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FERNANDO PESSOA EM PESSOA NUMA QUASE AUTOBIOGRAFIA

Recensão por Antonio Miranda 

José Paulo Cavalcanti Filho
FERNANDO PESSOA – uma quase autobiografia.
Rio de Janeiro: Record, 2011.  734 p.  ISBN 978-85-01-09063-8

 

         Quem foi, quem era, quem é Fernando Pessoa? Muitos tentaram buscar uma resposta. Impossível responder esta questão. Nem mesmo o próprio Fernando Pessoa, do alto de seus 127 heterônimos, responderia. Um ser humano é impossível de ser biografado em toda a sua extensão. Ainda mais um assumido “fingidor”, espécie de Medusa da Poesia, com mil caras e mil discursos, embora seja possível determinar um mínimo denominador comum em todas estas faces e facetas em que o autor de “Mensagem” escondeu-se, como máscaras ou disfarces de ocasião. Era um ser ambíguo, ambivalente, abrangente. Inesgotável.  Muita gente tentou defini-lo, outros tantos buscaram evidências para traçar sua história pessoal. O próprio Pessoa tentou revelar-se naquele falso autobiografismo do “Livro do desassossego”, ao menos no nível de uma biografia de ficção e de criação, interrogante e afirmativa a um só tempo.

         José Paulo Cavalcanti Filho é um apaixonado colecionador da memorabilia de Fernando Pessoa, amealhando obras, objetos e toda documentação ao seu alcance sobre o poeta português, investindo anos e bastante dinheiro no desenvolvimento de seu acervo pessoano. Ele nos relatou a sua pesquisa, com muita verve, numa das sessões da Fliporto, em Porto de Galinha, balneário de Pernambuco, em 2009. Contou como adquiriu muitas das peças dos alfarrabistas de Lisboa e de Paris, aonde foi à caça destas raridades. E nos revelou muito mais, pois não buscava apenas desvendar a vida do poeta, mas também alcançar uma intimidade com a sua obra. Tanto assim que foi capaz de ver o legado de Pessoa em nossos grandes poetas, uma intertextualidade de veneração ou de imitação que ficou patenteada nos exemplos colhidos nos versos de seus seguidores entre nós. Não estamos falando de plágios, mas de influência ou reverência explícita nas obras de nossos conterrâneos em relação do vate moderno de Portugal.

         Agora José Paulo Cavalcanti Filho culmina com a apresentação de seu livro “Fernando Pessoa – uma quase autobiografia”.  Como dizia o escritor argentino Manuel Mujica Láinez, autor do célebre romance Bomarzo, em certa medida, todo texto de um escritor é autobiográfico, até quando assume diferentes papéis e personagens. No caso de Pessoa, efetivamente, muitos de seus poemas são reflexivos, confessionais, de autoanálise ou perquirição, revelando-se pelas mil personalidades que encarnava.

         O biógrafo apresenta seu texto em quatro “atos”, o primeiro “em que se conta dos seus primeiros passos e caminhos”, um segundo “em que se conta da arte de fingir e dos seus heterônimos”, um terceiro “em que se conta dos seus muitos gostos e ofícios” e, por último, um ato “em que se conta do desassossego e de seu destino”. Tão vasta documentação iria revelar-nos não só aspectos biográficos como também literários, de um personagem que teve momentos iniciais de sua vida, particularmente, na África do Sul. Embora acabe tornando-se uma figura sedentária, de gabinete, de vida rotineira. Enigmática. Dissimulado, reservado. Difícil saber exatamente de sua vida íntima, de seus amores, mais imaginários que reais. Que castidade mantinha, homossexual reprimido, religioso ou agnóstico?  “Temperamento feminino, inteligência masculina” é o sugestivo título de um dos capítulos do livro de José Paulo. E revela: “Para a alegria e o amor não nasci”, afirmava Pessoa, considerando o amor “a mais carnal das ilusões”.

         Impossível resumir um livro de 734 páginas, densamente compilado com dados e citações, em que os textos do biógrafo se mesclam e confundem com as confissões de Fernando Pessoa, entre aspas, cuidadosamente retirados de seus textos e inscritos num discurso que tenta traçar o perfil, a natureza, a trajetória, as contradições e os valores do grande poeta lusitano. Melhor é recomendar a obra como sendo a mais completa e. talvez, pelo distanciamento, a mais reveladora da personalidade do homem da Tabacaria... Da lírica à épica, do trabalho rotineiro às divagações metafísicas. Vale a pena conferir.

 


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