João Cabral de Melo Neto
O LIVRO INCONSÚTIL
João Cabral de Melo Neto (1920-1999) é um dos nomes mais importantes da poesia brasileira no século 20. Pernambucano, participou, com Vicente do Rego Monteiro e de Lêdo Ivo, entre outros, da organização do 1º Festival de Poesia do Recife, em abril de 1941, no início de sua carreira como poeta. Sua formação transitou entre as propostas vanguardistas europeias (surrealismo, principalmente) de seu tempo, o versilibrismo dos modernista e a ação classicizante dos ativistas da Geração 45 e até dos movimentos concretistas mas, no entanto, esteve equidistante e independente, construindo uma poética telúrica e “agreste”, até mesmo metapoética original e diferenciada.
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Diplomata, viveu anos na Europa e, conforme nos relata Gesela Creni (1), para manter-se ativo e controlar uma cefaleia, por recomendação médica, comprou uma prensa manual Minerva, durante sua estada em Barcelona. Entre 1947 e 1950 imprimiu manualmente 14 livros de amigos e outros escritores de sua predileção, com tiragem entre 100 e 150 exemplares, numerados e assinados pelos autores. O Livro Inconsutil, em papel de linho guaro. Inconsútil, ou seja, sem costura, folhas dobradas, pelas hoje consideradas raras e disputadas por bibliófilos. Aproximou-se de figuras notáveis da poesia e da pintura da Catalunha como Juan Miró e Joan Brossa, expoentes das artes e da poesia de seu tempo. Sobretudo, dedicou-se aos textos de amigos como Manuel Bandeira, Joaquim Cardozo e Vinicius de Moraes e a alguns de suas próprias obras ais extraordinárias: Psicologia da composição (...) e o Cão sem plumas. Vendeu em 1952, quando de seu regresso ao Brasil para respondeu a um inquérito administrativo.
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Obras publicadas pela editora O Livro Inconsútil, fora de comércio: Psicologia da composição, de João Cabral de Melo Neto (1947); Mafuá do malungo, de Manuel Bandeira (1948); Cores, perfumes e sons, de Charles Baudelaire (1948); Pequena antologia pernambucana, de Joaquim Cardozo (1948); Acontecimento do soneto, de Lêdo Ivo (1948); Corazón en la tierra, de Alfonso Pinto (1948); Alma en la luna, de Juan Ruiz Calonja (1948); O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto (1950); Sonets de Caruixa, de Joan Brossa (s.d.); El poeta comemorativo, de Juan Eduardo Cirlot (s.d.); Pátria minha, de Vinicius de Moraes (s.d.); Antología de poetas brasileños, de Alfonso Pinto (s.d.); O marinheiro e a noiva, de Joel Silveira (1953); e Revista Trimestral – O cavalo de todas as cores (1950).
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