ANTOLOGIA DOS NOVÍSSIMOS, São Paulo, Massao Ohno Editora, 1961
“Coleção dos Novíssimos”, vol. 9. Capa de João Susuki

HISTÓRICO por CARLOS FELIPE MOISÉS

A "Coleção dos Novíssimos", lançada por Massao Ohno em 1960 (no final do mesmo ano, a série já contava com 8 volumes), motivou o editor — a ideia partiu dele — a pensar em uma antologia que reunisse uma boa amostra dos "novíssimos" escritores. No início de 1961, Massao começou por solicitar aos que tinham acabado de estrear, e aos que estavam prestes a fazê-lo, que cada qual selecionasse e encaminhasse à editora os textos com que participaria da coletânea.

Esses jovens autores se conheciam (v. mais adiante a identificação de todos eles, relativamente à antologia), frequentavam o escritório da editora, e outros pontos de encontro, na cidade de São Paulo. Entusiasmados com a coleção e com a antologia, atenderam de pronto ao convite do editor.

A partir desse momento, o projeto passou a ser da responsabilidade exclusiva de Massao Ohno, que surpreendeu a todos, quando a antologia saiu, em agosto de 1961, com a inclusão de vários autores desconhecidos do grupo inicial. Surpresa, também, foi a não inclusão de vários que faziam parte desse grupo e já tinham, por volta de 1960-1961, os seus livros encaminhados, mas não foram lembrados pelo editor.

A participação de José Mariano Carneiro da Cunha é um exemplo de certo improviso que comandou a organização da edição. José Mariano não era escritor, mas estudioso de filosofia, e tinha bom convívio com os jovens autores ligados à coleção. Convidado por Massao, ele se incumbiu de fazer a “Apresentação” da antologia, mas não participou da seleção nem chegou a ter conhecimento de todos os textos incluídos. Por isso, o ensaio que escreveu, para figurar na abertura da antologia, tem caráter genérico, não fazendo nenhuma referência específica aos autores e aos textos selecionados.

Outro exemplo — detalhe significativo — é a ordem alfabética, adotada para a sequência da aparição dos autores na forma final da antologia, e respeitada até o penúltimo nome (inicial S). O derradeiro (inicial E) foi evidentemente acrescentado de última hora.

Resta observar que essa antologia, assim como a coleção de que faz parte, foi um fato literário e cultural marcadamente paulistano. Assim se explica que não tenham sido incluídos poetas de Santa Catarina (um dos quais tinha estreado exatamente em 1961, mas em Florianópolis), que mais adiante se ligaram ao grupo, vindo até a fixar residência temporária em São Paulo. Da mesma forma, não foram incluídos também outros poetas, sintonizados com o espirito da geração, mas que só começaram a se manifestar depois da publicação da antologia.

Caso Massao Ohno tivesse adiado por alguns anos a ideia de reunir num só volume os "novíssimos" de (ou em) São Paulo, o resultado teria sido consideravel-mente mais consistente e representativo.

* * *

Abaixo, os 24 autores que integram a Antologia dos novíssimos, com indicação dos respectivos livros de estreia, nos casos em que isto se deu.

1. Os 6 que estrearam na "Coleção dos Novíssimos" (1960):

• Clóvis Beznos: Poemas do Amor mais puro

• João Ricardo Penteado: Os rumos

• Eduardo Alves da Costa: Post-mortem

• Eunice Arruda: É tempo de noite

• Lilia A. Pereira da Silva: A estrela descalça

• Carlos Felipe Moisés: A poliflauta

Obs. 1: Paulo dei Greco estreara na mesma coleção, em 1960, mas não foi lembrado por Massao Ohno.

Obs. 2: O volume 8 da coleção é A revolução na América do Sul, de Augusto Boal.

2. Os 5 que iriam estrear em seguida:

• Celso Luís Paulini: O gerifalto, 1962

• Álvaro Alves de Faria: Noturno maior, 1963

• Roberto Piva: Paranóia,1963

• Ronald Zomignan de Carvalho: Ao compasso da marcha, 1965

• Décio Bar: No temporal,1965

3. Os 13 que entraram na antologia mas não chegaram a publicar livro próprio:

• Carlos Alberto Seixas Lins

• Célia Regina Lopes Bittencourt

• Edgard Gurgel Aranha

• Haydée Sorensen

• Istvan Jancsò

• José Carlos Robillard de Marigny

• Lea Maria de Barros Mott

• Luiz Regis Galvão

• Otávio Júlio Silva Júnior

• Paulo Riccioppo

• Roberto Simões

• Sérgio César

• Elcir Castelo Branco

A seguir, os nomes que poderiam/deveriam ter sido incluídos (com indicação dos respectivos livros de estreia).

• Paulo dei Greco: Lamentações de fevereiro, 1960

• Bruno Tolentino: Anulação e outros reparos, 1963
• Rubens Rodrigues Torres Filho: A investigação do olhar, 1963
• Lúcia Ribeiro da Silva: Os outros, 1963
• Carlos Soulié do Amaral: Tributo poético, 1963
• Sérgio Lima: Amore, 1963
• NeideArchanjo: Primeiros ofícios da memória, 1964
• Otoniel Santos Pereira: A pedra na mão, 1964
• Cláudio Willer: Anotações para um apocalipse, 1964

Por fim, os nomes não incluídos porque só se tornaram conhecidos depois da publicação da antologia, cabendo mencionar também os que só vieram a estrear nas décadas seguintes, mas desde os anos 60 mantinham vínculos com o grupo ligado ao editor Massao Ohno. (Adiante de cada nome, o respectivo livro de estreia.)

• Rodrigo de Haro: Trinta poemas (Florianópolis), 1961

• Lindolf Bell: Os póstumos e as profecias, 1962

• Péricles Prade: Este interior de serpentes alegres (Florianópolis), 1963

• Luiz Carlos Mattos: Ex-exercício, 1966

• Rubens Jardim: Ultimatum, 1966

• Alberto Beuttenmuller: Espadamormarmorte, 1969

• Orides Fontela: Transposição, 1969      

• Roberto Bicelli: Antes que eu me esqueça, 1977

• Carlos Vogt: Cantografïa, 1982

• Antônio Fernando de Franceschi: Tarde revelada, 1985 

C. F. M.

São Paulo, março 2014