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Cartaz da I BIP a partir da foto de Ricardo Rodrigues,

insipirada nos cartemas de Alisio Magalhães...

 

I BIP: A ESPETACULARIZAÇÃO DA POESIA

Brasília foi tomada pela poesia. Literalmente. Começou na noite do dia 2 de setembro, no Espaço Mosaico (SCRN 714/715) com poetas hispânicos e brasileiros e ainda não acabou... A exposição OBRANOME 2, que faz um balanço e mostra as perspectivas da poesia experimental e visual, vai até o fim de setembro, no espaço mais nobre das artes da cidade: o salão do Museu da República, em plena Esplanada dos Ministérios, com um catálogo primoroso que pauta linhas e caminhos.  E na Biblioteca Nacional continuam diversas exposições, máxime exibição em homenagem ao poeta Reynaldo Jardim que continua recebendo amigos e admiradores com uma “Canja na Canja” todas as noites, longe da ressaca...

Homenageamos os poetas Affonso Romano de Sant´Anna, Wladermir Dias-Pino, Thiago de Mello e Reynaldo Jardim, mas outros foram homenageados — idos e vindos — nos recitais, leituras, palestras... A poesia saiu da gaveta, do livro, e ganhou a voz, o corpo, as paredes, os canais de televisão, jornais, rádio, revelando os sons, as cores e as luzes de sua metamorfose, como uma atividade social e cultural. Poesia já é a quinta preferência de leitura do brasileiro. Associada a outras mídias, deve estar na dianteira. 

Mas, o que foi a I BIP? Um movimento, uma feira, um mutirão, uma olimpíada da poesia, graças ao engajamento de centenas de pessoas que saíram dos limites estreitos da programação “oficial”, montando cada “poemação” (espécie de sarau aberto) com poetas, músicos e outros recursos da criatividade artística, em faculdades, auditórios, bares, na 27ª.  Feira do Livro, nos espaços do Festival  Internacional de Teatro Cena Contemporânea...Festival de filmes sobre poetas brasileiros no Cine Brasília. Instalações, poemúsica, debates... Café-concert.

Sim, havia sessões magnas com poetas estrangeiros e nacionais convidados, presentes num Poemário de edição  primorosa, mas também havia lançamentos espontâneos de livros, distribuição de folhetos de poetas menos conhecidos, performances onde houvesse lugar. Poetas dos 8 aos 80 anos. Sim: havia um menino de 8 anos de idade premiado que veio, com outros de quase todos os estados do Brasil, para o prêmio de poesia da Superdotação, aqueles candidatos a gênio que desfilaram na abertura da I BIP, e também os poetas longevos, de experiência reconhecida e glorificada, com justiça, no Simpósio de Crítica de Poesia, na Universidade de Brasília, onde a maioria era de jovens estudantes...  Lá estavam Sylvia Cyntrão e sua equipe da Teoria Literária, com visitantes ilustres como Affonso Romano de Sant´Anna, Antonio Secchin, Carpinejar e estrangeiros como Eduardo García. Os Anais do evento vão revelar textos de interesse para os pesquisadores e estudiosos da poesia que se pratica na contemporaneidade, sua relação com as novas linguagens, o cinema, as artes pláticas,a tecnolgoia e a música, descobrir suas raízes e desdobramentos, como dissertou o jovem crítico Antonio Vicente Pietroforte.

Salomão Sousa lançou, com a Câmara do Livro do DF e apoio do FAC, uma polêmica antologia dos poetas da cidade — Deste Planalto Central... Cinqüenta poetas. Havia mais para serem incluídos, mas os critérios se impõem nestas circunstâncias, e ele volta em 2010 para resgatar outros nomes.

Teve espetáculos de todo tipo. O talento extraordinário de Elga Pérez-Laborde com canções e poemas hispano-americanos, com músicos da cidade, e as vozes dramáticas de Aglaia Souza e do peruano Mário de Andrade (do grupo teatral Cuatrotablas, de Lima, que apresentou uma sessão de poesia de César Vallejo, no Teatro Goldoni) Teve Sids Oliveira, teve Claufe Rodrigues e  Mônica, teve o paulista MaickNuclear, os grupos Oi Poesia (Turiba, Behr, Amneres e Cia.) , o VivaoVerso,  o... impossível incluir todos aqui, vamos destacar cada um deles em matérias que vão revitalizar a página da I BIP para que ela continue virtual, permanente, ao alcance de todos.  E vamos ressaltar os nossos patrocinadores, das embaixadas às empresas públicas e privadas que deram suporte ao evento, ao grupos e instituições culturais que contribuíram decisivamente para o sucesso do evento.

Teve uma mostra de revistas brasileiras de poesia na BCE/UnB, sessões de poesia e música nos auditórios do SESC em todo o DF, nas bibliotecas públicas da rede do Secretaria de Cultura do GDF, teve noitadas animadas, com participações espontâneas em bares da cidade.  Passeios na Barca Brasília pelo lago Paranoá, sessão para deficientes visuais com o grande Cadwell, cordel e rap, haikai e soneto. José Santiago Naud, Joanyr de Oliveira, Ronaldo Costa Fernandes, Vera Americano, Lina Tâmega Peixoto, João Carlos Taveira, Francisco Alvim foram os anfitriões das sessões magnas em que desfilaram poetas de mais de uma dúzia de países da América Latina, Europa e África.

Lançamentos de livros na mini-feira, exibições de poemas-pinturas, esculturas, oficinas de tudo para todos, confraternizações, sem esquecer que houve também falhas, erros, invejas, desatinos... É normal? É normal num megaevento desta natureza.  Quem melhor descreveu estas relações subterrâneas da natureza humana  foi o Affonso em sua palestra inaugural... Magistral. Mas valeu, não é mesmo? Teve muito de organização e de happening...



 

 

 
 
 
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