2 _ EMPRÉSTIMO-ENTRE-BIBLlOTECAS: REVISÃO DE LITERATURA
Antonio Miranda
Universidade de Brasília
Departamento de Ciência da Informação e Documentação
2.1 - Introdução
A presente revisão de literatura pretende abrailger o tema "empréstimo-entre-bibliotecas" ou "empréstimo interbibliotecário" publicada no Brasil.
A pretendida revisão inclui tanto os autores brasileiros que agitaram a discussão em torno do tema como os estrangeiros citados como autoridades no assunto.
A estratégia de síntese da referida literatura contemplou os seguintes aspectos: objetivos, vantagens, problemas e diretrizes, visando à implantação de um Serviço Nacional de Empréstimo-entre-bibliotecas.
2.2 - O quê?
O controle bibliográfico tem permitido uma maior cobertura dos documentos e assegurado um acesso mais rápido e eficaz às referências bibliográficas. Atualmente a automação permite acesso às bases de dados nacionais e internacionais e constitui-se em importante fator para a produção de novas ferramentas bibliográficas. Porém, o acesso ao documento primário não se encontra na mesma situação, já que as pressões econômicas têm obrigado as bibliotecas a reduzirem suas aquisições.
Foi nesse estágio que o empréstimo interbibliotecário começou a adquirir maior importância, uma vez que a experiência tem indicado que a única solução plausível é a de uma determinada biblioteca apoiar-se nos recursos de outras (EVARISTO, 1982: 5).
Na década de 50, o empréstimo interbibliotecário foi definido por PENA (1957): 12) como "a transação mediante a qual as bibliotecas, dentro de certas restrições, emprestam entre si material bibliográfico para satisfazer o interesse de certos leitores, que, por diversos motivos, não podem consultar diretamente as bibliotecas que possuam as obras de que necessitam para seus estudos e trabalhos". Para ALLEN KENT e outros (apud MEDEIROS, 1978: 9), empréstimos entre bibliotecas "São transações nas quais materiais bibliográficos de uma biblioteca são acessíveis a outra, para uso particular".
Segundo Ronald E. Baker e Robert ESCARPIT "é um sistema que permite que livros e materiais impressos que não atraem a atenção do público de determinada biblioteca, sejam acessíveis a usuários externos que porventura tenham algum interesse nesses documentos" (MEDEIROS, 1978: 9), acrescentando: "o serviço de empréstimo-entre-bibliotecas tem por objetivo permitir que se obtenha em outras bibliotecas por via segura, rápida e econômica, as obras necessárias para certos trabalhos de pesquisa, que seja impossível encontrar na própria biblioteca".
Uma definição mais recente é dada por CAMPELLO (1986: 2) que entende a expressão empréstimo-entre-bibliotecas como "o ato de uma biblioteca ceder indiretamente a um indivíduo, através de outra biblioteca, materiais de seu acervo. Isso pode ser feito pelo empréstimo do próprio original ou de reprodução dele", Tal definição é abrangente ao ponto de incluir na transação também a comutação bibliográfica.
2.3 - Por quê?
Na literatura consultada as principais justificativas para a utilização desse tipo de serviço são: a explosão bibliográfica e a escassez de verbas para a aquisição de. material por parte das bibliotecas. Além destas SOUTO (1987): 13) identificou a "complexidade de estudos especializados que requerem uma documentação mais ampla, o gosto cada vez mais difundido pela pesquisa, avanço científico e tecnológico, falhas de coleção; nenhuma biblioteca é auto-suficiente; o empréstimo é uma forma de se conseguir de maneira mais rápida e temporariamente, algo em que não consiste interesse definitivo por parte da instituição".
LINE (1981: 8) acrescenta: “0 empréstimo interbibliotecário é geralmente muito barato se comparado com outros meios empregados para se conseguir materiais raramente usados".
Segundo Campello (1986 : 1) "somando-se a estes, tem-se o problema do espaço que afeta a maioria das bibliotecas", isto é, não interessa à biblioteca adquirir e conservar tudo mas, estrategicamente, recorrer a outras bibliotecas materiais de interesse mais circunstancial, economizimdo espaço, além de outros recursos.
2.4 - Para quê?
O empréstimo interbibliotecário é um mecanismo que proporciona aos cientistas, pesquisadores e técnicos o acesso à literatura primária, apesar das deficiências das coleções locais.
Para CAMPELLO (1986: 1) "0 compartilhamento de recursos através do empréstimo-entre-bibliotecas torna-se indispensável se analisarmos as nossas limitações como país subdesenvolvido, e mesmo em países desenvolvidos, sem grandes problemas financeiros, há uma tendência de aumento da utilização desse tipo de recurso e uma preocupação em aprimorar seu desempenho".
Não há dúvida de que “o empréstimo-entre-bibliotecas tem se constituído na melhor maneira para uma economia de recursos financeiros; um maior universo de informação para o usuário; redução de tempo para se conseguir a obra; agilizar e compartilhar acervos e se obter material que por qualquer motivo não pode ser adquirido pela biblioteca" (SOUTO, 1987: 13).
Segundo NORTIER (1974): 11) "não é solução para todos os problemas que impedem o acesso ao documento. É uma resposta prática a uma necessidade" .
2.5 - Empréstimo: cortesia ou direito?
O empréstimo-entre-bibliotecas visto pelo princípio de que a biblioteca deve fornecer ao usuário sempre que possível o material de que ele necessita, de que este é um serviço que depende da boa vontade e cortesia da biblioteca fornecedora, tende a perder essa imagem, pois em países democráticos e desenvolvidos o empréstimo surge como um direito do cidadão.
Nestes países a biblioteca tem a obrigação de localizar e obter o material solicitado pelo seu usuário, mesmo que este não faça parte de seu acervo (CAMPELLO, 1986: 2).
O empréstimo visto como uma cortesia citado em "Bases para um projeto de código de empréstimo-entre-bibliotecas" de Odete Pena, foi uma idéia muito difundida entre os profissionais da área de biblioteconomia em décadas passadas, e ainda encontra hoje alguns seguidores, que consideram o empréstimo não como uma obrigação e sim como gentileza e privilégio (SOUTO, 1987: 13).
Contudo, em seu estudo, CAMPELLO (1986: 1) observou que Uma significativa porcentagem dos bibliotecários considera o empréstimo-entre-bibliot3cas como uma "obrigação de fornecer a informação que possuem". Ao contrário, o aspecto "cortesia" teve um baixo índice, o que indica que os bibliotecários estão imbuídos do princípio do livre acesso à informação.
O princípio do livre acesso à informação é o elemento básico para a prática do empréstimo-entre-bibliotecas. A percepção disso por parte dos bibliotecários pode ser indício de uma conscientização quanto à necessidade de compartilhamento de recursos informacionais entre as bibliotecas de um país subdesenvolvido.
2.6 - Como?
Segundo LlNE (1981) existem 4 modelos básicos de empréstimo entre bibliotecas:
MODELO A - Concentração em uma única biblioteca (Grã-Bretanha)
Vantagens: soluciona o problema de saber a qual biblioteca encaminhar o pedido, evita o problema da dupla função (ou seja, atender usuários locais e externos), resolve os problemas de custos através de um sistema de cobranças (Modelo recomendado pela IFLA).
MODELO B - Concentração em poucas bibliotecas (Dinamarca).
MODELO C - Descentralização planejada (RFA).
- Vantagens: pedidos feitos diretamente às bibliotecas que possuem o material, custos adicionais não são altos e recursos bibliográficos podem servir aos usuários no local e a nível nacional.
MODELO D - Descentralização não planejada, não há ligação formal; recursos divulgados por meio de catálogos coletivos (EUA).
- problema: falta de padronização nas transações, centralização aleatória dos pedidos.
Segundo LINE, o Modelo A permite adequar uma biblioteca para o atendimento prioritário e rápido de determinados tipos de materiais;
- os custos diretos do atendimento específico do serviço são claramente identificados e considerados.
- é relativamente de baixo custo para as bibliotecas e seus usuários utilizarem;
- resulta mais simples em termos operacionais, porquanto os demais modelos devem ajustar-se às especificidades de mais de uma biblioteca atendente;
- torna-se mais econômica se a demanda for concentrada em um universo limitado de literatura (sobre uma coleção básica de periódicos, por exemplo).
"Os sistemas nacionais de empréstimo interbibliotecário baseados numa coleção central única, quando eficientemente planejados e administrados, oferecerão serviços melhores, em termo de nível de satisfação e rapidez de atendimento, do que os sistemas descentralizados baseados nos recursos de várias bibliotecas", garante UNE et allii (1980).
É importante, no entanto, frisar que estas vantagens são quase que exclusivamente da BLDSC, que é praticamente o único exemplo do modelo A, cujas estatísticas são as mais conhecidas e de onde provém a grande parte da literatura conhecida sobre o particular. Lamentavelmente, as vantagens defendidas pelos organizadores da BLLD necessitariam de estudos mais aprofundados para julgar a sua real conveniência e produtividade relativa.
Concluindo, os sistemas centralizados podem atingir um ritmo de atendimento mais rápido graças à existência de uma coleção central, onde todas as operações e seus procedimentos são exclusivos para o empréstimo e a comutação bibliográfica. Esse princípio, é óbvio, é sobretudo válido se essa coleção for mantida exclusivamente para o atendimento, como é o caso único da BLDCS. Haveria que avaliar a performance de uma biblioteca de grande porte escolhida para prestar um atendimento central a nível nacional e internacional, mantendo ativos os seus serviços ordinários e locais de referência, empréstimo e consulta, dentre outro.
No Brasil, EVARISTO (1982: 5). propõe para as monografias um sistema descentralizado, exceto as monografias nacionais,que seriam coletadas e supridas pela Biblioteca Nacional e o acesso através de Catálogo Coletivo.
O elemento mais importante no planejamento de um sistema de acesso ao documento é saber encontrar o ponto de equilíbrio de centralização e descentralização apropriado a cada país.
Para EVARISTO (1982: 5) "uma maneira racional de se identificar um ponto de equilíbrio para o Brasil, levando-se em consideração a provisão existente e as circunstâncias particulares do país, é analisar a provisão de acordo com a forma, idioma e assunto do documento".
2.6.1 - SISTEMA NACIONAL DE EMPRÉSTIMO
O planejamento de um sistema nacional terá de levar em consideração alguns fatores tais como: a extensão geográfica do país, a Constituição, o estágio e natureza do desenvolvimento, os níveis de educação e pesquisa, os sistemas de comunicação existentes de tecnologia (EVARISTO, 1982: 5).
LlNE e VICKERS (1981: 8) propõem as diretrizes para a implantação deste sistema. Existem três critérios básicos pelos quais o serviço de empréstimo deve ser avaliado:
- Nível de satisfação
- Rapidez no atendimento
- Economia.
Estes podem diferir de acordo com o tipo de documento ou usuário.
Porém deve-se procurar um equilíbrio ótimo entre estes e o sistema deve ser planejado de forma que, em casos especiais, um critério prevaleça sobre os demais. O problema deve ser analisado através de coleta de dados. Devem ser coletados dados sobre: volume de demanda, forma de documento, fonte de atendimento, nível de satisfação e rapidez no atendimento.
Um sistema de empréstimo interpibliotecário deve ser planejado para servir a todo tipo de biblioteca, pois sistemas separados duplicam esforços e podem aumentar os custos consideravelmente. Os sistemas devem ser planejados para prover informação sobre todos os assuntos e em todas as línguas.
Para o planejamento de sistemas de empréstimos interbibliotecários deve-se levar em conta os sistemas existentes em países vizinhos e outros. , O sistema nacional de empréstimo interbibliotecário deve ser capaz de propiciar acesso a todas as publicações de seu país, tanto no nível nacional como internacional.
Sistemas de empréstimo interbibliotecárío devem ser planejados inicialmente para assegurar a acessibilidade a publicações impressas recentemente e depois melhorar a acessibilidade a material retrospectivo.
Um sistema nacional deve, na medida do possível, ser planejado para se compatibilizar com os sistemas de outros países, de modo a simplificar transações internacionais. Ainda que possuam estruturas diferentes os sistemas podem fazer uso de formulários e procedimentos que tornem mais fácil mandar pedidos não atendidos a nível nacional e internacional.
Um sistema de empréstimo-entre-bibliotecas é suplementar à aquisição a nível local, não uma alternativa. Por isso bibliotecas não devem pedir emprestados itens a outras bibliotecas quando for mais econômico comprá-las.
Todo país desenvolvido deve visar a satisfazer pelo menos 70% da demanda de empréstimo interbibliotecário, preferivelmente 80%. Além disso, os pedidos devem ser atendidos rapidamente, mesmo os que resultarem negativos.
Todas as bibliotecas devem dar igual prioridade tanto aos pedidos que vêm através do empréstimo interbibliotecário quanto aos pedidos de empréstimo· de usuário a nível local. Os pedidos devem passar pelo mínimo de canais possível, dando-se prioridade aos canais mais rápidos.
As rotinas devem ser tão simples e padronizadas quanto possível, planejadas para economizar tempo. Os formulários de pedidos devem ser padronizados, assim como outros formulários relacionados com o empréstimo.
A contabilidade deve ser simples, através de pagamento prévio, usando-se taxas fixas e tornando-se possível a compra antecipada de cupons ou depósitos em contas bancárias especiais. Deve-se encontrar um meio de se compensar as bibliotecas supridoras, pois isto as incentiva a oferecer um bom serviço.
Os catálogos coletivos devem ser reduzidos ao mínimo, assim como o número de bibliotecas incluídas. Os sistemas devem ser planejados levando-se em conta e fazendo-se uso dos sistemas de comunicação e transportes modernos.
Os sistemas devem poder comportar modificações. Adaptações tanto às novas formas de publicação (microfichas, revistas de sinopse, jornais eletrônicos) quanto à tecnologia da comunicação (transmissão fac-simile, tecnologia de vídeos, telecomunicação e tecnologia de computação). O sistema deve ser regularmente avaliado, para se detectar deficiências e estudar tendências.
2.6.2 - FORMALIZAÇÃO E RACIONALIZAÇÃO DO EMPRÉSTIMO-ENTRE-BIBLlOTECAS
A primeira idéia de empréstimo-entre-bibliotecas surgiu nos Estados Unidos em 1876 com a sugestão feita por Samuel Green, um dos fundadores da ALA (American Library Association). No início cada biblioteca estipulou seu próprio regulamento. Em 1917 o Publication Board da ALA pediu ao comitê de coordenação a elaboração de regras para a uniformização do processo de empréstimo, que foram aceitas durante vinte e três anos. Uma revisão deste código foi feita em 1940; apesar disso os bibliotecários da Califórnia propuseram a adoção de um formulário em quatro vias que foi aceito na convenção da ALA, em 1950. O código sofreu nova revisão em 1952. Em 1968, ainda era o código que se utilizava, com pequenas alterações feitas em 1957.
A utilização de políticas (expressas em códigos ou regulamentos), formulários próprios e catálogos coletivos no desempenho do serviço de empréstimo entre as bibliotecas é um procedimento sugerido na maioria dos trabalhos escritos sobre o assunto. São eles os instrumentos necessários para a formalização e racionalização do serviço (CAMPELLO, 1986: 1).
2.6.2.1 - POLíTICAS
A literatura sobre políticas de empréstimo-entre-bibliotecas é escassa. Porém nota-se que muitas vezes as bibliotecas não as desenvolvem e, quando estas políticas existem, não são aplicadas na íntegra. No Brasil, não contamos ainda com um código aprovado para o empréstimo-entrebibliotecas. No entanto, ele vem sendo realizado entre nós de modo não planificado. Alguns projetos para códigos já foram elaborados; a primeira tentativa de regulamento aconteceu em 1957, proposta por Odete PENA (vide blibl.) e apresentada pela Associação Paulista de Bibliotecários como um "Anteprojeto de código brasileiro de empréstimo entre bibliotecas", em novembro de 1960. No Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação realizado em Curitiba, em 1961, foram discutidos os projetos de códigos existentes e mais tarde, em 1962, Alice GUARNIERI e Maria Antonieta FERRAZ publicaram o "Anteprojeto de código brasileiro de empréstimo entre bibliotecas". O trabalho "Empréstimo entre bibliotecas e código para as bibliotecas biomédicas do Estado de São Paulo", de Guiomar P. da Fonseca foi apresentado no V Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, em 1967.
A falta de políticas explícitas de empréstimo-entre-bibliotecas é um ponto a merecer consideração, já que uma linha clara e objetiva de trabalho dos participantes é essencial em qualquer atividade cooperativa que envolva instituições com objetivos diferentes. Vê-se que uma regulamentação (organização, direção e funcionamento) desse serviço se faz necessária em face das sérias dificuldades encontradas na execução e aprimoramento dessa atividade (CAMPELLO), 1986:1).
Contudo, existem profissionais resistentes à formalização do serviço, como é o caso das biblotecárias da Biblioteca Central da UNESP que propõem um programa de empréstimo que não seja baseado em normas e regulamentos, mas contando com a boa vontade dos bibliotecários. Alegam as justificativas mais freqüentes apresentadas nos regulamentos (SOUTO, 1987: 13)
A cooperação e boa vontade dos bibliotecários não podem ser a única base para a eficiência do sistema, pois se não houver o mínimo de estruturação, o serviço estará comprometido.
Ainda que falte muita coisa para ser feita para o planejamento ideal de sistemas de empréstimo interbibliotecário e ainda que, de qualquer forma, os sistemas vão diferir de acordo com necessidades e circunstâncias locais, a experiência acumulada sugere um número de diretrizes que provavelmente, serão válidas para a grande maioria dos países(ver item 6.1).
2.6.2.2 - FORMULÁRIOS
A utilização de formulários próprios para empréstimo entre bibliotecas é visto como uma forma de simplificar os procedimentos, principalmente se esses forem padronizados (CAMPELLO, 1986). Segundo CHASTINET e FONSECA (1979: 4) "a multiplicidade de formulários de solicitação de cópias dificulta as operações de serviço" (obviamente a duplicidade de formulários de pedidos de empréstimos de originais também).
2.6.2.3 - CATÁLOGOS COLETIVOS
Como é sabido, para a eficaz implantação do empréstimo interbibliotecário é indispensável contar-se com catálogos coletivos, a fim de que se possa conhecer o acervo bibliográfico de cada biblioteca, para localização das obras de que se necessita.
Estudos realizados em alguns países provam que o sucesso dos pedidos é significativamente maior quando estes são localizados através de catálogos coletivos; a falta deste tipo de instrumento diminui a eficiência do serviço e seu uso (CAMPELLO, 1986: 2).
Segundo MONTE-MOR (1979:10),"deve haver uma compatibilidade dos sistemas usados pelas bibliotecas universitárias, pois se as universidades começarem a usar um sistema compatível com o CALCO, as fitas magnéticas poderão ser trocadas e rapidamente se terá um catálogo coletivo nacional e vários bancos de dados".
2.7 - PROBLEMAS
Segundo alguns autores, entre os quais encontra-se CAMPELLO (1985: 1 ),os problemas têm dois pontos de enfoque diferente: o do fornecedor e o do solicitante.
Dificuldades encontradas pelos bibliotecários como fornecedores de empréstimo entre bibliotecas:
- citações bibliográficas incompletas,
- falta de pessoal para atendimento,
- segurança do material emprestado,
- dificuldade para reprodução do material (no caso dacomutação),
- problemas com a administração superior,
- direitos autorais.
Dificuldades encontradas pelos bibliotecários como solicitantes do serviço de empréstimo-entre-bibliotecas:
- comunicação e transporte,
- falta de instrumentos bibliográficos,
- coleções deficientes,
- demora no recebimento,
- falta de um órgão coordenador,
- falta de diretrizes formais,
- falta de interesse/cooperação dos bibliotecários,
- problemas com o pagamento do serviço.
Dentre os problemas devem ser ressaltados:
- As atitudes arraigadas dos bibliotecários, que são uma grande barreira à cooperação. Estas atitudes devem portanto se modificar à medida que a biblioteca passa da isolada para um sistema com maior grau de interação.
- questão de pagamento, que divide as opiniões. De um lado os que são favoráveis a um serviço gratuito, pois vêm o risco da informação transformar-se em monopólio, acessível apenas aos que puderem pagar por ela. Há os que pensam que é necessário haver um pagamento pelo serviço, pois este necessita de recursos para seu funcionamento e até mesmo para assegurar um serviço eficiente.
- a informalidade, dado que poucos países possuem um sistema formal de empréstimo-entre-bibliotecas, não existindo uma estrutura, nem planejamento específicos.
- relativamente mais baixos se comparados com os dos demais modelos;
2.8 - CONCLUSÃO
A falta de infra-estrutura é um empecilho para o bom funcionamento do empréstimo-entre-bibliotecas no Brasil, ocasionando um serviço feito à base da informalidade, da boa vontade, quase sempre a nível local ou institucional.
O Brasil precisa criar uma comissão para elaborar um documento formal, pois esta última tentativa de regulamentação foi feita no final da década de 60.
A criação de uma política clara e precisa definirá: o modelo de empréstimo interbibliotecário a ser adotado pelo Brasil; tipo de material a ser emprestado; tipo de bibliotecas participantes; papel das bibliotecas fornecedoras e solicitantes. Além disso, afirmará o princípio do livre acesso ao documento que deixará de ser uma cortesia para se tornar um direito.
s, porquanto a literatura consultada é omissa sobre a problemática.
(Documento elaborado com a colaboração dos assistentes - alunos de Biblioteconomia da Universidade de Brasília - Daniel Alvarado e Márcia Martins).
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- CAMPELLO, Bernadete Santos. Empréstimo entre bibliotecas: situação nas bibliotecas especializadas e universitárias de Belo Horizonte. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 14 (1): 1-36, mar. 1985.
2 - CAMPELLO, Bernadete Santos. Empréstimo entre bibliotecas. R. Esc.
Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 15 (1): 7-34, mar. 1986.
3 - CESAR, Maria Cristina Gontijo. Empréstimo entre bibliotecas universitárias. Belo Horizonte, Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais, 1968. 33.p.
4 - CHASTINET, Yone & FONSECA, Ana Flávia. Acesso à documentação primária agrícola no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, 10, Curitiba, 1979. Anais
. Curitiba, Associação dos Bibliotecários do Paraná, 1979 v. 2
5 - EVARISTO, Márcia de F. Sistemas nacionais de acesso ao documento: um modelo para o Brasil. R. Bibliotecon. Brasília 10 (1): 19-32, jan.ljun, 1982.
6 - FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECAS. Empréstimo internacional: princípios e diretrizes para sua realização, R. Bras. Bibliotecon. Doe., 12 (1/2): 101-108, jan.ljun. 1979.
7 - GUARNIERI, Alice C. & FERRAZ, M. A. Anteprojeto de código brasileiro de empréstimo-entre-bibliotecas. FEBAB Boletim Informativo, São Paulo, 5 (3/4): 36-8, mar.labr. 1962.
8 - lINE, Maurice & VICKERS, Stephen. Diretrizes para sistemas nacionais de empréstimo interbibliotecário. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 10 (1): 13-26, mar. 1981.
9 - MEDEIROS, Aline. O empréstimo entre bibliotecas no grupo de trabalho em documentação agrícola do estado do Paranã. Curitiba, Universidade do Paraná, 1978.
10 - MONTER-MOR, Janice. Cooperação entre biblioteca nacional e as bibliotecas universitárias. In: Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias. Niterói, 1978. Anais. Niterói, UFF-NDC, 1979, p. 163-174.
11 - NORTIER, M. Préstamos entre bibliotecas: algunos problemas y sus posibles soluciones. B. UNESCO, Paris, 28 (2): 71-77, mar.labr. 1974.
12 - PENA, Odete O. Empréstimo entre bibliotecas. IBBD Boi. Informativo, Rio de Janeiro, 3 (5/6), set./dez. 1957.
13 - SOUTO, M. Constãncia. Empréstimo não-oficial entre as bibliotecas universitárias. In: Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, 5, Porto Alegre, 1987. Anais. Porto Alegre, UFRGBS-iblioteca Central, MEC-SESU, 1987. P. 603-614 .
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Extraído de: MIRANDA, Antonio. Modelos alternativos de Empréstimos-entre-Biblitotecas. Brasília: Programa Nacional de Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior- PNBU-MEC, 1990. 107 p.
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