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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 Jardim da Biblioteca Nacional de Buenos Aires, escultura Rosto de Manuel Mujica Láinez. Poetas Santiago Silvester, Antonio Miranda, Esteban Moore e Rodolfo Alonso.

VIAGEM A BUENOS AIRES
(outubro de 2003)

Vivi um curto mas significativo período de minha vida em Buenos Aires, nos meus anos de formação. As pessoas que eu conheci por lá nas estadas e viagens dos anos 60, 70 e 80 do século passado, perdi contato com elas. Algumas morreram - Manuel Mujica Láinez, Roberto Gitez - enquanto que outras desapareceram, como a querida Cecília Vaquero, com quem ia às peñas folclóricas e aos cine-clunes (com ela, em 1962, assisti ao memorável Viridiana, de Buñuel).

Entre os novos amigos estão os poetas Eduardo Dalter (editor dos Cuadrnos CARMIN de Poesia) e Rodolfo Alonso, além da pesquisadora e bibliotecária Susana Romanos de Tiratel, da Universidade de Buenos Aires , que revejo em congressos regionais (Maracaibo, Ciudad de México, San Juan de Puerto Rico, etc.). Susana, desta feita, além de revelar-nos os tesouros bibliográficos de sua Faculdade de Filosofia, levou-nos para um café callejero na aprazível Palermo, num clima de alegria e congraçamento.

É bem diferente ir a um país e poder, como no caso presente, conversar com gente amiga, inteligente, e trocar impressões experiências de vida, em vez de ficar circunscrito aos passeios dos pacotes turísticos.

NA BIBLIOTECA NACIONAL

O poeta Rodolfo Alonso programou uma visita ao monumental edifício da Biblioteca Nacional da Argentina. O culto livreiro Yannover, o diretor anterior, que visitamos no ano passado, faleceu recentemente. A BN - que já foi dirigida por Jorge Luís Borges (a quem fui apresentado pelo amigo comum Manuel Mujica Láinez, nos idos de 1963), agora está sob a direção do poeta Horacio Salas. Estando ausente, deixou um exemplar de seu livro Dar de Nuevo, para recepcionar-me. Os novos anfitriões foram os assessores e poetas ESTEBAN MOORE [ver poema dele traduzido e apresenta EM DESTAQUE no presente sítio] e SANTIAGO SILVESTER, com quem almoçamos no Café del Lector. O Silvester conviveu com o escritor Manuel Mujica Láinez e contou-nos, com sua verve nortista, muitas história pitorescas de nosso saudoso amigo, autor de Bomarzo. Silvester viveu muitos anos na Espanha, é oriundo de Salta, e tem um vasto conhecimento da literatura hispano-americana.

Depois de uma longa e animadíssima conversa, terminamos a visita com um recorrido pelos jardins da Biblioteca, até à escultura do rosto de Mujica Láines (o Manucho de meu livro Manucho e o Labirinto), a quem reverenciamos tomando fotos juntos para marcar o nosso encontro. [Ver fotos tomadas por Juvenildo Moreira].

NO CENTRO DE ESTUDOS BRASILEIROS

Seguimos com Rodolfo Alonso para o Centro de Estudios Brasileños, para fazer uma doação de nossas obras mais recentes. Fiquei (valha a primeira pessoa para enfatizar) bastante emocionado ao deparar-me com um exemplar de minha obra Versos Itinerantes-Amazonia, numa edição artesanal que foi enviada desde Caracas pelo Consulado do Brasil (à época sob a responsabilidade do Embaixador Alberto da Costa e Silva, atual Presidente da Academia Brasileira de Letras, que deu apoio decisivo para a referida edição), no remoto ano de 1968!

CAFÉ LA DAMA DE BOLLINE

Pela noite, no La Dama de Bolline, um tradicional café-concero no bairro de Palermo, aconteceu a leitura de meus poemas, conjuntamente com a apresentação de dois poetas norte-americanos. Um deles -CRAIG CZURY-, teve os seus versos traduzidos ao castelhano pelo Esteban Moore (com quem havíamos almoçado horas antes, na BN).

Eduardo Dalter fez a apresentação de minha obra, fazendo referência a uma resenha sobre Tu País Está Feliz assinada por José Vicente Rangel, hoje vice-presidente da Venezuela. Respondendo a uma pergunta de Dalter, falei de minha experiência de 7 anos em Caracas e da anterior, no início dos anos 70, na Argentina, esta igualmente marcante em minha formação intelectual.

Escolhi para a apresentação os poemas "Tu País Está Feliz" e "Autobiografia Tardia", ambos da versão original venezuelana e também um poema recente de Perversos, este último em tradução ao espanhol por Elga Pérez de Laborde. Pelos aplausos, parece que causaram algum impacto no público, talvez pelo tom dramatizado da leitura.

É desnecessário dizer - já dizendo - que o resto do tempo foi totalmente dedicado ao footing (perdoem o anglicismo, tão difundido e apropriado) pelas ruas centrais da magnífica cidade, aos seus restaurantes, à sessões teatrais, culminando com visitas, até à madrugada, às tantas livrarias que animam a vida cultural bonairense.

A seguir um poema sobre a nostálgica viagem, com a devida dedicatória.


 

 

 

 
 
 
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