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COSACNAIF LANÇA OBRA INÉDITA DE DRUMMOND: 25 POEMAS DA TRISTE ALEGRIA

 

Por ANTONIO MIRANDA

 

ANDRADE, Carlos Drummond de. Os 25 poemas da triste alegria.  São Paulo: Cosac Naif, 2012.  162 p.  ilus. 17x24,5 cm.   Inclui o prefácio “O quase-livro do pré-poeta”, por Antonio Carlos Secchin.



          O jovem Carlos Drummond de Andrade teve sua fase afrancesada, como era a orientação intelectual de seu tempo. Com o advento do Modernismo, e as relações com Mário de Andrade,  ele “atualizou” sua linguagem aos novos cânones, abrasileirando e mineirizando sua visão de mundo.

          Os “25 poemas da triste alegria”, lançado recentemente pela CosacNaif, é uma obra intermediária, de transição, que teve um percurso errático. Os originais — datiloscritos, conforme Antonio Carlos Secchin, curador da edição — foram produzidos em máquina de escrever manual por sua (então) noiva Dolores e assinados por C.D.A. em 6 de setembro de 1924, em “Bello Horizonte”. O volume foi encadernado e presentado a M. F. de Andrade que o emprestou e logo desapareceu, reaparecendo oito décadas depois, na coleção de um bibliófilo carioca.

          Manuel Bandeira teve acesso aos “manuscritos” (sic) e escreveu um comentário (“crônica”) em 1958, de forma elogiosa, apontando para a evolução estilística em sua obra posterior até firmar-se, com se sabe, entre os nossos grandes modernistas.

          Quem teve acesso ás cópias dos originais foi Mário de Andrade que, em correspondência frequente que mantinha com C.D.A., teceu reparos e alguns elogios à escritura primeva do autor, em 1926.  Sobretudo, ressaltou os “convencionalismos e artificialidades” dos textos, pela inexperiência e pouco vivência do autor, seja em termos literários seja por imaturidade. O próprio Drummond, em 1937, insertou comentários nas páginas em branco do “livro”, concordando sobretudo com as críticas de Mário, e aprofundando os comentários negativos. No entanto, já havia publicado, entre 1922 e 1924, nove dos poemas em revistas e jornais, dois deles em 1926, o que, no entendimento de Secchin, emprestaria “um relativo endosso a tais textos” (p.13). Um dos textos — o poema “Gravado numa parede” foi publicado em 1933, “furando” a “barreira modernista”,

          Cabe frisar que esta presente edição pública dos versos “condenados” ou relegados por Drummond constitui-se em obra de importância excepcional para a compreensão e avaliação de sua evolução poética, pois apresenta, além da edição fac-similar dos originais datilografados, os comentários de Mário de Andrade, do próprio C.D.A.  e os irreparáveis e as atualizadas análises críticas do acadêmico Antônio Carlos Secchin. Além do prólogo “O quase-livro do pré-poeta” em que documenta toda a rocambolesca trajetória dos originais em 9 décadas.  Importante também assinalar a beleza desta edição especial, capa dura, cujo projeto gráfico de Paulo André Chagas se valeu de folhas duplas, dobradas, para contrapor imagens, textos fac-similares  e os comentários do já poeta Drummond sobre seus próprios textos.

          Uma peça indispensável na estante de estudiosos, colecionadores e da imensa legião de admiradores de nosso poeta itabirano e universal.


 

 

 
 
 
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