Poema visual de CLEMENTE PADIN(Uruguai):
homem de letras perseguindo uma nuvem literária...
http://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/poedigital/poedig001.htm
DIVERSIDADE CULTURAL LATINO-AMERICANA EM
SEMINÁRIO E DESDOBRAMENTOS NA HIPERMODERNIDADE
Por ANTONIO MIRANDA
Diretor da Biblioteca Nacional de Brasília
Professor Emérito da Universidade de Brasília
O Prêmio Nobel de Literatura é o máximo reconhecimento da criatividade humana no campo literário em escala mundial, sem deixar de provocar controvérsias e inconformidades. A pluralidade e as questões da equanimidade hermenêutica no processo de seleção, conforme os critérios discutidos por Pierre Lévy, sempre dão lugar a polêmicas, o que é natural e compreensível. Somos nietzschianos, sujeitos a interpretações e injunções culturais de nossa diversidade. Nietzsche afirmou: "É difícil me entender" e defendeu a liberdade de interpretação.: "Quem tenha acreditado compreender algo de mim, esse fez à sua imagem."
Em termos de polêmica, lembremos a premiação de Boris Pasternak, em 1958, no auge da Guerra Fria" e agora o "controvertido" reconhecimentos da genialidade de Bob Dylan, em 2016. O Prêmio Nobel é uma instituição europeia, embora tente, com sucesso, reconhecer valores de outras culturas. Mas n, no nosso caso presente, vale destacar a presença de autores hispânicos nesta constelação: Gabriela Mistral (1945), Miguel Ángel Asturias (1967), Pablo Neruda (1971), Gabriel García Marquez (1982), Octavio Paz (1990) e Mario Vargas Llosa (2010). Lastimamos a ausência de Jorge Luiz Borges.
No caso brasileiro, ninguém recebeu o Nobel, embora tivéssemos nomes dignos dessa premiação: João Guimarães Borges, João Cabral de Melo Neto — ambos transitando pela Europa, um dos grandes trunfos dos latino-americanos premiados — e nosso grande Carlos Drummond de Andrade, mais "mineiramente" recluído. Talvez a língua portuguesa seja uma barreira, não obstante o prêmio concedido a Saramago (1998).
Mas o foco do presente ciclo de homenagens promovido pelo Grupo de Embajadas Latinoamericanas y del Caribe (GRULAC) inclui outros nomes importantes de nossa literatura continental, começando por Jorge Luís Borges e José Marti. Poderíamos incluir muitos outros: Alejo Carpentier, César Vallejo, Juan Rulfo, Vicente Huidobreo, Nicanor Parra, etc, etc, etc. No meu reconhecimento pessoal, não podemos deixar de mencionar a figura extraordinária de Manuel Mujia Láinez, u dos precursores do Real Maravilhoso, autor do extraordinário romance Bomarzo, transformado em ópera de Alberto Ginastera. Convivi com Mujia, o nosso Manucho, em Buenos Aires, no início dos anos 60 do século passado e até publiquei um livro sobre ele pela Global Editora,
de São Paulo.
No caso brasileiro caberiam outros nomes em edições futuras do presente Seminário, destacando nosso Lêdo Ivo, Ferreira Gullar, Haroldo Campos e tantos outros nome, para citar apenas o mortos para evitar inimizades..., nomes de largo reconhecimento fora de nossas fronteiras. Sem esquecermos da figura mítica de Ariano Suassuna, autor do célebre romance Pedra do Reino e promotor do movimento Armorial que elevou a tradição nordestina do cordel ao nível mais alto da arte e da literatura.
Eu me atreveria a incluir um nome que pode causar estranhamento entre os menos familiarizados com nossa literatura: Bruno Tolentino, uma figura muito polêmica, mas sólida em sua formação intelectual de viés classicista, mas também contemporânea. Bruno Tolentino começa recentemente a ser reconhecido em sua dimensão, embora alguns detratores podem insinuar que ele foi preso na Inglaterra por tráfico de drogas, mas foi l[a que engenhou sua extraordinária Balada do Cárcere, uma verdadeira obra-prima. Seu livro As horas de Katharina (1994) é reconhecido por alguns críticos, como "um verdadeiro divisor de águas na poesia nacional", na visão de Érico Nogueira (em 2014). Sem exagero. Um clássico, entendendo "clássico" em seu sentido etimológico de um modelo e norma para os demais. Por sua erudição voltada para os clássicos, embora influenciado por seu comportamento religioso — conforma acentuado pelo crítico britânico Chris Miller — com o qual não comungo. Mas ele colocou em voga a poesia filosófica, sobre a qual não existe, nem deve existir, unanimidade. Como dizia nosso Nelson Rodrigues, "toda unanimidade é burra!"
Sem esquecermos de Clarice Lispector, de Machado de Assis e os exponenciais de nosso regionalismo e de nossas vanguardas mais contemporâneas, território movediço e contraditório, ainda sem a legitimização definitiva. Todo autor carrega a marca de seu tempo, mesmo os que se projetaram no futuro desde as suas origens.
Não é à toa que estão questionando certos valores na obra de Monteiro Lobato e Euclides da Cunha, comprometido com os valores de seu tempo. É assim mesmo, e deve ser assim. Como afirmou Umberto Eco, a interpretação é livre e até contraditória. Hilda Hilst, figura singular e muito questionada, disse que ficava besta quando alguém entendia o que ela escrevia... Alguns depois da morte. Pensemos em Ezra Pound, detratado nos Estados Unidos da América por sua relação com o fascismo; Paul Célan, figura exponencial do vanguardismo mais hermético, por ser judeu...
Mas devemos citar as antologias e as coleções de clássicos que pretendem preservar as obras de nossos escritores. É o caso da Biblioteca Ayacucho, na Venezuela e o Fundo de Cultura Económica do México, e as grandes editoras da Argentina, Colômbia, do Brasil e da Espanha. Vale ressaltar a antologia País imaginario. Escrituras y transtextos – Poesia en América Latina 1960-1979, organizada por Mario Arteca, Benito del Pleigo, Maurizio Medo (Madrid: Bolombolo, 2014).
Em verdade, a antologia que eles desenvolveram com tais critérios de seleção não está restrita à produçáo dos anos 60 e 70, como parece indicar o seu título; refere-se efetivamente aos textos poéticos escrito por um grupo de autores nascidos entre 1960 e 1979, a maioria ainda em atividade, a um momento histórico vivido por eles em que a noção de identidade nacional transcendi sua "subjetividade local"(conforma Mazzotti, citado à pag. 13: "a atitude que outorga a estas escrituras um registro de tensão e desencanto que nos revelam a uma indivíduo escendido [ do lat. scindère: cortar, dividir, separar] e, consequentemente descentrado".
Vale dizer, o corpus da nossa heterogeneidade, à nova concepção de intertextualidade, de diálogo entre autores diversos buscando uma identidade, além das estreitezas do sentido autoral". E mais: o confronto da poesia de Nicanor Parra com a herança neobarroca de Lezama Lima, a disputa entre os versilibristas da poesia lírica, da poesia de protesto, da poesia marginal com o geometrismo ideogrâmico dos concretistas e poetas visuais ao lado de neobarrocos e restauradores das tradições e do classicismo, fenômenos comuns também no conto, no romance e nas artes mais performáticas de nosso tempo, apesar da intenção de superar os "ismos, os manifestos e as escolas literárias...
No nosso continente conviveram os expatriados, fugindo de ditaduras, os marginais e marginalizados, os autores "oficiais" e até canonizados, ao lado dos que optam ou são relegados às edições nanicas, pessoais e até aos livros-de-arte para os colecionadores; os escritores em línguas indígenas, e até o caso dos brasiguayos que escrevem no dialeto combinando português-espanhol e guarani.
Faço esta considerações para que futuras edições deste seminário considerem estas fontes e descubram novos talentos, mas com obra literária que justifique sua legitimação, além de autores já consagrados, merecendo estudos mais aprofundados e atualizados.
Ou seja, não privilegiar apenas os autores "oficiais" reconhecidos pela academia mais tradicional, mas considerar vozes renovadoras, dissidentes, "Disidentes", por certo, é o título de uma extraordinária coletânea de poetas "na contra-mão", publicada recentemente na Espanha pela editora La Oveja Negra, de Madri, em 2015.
E cabe aqui também ressaltar a Antologia Poética Ibero-Americana, tradução de Anderson Braga Horta, Fernando Mendes Vianna e Jeronymo Rivera, organizada por Gustavo Pavel Égüez com o apoio da Asociación de Agregados Culturales Iberoamericanos, publicada em 2006.
Certamente que há uma corrente defendendo a questão do "olhar" como forma possível de entendimento destes fenômenos no campo da criação literária e artística. Tem sua razão de ser, certamente que orienta, mas também subjetiviza o fenômeno. Na história das artes e das literaturas, os críticos sempre tiveram a pretensão de enquadrar a criação literária em preceitos e "ismos", que iam rotulando, sucessiva e concomitantemente, não raras vezes conflitivamente, as propostas estéticas e os movimentos de criação artística e literária, muitas vezes mediante manifestos e polêmicas entre seus ativistas.
O século 20 foi uma sucessão de "ismos" desdobrando-se, contrapondo-se, negando-se, restaurando, imbricando, polemizando, demolindo e restabelecendo postulados e valores. Nas artes, na política, no comportamento, na moda, nos movimentos sociais, econômicos... Não constituíram exatamente "etapas" porquanto foram concorrente e conflitantes dentro de um processo de renovação que se resume, a grosso modo no modernismo, no futurismo, no pós-modernismo, em revisões como o surrealismo, o dadaísmo, o neobarroco, até as fronteiras do que no século 21 se pretende cognominar "hipermodernismo", no âmbito do globalismo, da teoria da complexidade, do holismo, etc.
Não basta reconhecer o talento dos grandes escritores. Devemos também descobrir e revelar novas vertentes e talentos.
Convém ressaltar a extraordinária disponibilidade de sites pessoais e institucionais de autores clássicos e contemporâneos de todos os países das Américas, com acessibilidade por computadores fixos, mas também por tablets e celulares, na hipermodernidade que permite a combinação da mobilidade ou ubiquidade com a animaverbivocovisualidade dos conteúdos. Vamos exemplificar com o nosso Portal de Poesia Ibero-americana, criado na (atual) Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília em 2004 e que vem se expandindo exponencialmente até ultrapassar os 30 milhões de acessos de aproximadamente duzentos países.
O portal www.antoniomiranda.com.br está dedicado exclusivamente á poesia nas línguas Portuguesa e Espanhola, BILINGUE em Português e Espanhol, de todos os países hispano-americanos, Espanha , do Brasil, Portugal e África portuguesa, além de brasileiros e hispânicos vivendo no Canadá e nos Estados Unidos da América. No caso do Brasil, textos também em Francês, Inglês e Italiano.
DISPONIBLIDADE POR PAISES
ÁSIA
MACAU – 2
EUROPA
ESPAÑA – 284
PORTUGAL – 271
ÁFRICA PORTUGUESA
ANGOLA – 70
CABO VERDE – 31
GUINÉ BISSAU – 11
MOÇAMBIQUE – 36
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - 8
AMÉRICA CENTRAL E CARIBE
COSTA RICA – 37
CUBA – 67
EL SALVADOR – 18
GUATEMALA – 23
HONDURAS – 24
NICARAGUA – 50
PANAMÁ – 34
PUERTO RICO – 26
REP. DOMINICANA - 32
AMÉRICA DO SUL
ARGENTINA – 198
BOLÍVIA – 35
BRASIL - ?? (PROBLEMA...)
CHILE – 100
COLÔMBIA – 132
EQUADOR – 57
PARAGUAY – 24
PERÚ – 92
URUGUAY – 53
VENEZUELA – 136
QUADRO TEMÁTICO
EDITORIAIS – 49
POESIA VISUAL – 469
... poetas: 469
... ensaios: 70
POESIA INFANTIL – 66
HAICAIS – 77
VIDEOS – 21
ENSAIOS sobre poética e poetas – 297
E-BOOKS – 68
FUTEBOL E POESIA
POESIA ERÓTICA (sem índice)
ACESSIBILIDADE AOS CONTEÚDOS
A MAIORIA dos visitantes descobrem os autores e temas pesquisando na Internet. Divulgamos pelo Facebook e por mailing-lists, mas não assinamos serviços de mala direta (oferta) para evitar entupir os computadores de gente não interessada em poesia...
O Portal é antigo — vai completar 15 anos em fevereiro de 2018 — em um software de programação e desenvolvimento para web: DREAMWEAVER. MAS ele tem uma vantagem de permitir a inclusão de milhares e milhares de LINKS entre as páginas do Portal e de outros repositórios!!! Ou seja, é HIPERMIDIÁTICO e HIPERTEXTUAL no espaço web da Comunicação Extensiva. Mas evitamos a interatividade automática com os usuários porque era multitudinária, mas recebemos e-mails dos visitantes...
E facilitamos a vida dos visitantes oferecendo dispositivos de busca:
- FAREJADOC – dispositivo de busca desenvolvimdo com a Biblioteca Nacional de Brasília que busca autores;
- GOOGLE instalado no Portal – permite buscar qualquer autor, tema ou até qualquer palavra de qualquer poema ou texto!!!
- GOOGLE ANALYTICS – apresenta estatísticas de visitas por autor, países, etc, mas somente para os administradores do Portal;
- WHO'S AMUNG.US – um poderoso dispositivo que oferece aos usuários, em linha, saber o estado do número e cada uma das páginas sendo acessadas nos últimos 8 minutos, permitindo abrir cada um delas e saber de que país e lugar do mundo vieram... Também mostra as estatísticas de visitas por dia, mês, ano e últimos anos, mediante gráficos e também um MAPA mundial mostrando de onde vieram os internautas!!!
Estatística dos últimos anos com o destaque para 1.073 visitas simultâneas
Visita no feriado de 1º de maio, pela manhã.
FIM