismo, mas uma revolução dentro do gosto e do senso estético do nosso tempo. O que é revolucionário hoje — dizia ele — é o senso da forma, a construção artística, o aperfeiçoamento da arte de escrever, a preocupação do estilo."

 

         Ainda em 1946, dezembro, nas páginas de "O Estado de S. Paulo", outro grande crítico brasileiro, Sérgio Milliet, apontava a presença de poetas que tentavam voltar ao "equilíbrio das construções que resistem ao tempo". E em maio de 47 retomava ele o assunto, dizendo que esse grupo de poetas (naturalmente, os de 45) assumira abertamente a ofensiva e se lançava à realização de uma poesia feita de nobreza, sobriedade e decantação voluntária. E atribuía a tais poetas a revalorização da palavra, a criação de novas imagens, a revisão dos ritmos e a busca de novas soluções

formais.

 

Grande repercussão teve, depois, um artigo de Tristão de Athayde, publicado em julho de 47 em "A Época" (órgão do corpo discente da Faculdade Nacional de Direito) e reproduzido no suplemento literário de "A Manhã", Ali, Tristão registrava a morte do Modernismo em 45 e a aparição de um novo movimento, que denominava Neomodernismo: o primeiro, nacionalista e revolucionário; o segundo, universalista e reacionário em estética, porque voltado estilisticamente à disciplina.

 

         Esse artigo foi comentado por Péricles Eugênio da Silva

Ramos no primeiro número da "Revista Brasileira de Poesia",

de dezembro de 47, em que o poeta ressaltava os traços diferenciadores do Neomodernismo, marcados pela conjunção de

universalismo e trabalho artesanal. Péricles lembrava, também, que na obra de Mário de Andrade se encontram as bases do Neomodernismo, recordando a afirmação do autor de "Macunaíma" de que "não há obra de arte sem forma, e a beleza é um problema de técnica e de forma". E mais: ''Poesia não é essencial apenas pelo assunto. Porque poesia não é apenas lirismo." Aliás, a própria poesia de Mário — como

observava ainda Pendes Eugênio — reflete o caminho que ele mesmo percorreu como poeta; dos seus poemas arleqirinais da primeira fase, passa para uma poesia sóbria, em que se incluem até sonetos. Caminho, por sinal, percorrido também por um Jorge de Lima ("Livro de Sonetos" e "Invenção de Orfeu"), um Murilo Mendes ("Contemplação de Ouro Preto"), um Cassiano Ricardo ("Um Dia Depois do Outro"

e obra posterior), e até um Drummond (especialmente "Claro Enigma", mas com precedência, já, em alguns marcantes poemas de ''A Rosa do Povo", incluindo o famoso "Procura da Poesia").

 

         Em 1948, além do I Congresso Paulista de Poesia, em Fortaleza realizou-se o II Congresso de Poesia do Ceará. Em ambas as oportunidades são reafirmados os princípios da Geração de 45, com uma tomada maior de consciência dos rumos a seguir. No Congresso de São Paulo, Domingos Carvalho da Silva apresentou uma tese intitulada "Há uma Nova Poesia no Brasil", a que se seguiu uma entrevista do poeta ao "Correio Paulistano", quando cunha, definitivamente, a expressão "Geração de 45".

 

         Em abril de 1950, em artigo no "Diário de Notícias", do Rio de Janeiro, Sérgio Buarque de Holanda referia-se aos novos caminhos da poesia brasileira, que "deliberadamente" tratava de assimilar a elaboração poética a um autêntico artesanato. E concluía: "Digo deliberadamente, porque essa concepção, na medida em que não se confunde com simples apego a convenções formais e técnicas, e em que soube aproveitar bem as experiências modernistas, pode vir a significar uma transformação de inauditas consequências."

 

         Em 1954 a Editora Orfeu, que tomou o nome da revista já mencionada, publicou um "Panorama da Nova Poesia Brasileira", organizado por Fernando Ferreira de Loanda, o qual, no prefácio, afirma; "Somos na realidade um novo estado poético, e muitos são os que buscam um novo caminho fora dos limites do modernismo." Pois bem, no seu livro "Girassol de Outono", Domingos Carvalho da Silva iria roclamar, decidida e poeticamente, a postura construtivista de

sua geração: "Procurarei palavras pela rua/ e de palavras, só, farei meu poema. (...)" tudo é apenas mineração e liga de palavras". Mas, lembre-se, já que estamos historiando fatos, que em novembro de 1944, em artigo publicado no ''Correio Popular", de Campinas, sob o título "Algumas Reflexões sobre a Poesia", o autor de "Rosa Extinta" assinalava: "... seria impossível olhar, ainda, para 1922" (...) "não há quem não procure novas formas de expressão poética, inquietantemente".

 

 

ESCALA DAS GERAÇÕES

 

         As gerações literárias, segundo Ortega y Gasset e Julian Marias, compreenderiam, grosso modo, um período de 15 anos. Esta seria a escala. Nesse caso, a Geração de 45 já se teria findado em 1960. No entanto, o que houve? Tentou-se a caracterização de uma "Geração de 60" (Nelly Novaes Coelho), cuja figura principal seria Carlos Nejar. Mas, permaneceu ou permanece, como um movimento característico, de feição peculiar? E o que mais de novo a registrar? As correntes ''praxis", de Mário Chamie, e "concretista", dos irmãos Campos e Décío Pignatari? Há seguidores? Conhecem-nas os que não são, por ofício ou dever, estudiosos da literatura brasileira? Até porque, tais correntes se incluem, em última

análise, na mesma fase construtivista do Neomodernismo, conforme já denotara Péricles Eugênio da Silva Ramos. Embora dissentissem da Geração de 45 ainda na década de 50 e viessem a se aplicar na elaboração de uma poesia sem verso

(o Concretísmo), anote-se que Haroldo de Campos e Décio Pignatari tiveram seus livros de estreia, em versos convencionais, editados pelo Clube de Poesia de São Paulo, em 1951.

 

         É de Afrânio Coutínho, na sua "Introdução à Literatura no Brasil" (1966), esta assertiva: "Com a geração de 45, a poesia aprofunda a depuração formal, regressando a certas disciplinas quebradas pela revolta de 22, restaurando a dignidade e severidade da língua e dos temas, policiando a emoção por um esforço de objetivismo e intelectualismo, e restabelecendo alguns géneros fixos, como o soneto e a ode."

         Alfredo Bosi, em sua "História Concisa da Literatura Brasileira" (Cultrix, 1970), escreve: "A atuação do grupo (isto é, a Geração de 45) foi bivalente: negativa, enquanto subestimava o que o Modernismo trouxera de liberação e enriquecimento à cultura nacional; positiva, enquanto repropunha alguns problemas importantes de poética que nos decênios seguintes iriam receber soluções díspares, mas de qualquer modo, mais conscientes do que nos tempos agitados do irracionalismo de 22". E adiante; "A poética de 45, embora anime escritores de valor, fiéis ao intimismo e a uma concepção tradicional de forma, não exerce influência decisiva na literatura de hoje” (grifo nosso).

 

         Ora, cabem aqui dois reparos: 1.°) não nos parece vedadeiro que o "grupo" subestimasse a contribuição dos de 22 à nossa literatura; apenas, propugnou outros caminhos, diferentes daqueles, já gastos, trilhados pelos modernistas.

2.°) Se a poética de 45 ainda anima escritores de valor, como diz Bosi, não nos afigura congruente a afirmação de que ela não exerce influência decisiva na literatura de hoje.

 

SEMPRE "IN PROGRESS"

 

         E agora, duas curiosidades, a mostrar, ou reiterar, que 45 continua "in progress":

 

         No seu livro de poemas de 1977, "Arte de Armar" (atente-se para o título, muito expressivo), Gilberto Mendonça Teles insere um poema que tem por título "45" e dedicado a Domingos de Carvalho da Silva, em que diz: "Sou da geração/ de quarenta e cinco/ ou tenho na mão/ a porta sem trinco?// (Nem sei quantas são/ as telhas de zinco/ que cobrem meu chão de quarenta e cinco).// Semeei meu grão?/ fui ao fim do afinco?/ pesquei a paixão/ de quarenta e cinco?// Tudo é sim e não// em quarenta e cinco./ E a melhor lição/ forma sempre um vinco// de interrogação/ no tempo, onde brinco/ procurando um vão/ entre o 4 e o 5."

 

         G.M.T,, aliás, que é arguto ensaísta, ao prefaciar a "Antologia Poética" de Afonso Felix de Sousa (1979), expandiu estas considerações de grande pertinência: "Acontece que, a nosso ver e levando-se em consideração a produção poética que conscientemente se inscreveu sob o rótulo de "Geração de 45", não há como desprezar hoje o legado estilístico dessa fase, sobretudo agora, em que alguns poetas da geração estão lançando os seus poemas reunidos. Ela representa uma linha natural das transformações estéticas do modernismo."

 

         De sua parte, o poeta Fernando Py, no livro "Vozes do Corpo" (1981), inclui um poema igualmente intitulado "Quarenta e Cinco" e dedicado a G.M.T., o qual contém estas estrofes: "Esta é a geração/ que me antecedeu/ ou nela me insiro malgrado meu?// (...) Tanto rejeitei/ essa geração/ e afinal agora/ estendo a mão?// Aos quarenta e cinco/ cedo chegarei/ e vejo: de novo/ nada criei. (...) Essa geração:/ escarmento meu: / se me impõe agora/ desde a antiga aurora/ com sua lição/ sua danação/ de um outro eu."

 

         Os exemplos citados, de dois poetas que poderiam ser considerados, etariamente, da Geração de 60, mostram que a Geração de 45 continua em aberto, "in progress", com seu fôlego de sete gatos, isto é, a sua longevidade, já denunciada anteriormente pelo crítico Temístocles Linhares. E por quê? Porque a Geração de 45, em verdade, não é nem revolucionária e nem reacionária, a despeito do emprego desses rótulos, antes e depois. Também ela não é uma escola, uma doutrina e, muito menos, uma seita de poetas. É um movimento, ou

melhor, uma corrente de poetas cujo primado é o da renovação plástica da linguagem, mediante a revalorização constante da imagem e da metáfora, independentemente da índole

própria de cada poeta. E é por igual uma corrente que, a par do apuro formal, procura valorizar, sem preconceitos, os chamados temas eternos: o amor, a morte, a vida, a existência de cada um de nós, a nossa própria condição humana, enfim.

 

         Ledo Ivo, num artigo de mais de 20 anos (1965), recordava, com muita propriedade, que o timbre da Geração de 45 é "a procura e a conquista de uma nova liberdade, através da disciplina, do rigor e da concentração". E, além disso, "um continuado empenho de pesquisa da criação e linguagem poéticas e de uma larga preocupação pela formação e informação cultural".

 

Isto posto, podemos concluir que esses princípios e

esses postulados dos poetas de 45 são, em última análise, os

da própria grande poesia universal. E essa é a Poesia que

conta e que, afinal, permanece.

 

 

P. S. — Este artigo foi elaborado com base em anotações minuciosas para uma conferência que pronunciamos em 1983 na Academia Paulista de Letras e reproduzida pelo Clube de Poesia de São Paulo (presidência Samuel Penido), comemorativa dos 40 anos da Geração. Acontece que no n.° 12 da "Revista de Poesia e Crítica" (Brasília/dezembro/1986) publicou-se um substancioso ensaio de Gilberto Mendonça Teles, sob o titulo "Para o Estudo da Geração de 45", o qual, embora com diferentes conotações, apresenta, como não poderia deixar de ser, muitos pontos coincidentes com o nosso texto. Cremos, porém, que ambos os escritos valem como contributo para a maior compreensão da combativa Geração. Com as lacunas preenchíveis, poderão servir, sobretudo, para os atuais e futuros historiadores da literatura brasileira.

 

 

 

Página publicada em julho de 2011.

     

 

 


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