GARRAFA AO MAR ou
O PÚBLICO ANONIMATO.
Confesso aos amigos mais íntimos que, apesar do ar eufórico que eu ostento, ando um tanto deprimido... Aqueles 15 minutos de glória prometidos pela profecia do Andy Warhol reduziram-se, pelo menos no meu caso, a menos de 15 segundos... Se tanto! Quando eu assinava Da Nirham Eros, na década de 50 (isso mesmo: do século passado...) achava ser único, original. O pseudônimo salvou-me da prisão pois eu publicava em revistas e jornais considerados subversivos pelo movimento militar... Quando voltei ao Antonio Miranda, foi um choque. Aconselharam-me a assinar Antonio de Miranda (meu nome completo é Antonio Lisboa Carvalho de Miranda, com acento indevido no Lisboa e sem acento no Antônio...). O "de" pareceu-me pretensioso, aristocrático... Ao ver a página antoniomiranda.com.br na web voltei a pensar nos 15 minutos de glória... Não deu para ser antoniomiranda.com porque havia um vendedor de material de construção lá na Espanha.... Ao buscar pelo meu nome na Internet levei um susto: éramos centenas! Antonios Miranda do mundo uni-vos! Em todas as combinações possíveis, exercendo as mais variadas profissões: vereador, jurista, músico e até um foragido da justiça! Cruz credo! Que é que os amigos aconselham fazer para sair da vala comum? Pensei no "Antonio de Miranda" pernóstico e saíram centenas deles da rede como peixes de primeira pescagem. Daria para formar um batalhão das cruzadas das letras mundiais! Volto a assinar com o heterônimo Da Nirham Eros mesmo com o risco da polícia do Bush confundir-me com um terrorista do Mediterrâneo? Ou simplesmente recolho-me à insignificância de onde não deveria ter pretendido emergir?
Antonio Miranda, aliás Da Nirham Eros, julho de 2004. |