PAIXÃO
Texto de ANTONIO MIRANDA
[ 05.06.1993 ]
A Paixão brota das entranhas, sem medo do ridículo, sem perceber que o desequilíbrio vem acompanhado de angústias, de incertezas, de insegurança. Paixão madura, como uma represa que transborda.
Pele morena, uns dentes alvos, um sorriso argênteo, o objeto do desejo. Vontade nua, possessiva, dominadora.
Paião autêntica, que se impõe à razão. Verdadeira, com raízes viscerais, tomando conta do corpo, invadindo a solidão e o desgarramento.
Aquelas mãos sequiosas, receptivas, dadivosas.
Uma boca só desejos, um corpo só prazeres.
Paixão platônica, recôndita, que vai acumulando
e sedimentando anseios. Amor sem freio, sem beiradas, que pode vir-a-ser mas ainda não é.
Cafona, não importa. Paixão imaginária, projetada.
Paixão e desencontro, de olhares furtivos, dissimulados.
Como o despertar da juventude reprimida, escondida no baú de ossos.
|