Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BAR DO ESCRITOR E A ANARQUIA BRASILEIRA DE LETRAS: enfim, uma Academia que se reúne num bar virtual  - e o Sonetário barnasiano, resenha da antologia.

 

Uma instigante surpresa a descoberta da Anarquia Brasileira de Letras!!! Um grupo de poetas que atua pelas redes sociais e se dedica ao... soneto!!! Lembra aquela Geração 45 que reagiu ao Modernismo de 22 e restaurou a poesia da busca da perfeição formal... Com uma diferença: aceitam o ciberespaço como via de comunicação tribal, mas praticam a metapoesia e... terminam em livro!!! Fazem um círculo completo, aproximando espaços, tempos e gerações numa prática poética entre saudosista e renovadora. Gostei!

Wilson Roberto de Carvalho organizou o SONETÁRIO BARNASIANO – ANTOLOGIA 2011, editado pela Editora Utopia, da escritora Larissa Marques, para o que ficou denominado como sendo o Bar do Escritor. Em vez de vinho, ou de absinto, elegeram o copo de chopp como símbolo, na capa da primeira antologia... Nada mais autêntico.

Reagi: como pode um movimento anárquico-conservador colocar na falsa-folha-de-rosto, depois da catalogação na fonte, aquela abominável ameaça “É proibida a reprodução total ou parcial... crime estabelecido pela lei...”, quando deveriam estar nas trincheira do Open Access e do Creative Commons... se os textos vêm da internet!!! Mas isso é chavão de gráfica, que aplicam em toda e qualquer publicação “comercial”. Anarquia, sim, pero no mucho...

Já publicaram 3 antologias do “Bar do Escritor” e nos autorizaram a reproduzir texto, não obstante... Só que as novas antologia não ficam no terreno exclusivo da poesia, incursionam pelo conto, narrativas curtas, pela ficção e crônica, do soneto ao verso livre. Tudo bem. Aos poucos, lendo os textos de dezenas de autores de diferentes partes do Brasil, publicaremos algumas páginas pessoais para os poetas, já que nos autorizam... Hoje vamos adiantar 5 deles, como um brinde antecipado, com cerveja, absinto, vinho, guaraná e caipirinha... com a autorização do Giovani Iemini, líder do grupo, acessível em:  www.bardoescritor.net

 

Antonio Miranda

De
SONETÁRIO BARNASIANO. Anarquia Brasileira de Letras
Antologia.
Org. Wilson Roberto de Carvalho de Almeida.  Brasília: Utopia, 2011.   78 p

 

 

SAL

 

(César Veneziani)

 

O choro é a alma que se desfaz

e que dos olhos rola, goteja,

e lá no sal que destila traz

a desventura de uma tristeza.

 

Sou só e só sempre a sina sigo

de estar fadado a chorar demais.

Agindo assim, eu corro perigo

de não achar, nunca, minha paz.

 

E cai a lágrima, indiferente,

como se fosse assim natural.

E o sentimento se faz ausente,

como se bem fosse o que é mal!

 

Ah, e essa lágrima que não seca,

como quem paga mais do que peca.

 

 

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

 

(David Moura)

 

"... Imaginai,

Que pelo sono passastes; Que estando a dormir, sonhastes;

Que o sonho não durou nada, E que no nada acordastes."

Wïlliam Shakespeare

 

Num instante, não mais que num instante,

Passou-se a eternidade desta vida,

Encenada em estado delirante

Aos borrões da visão entorpecida.

 

Num sonho, não mais que num breve sonho,

Desenrolou-se, bêbada, a existência,

Em farsa alegre, em cântico tristonho,

Ao frouxo gargalhar da consciência...

 

Não mais que numa noite de verão,

Cálida, atordoante ao som da lira,

Representou-se a dramatização.

 

E enquanto cai o pano e a lua expira,

O sol vai espalhando o seu clarão

Sobre a última ilusão que se retira!

 

 

 

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

 

(Magmah)

 

E a nostalgia do que não se sabe.

Um sentimento a mais do que paixão

Vem, nos preenche, até que já não cabe,

Por si se basta e é prenhe de ilusão.

 

Um paradoxo e a única certeza,

O frenesi da gargalhada triste,

A fome com banquete sobre a mesa.

Mais redundante e intenso, não existe.

 

Pró cético, é um bafo de existência;

Na língua, a polpa da fruta, pró crente;

Pra quem o busca, a louca experiência.

 

Velou-me os olhos pleno anoitecer

E um sumo ácido inundou-me a boca:

Enfim o Amor que eu quis conhecer...

 

 

 

SONETELHEIRO

 

(Mailton Rangel)

 

Aproveitei que desprezaram meu poemeto

Num sarauzim, ao argumento de obscuro,

Peguei papiro e abracei meu sonho duro:

Será que — enfim — logro compor algum soneto?

 

Forcei mi'a pena a tecer gás, qual carbureto,

Pra lapidar um lenho xucro e tão impuro

Cheguei com sorte a duas quadras, mas o enduro

Exige ainda, em seu final, duplo terceto.

 

Ó, São Petrarca... Empreste luz para este traste,

Que triste vê seu sonetar tão sem centelha...

Orei com fé, e esta estrofe veio à telha,

 

E a este tonto que só quer sagrar-se vate,

Por compaixão, 'il' santo baixa e me aconselha:

— Sem arremate, ó pobrezim, só se assemelha!

 

 

VERSOS NA TAVERNA

 

(Wilson R.)  [Wilson Roberto de Carvalho de Almeida]

 

Para Manuel António Álvares de Azevedo

 

 

Da quase pueril cátedra paulista

à pútrida frigidez prematura,

não pôde o tempo atacar-te a alma pura

nem calar-te a pena, pena de artista.

 

A Epicureia, os dias de loucura,

os ídolos: Byron, o vigarista,

Victor Hugo, William (tinha uma lista!)

todos declamaram-te à sepultura.

 

Ah, fosse-te a negra sorte mais terna

e calasse o "Se eu morresse amanhã",

teria a arte seu coração mais cheio.

 

Já que partiste, eu sigo p'ra taverna

(é noite) e brindo, junto com Bertrand,

à lira de seus vinte anos e meio.

 

 

 

Página publicada em novembro de 2011


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar