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2 _ EMPRÉSTIMO-ENTRE-BIBLlOTECAS: REVISÃO DE LITERATURA

 

Antonio Miranda

Universidade de Brasília

Departamento de Ciência da Informação e Documentação

 

2.1 - Introdução

A presente revisão de literatura pretende abrailger o tema "emprés­timo-entre-bibliotecas" ou "empréstimo interbibliotecário" publicada no Brasil.

A pretendida revisão inclui tanto os autores brasileiros que agitaram a discussão em torno do tema como os estrangeiros citados como autori­dades no assunto.

A estratégia de síntese da referida literatura contemplou os seguintes aspectos: objetivos, vantagens, problemas e diretrizes, visando à implanta­ção de um Serviço Nacional de Empréstimo-entre-bibliotecas.

 

2.2 - O quê?

O controle bibliográfico tem permitido uma maior cobertura dos do­cumentos e assegurado um acesso mais rápido e eficaz às referências bi­bliográficas. Atualmente a automação permite acesso às bases de dados nacionais e internacionais e constitui-se em importante fator para a produ­ção de novas ferramentas bibliográficas. Porém, o acesso ao documento primário não se encontra na mesma situação, já que as pressões econômi­cas têm obrigado as bibliotecas a reduzirem suas aquisições.

Foi nesse estágio que o empréstimo interbibliotecário começou a adquirir maior importância, uma vez que a experiência tem indicado que a única solução plausível é a de uma determinada biblioteca apoiar-se nos recursos de outras (EVARISTO, 1982: 5).

Na década de 50, o empréstimo interbibliotecário foi definido por PENA (1957): 12) como "a transação mediante a qual as bibliotecas, dentro de certas restrições, emprestam entre si material bibliográfico para satisfa­zer o interesse de certos leitores, que, por diversos motivos, não podem consultar diretamente as bibliotecas que possuam as obras de que neces­sitam para seus estudos e trabalhos". Para ALLEN KENT e outros (apud MEDEIROS, 1978: 9), emprésti­mos entre bibliotecas "São transações nas quais materiais bibliográficos de uma biblioteca são acessíveis a outra, para uso particular".

 

Segundo Ronald E. Baker e Robert ESCARPIT "é um sistema que permite que livros e materiais impressos que não atraem a atenção do pú­blico de determinada biblioteca, sejam acessíveis a usuários externos que porventura tenham algum interesse nesses documentos" (MEDEIROS, 1978: 9), acrescentando: "o serviço de empréstimo-entre-bibliotecas tem por objetivo permitir que se obtenha em outras bibliotecas por via segura, rápida e econômica, as obras necessárias para certos trabalhos de pesqui­sa, que seja impossível encontrar na própria biblioteca".

 

Uma definição mais recente é dada por CAMPELLO (1986: 2) que entende a expressão empréstimo-entre-bibliotecas como "o ato de uma biblioteca ceder indiretamente a um indivíduo, através de outra biblioteca, materiais de seu acervo. Isso pode ser feito pelo empréstimo do próprio original ou de reprodução dele", Tal definição é abrangente ao ponto de incluir na transação também a comutação bibliográfica.
 

2.3 - Por quê?  

Na literatura consultada as principais justificativas para a utilização desse tipo de serviço são: a explosão bibliográfica e a escassez de verbas para a aquisição de. material por parte das bibliotecas. Além destas SOU­TO (1987): 13) identificou a "complexidade de estudos especializados que requerem uma documentação mais ampla, o gosto cada vez mais difundi­do pela pesquisa, avanço científico e tecnológico, falhas de coleção; ne­nhuma biblioteca é auto-suficiente; o empréstimo é uma forma de se con­seguir de maneira mais rápida e temporariamente, algo em que não con­siste interesse definitivo por parte da instituição".

 

LINE (1981: 8) acrescenta: “0 empréstimo interbibliotecário é geral­mente muito barato se comparado com outros meios empregados para se conseguir materiais raramente usados".

 

Segundo Campello (1986 : 1) "somando-se a estes, tem-se o pro­blema do espaço que afeta a maioria das bibliotecas", isto é, não interessa à biblioteca adquirir e conservar tudo mas, estrategicamente, recorrer a outras bibliotecas materiais de interesse mais circunstancial, economizim­do espaço, além de outros recursos.

 

2.4 - Para quê?  

O empréstimo interbibliotecário é um mecanismo que proporciona aos cientistas, pesquisadores e técnicos o acesso à literatura primária, apesar das deficiências das coleções locais.

 

Para CAMPELLO (1986: 1) "0 compartilhamento de recursos através do empréstimo-entre-bibliotecas torna-se indispensável se analisarmos as nossas limitações como país subdesenvolvido, e mesmo em países desen­volvidos, sem grandes problemas financeiros, há uma tendência de au­mento da utilização desse tipo de recurso e uma preocupação em aprimo­rar seu desempenho".

 

Não há dúvida de que “o empréstimo-entre-bibliotecas tem se cons­tituído na melhor maneira para uma economia de recursos financeiros; um maior universo de informação para o usuário; redução de tempo para se conseguir a obra; agilizar e compartilhar acervos e se obter material que por qualquer motivo não pode ser adquirido pela biblioteca" (SOUTO, 1987: 13).

 

Segundo NORTIER (1974): 11) "não é solução para todos os proble­mas que impedem o acesso ao documento. É uma resposta prática a uma necessidade" .  

 

2.5 - Empréstimo: cortesia ou direito?  

O empréstimo-entre-bibliotecas visto pelo princípio de que a biblio­teca deve fornecer ao usuário sempre que possível o material de que ele necessita, de que este é um serviço que depende da boa vontade e cortesia da biblioteca fornecedora, tende a perder essa imagem, pois em países democráticos e desenvolvidos o empréstimo surge como um direito do ci­dadão.

 

Nestes países a biblioteca tem a obrigação de localizar e obter o ma­terial solicitado pelo seu usuário, mesmo que este não faça parte de seu acervo (CAMPELLO, 1986: 2).

 

O empréstimo visto como uma cortesia citado em "Bases para um projeto de código de empréstimo-entre-bibliotecas" de Odete Pena, foi uma idéia muito difundida entre os profissionais da área de bibliotecono­mia em décadas passadas, e ainda encontra hoje alguns seguidores, que consideram o empréstimo não como uma obrigação e sim como gentileza e privilégio (SOUTO, 1987: 13).

Contudo, em seu estudo, CAMPELLO (1986: 1) observou que Uma significativa porcentagem dos bibliotecários considera o empréstimo-en­tre-bibliot3cas como uma "obrigação de fornecer a informação que possuem". Ao contrário, o aspecto "cortesia" teve um baixo índice, o que indi­ca que os bibliotecários estão imbuídos do princípio do livre acesso à in­formação.

 

O princípio do livre acesso à informação é o elemento básico para a prática do empréstimo-entre-bibliotecas. A percepção disso por parte dos bibliotecários pode ser indício de uma conscientização quanto à necessida­de de compartilhamento de recursos informacionais entre as bibliotecas de um país subdesenvolvido.

 

2.6 - Como?  

Segundo LlNE (1981) existem 4 modelos básicos de empréstimo en­tre bibliotecas:

 

MODELO A - Concentração em uma única biblioteca (Grã-Bretanha)

 

Vantagens: soluciona o problema de saber a qual biblioteca enca­minhar o pedido, evita o problema da dupla função (ou seja, atender usuários locais e externos), resolve os problemas de custos através de um sistema de cobranças (Modelo recomenda­do pela IFLA).

 

MODELO B - Concentração em poucas bibliotecas (Dinamarca).

 

MODELO C - Descentralização planejada (RFA).  

  • Vantagens: pedidos feitos diretamente às bibliotecas que possuem o material, custos adicionais não são altos e recursos bibliográficos podem servir aos usuários no local e a nível nacional.  

MODELO D - Descentralização não planejada, não há ligação formal; recursos divulgados por meio de catálogos coletivos (EUA).  

  •  problema: falta de padronização nas transações, centralização aleató­ria dos pedidos.

Segundo LINE, o Modelo A permite adequar uma biblioteca para o atendimento prioritário e rápido de determinados tipos de materiais;

  • os custos diretos do atendimento específico do serviço são claramente identificados e considerados.
  • é relativamente de baixo custo para as bibliotecas e seus usuários utilizarem;
  • resulta mais simples em termos operacionais, porquanto os demais modelos devem ajustar-se às especificidades de mais de uma bi­blioteca atendente;
  • torna-se mais econômica se a demanda for concentrada em um universo limitado de literatura (sobre uma coleção básica de periódicos, por exemplo).  

"Os sistemas nacionais de empréstimo interbibliotecário ba­seados numa coleção central única, quando eficientemente planejados e administrados, oferecerão serviços melhores, em termo de nível de satisfação e rapidez de atendimento, do que os sistemas descentralizados baseados nos recursos de várias bibliotecas", garante UNE et allii (1980).

 

É importante, no entanto, frisar que estas vantagens são quase que exclusivamente da BLDSC, que é praticamente o único exemplo do mo­delo A, cujas estatísticas são as mais conhecidas e de onde provém a gran­de parte da literatura conhecida sobre o particular. Lamentavelmente, as vantagens defendidas pelos organizadores da BLLD necessitariam de es­tudos mais aprofundados para julgar a sua real conveniência e produtivi­dade relativa.

 

Concluindo, os sistemas centralizados podem atingir um ritmo de atendimento mais rápido graças à existência de uma coleção central, onde todas as operações e seus procedimentos são exclusivos para o emprésti­mo e a comutação bibliográfica. Esse princípio, é óbvio, é sobretudo válido se essa coleção for mantida exclusivamente para o atendimento, como é o caso único da BLDCS. Haveria que avaliar a performance de uma biblio­teca de grande porte escolhida para prestar um atendimento central a nível nacional e internacional, mantendo ativos os seus serviços ordinários e lo­cais de referência, empréstimo e consulta, dentre outro.

 

No Brasil, EVARISTO (1982: 5). propõe para as monografias um sis­tema descentralizado, exceto as monografias nacionais,que seriam coleta­das e supridas pela Biblioteca Nacional e o acesso através de Catálogo Co­letivo.

 

O elemento mais importante no planejamento de um sistema de acesso ao documento é saber encontrar o ponto de equilíbrio de centrali­zação e descentralização apropriado a cada país.

 

Para EVARISTO (1982: 5) "uma maneira racional de se identificar um ponto de equilíbrio para o Brasil, levando-se em consideração a provisão existente e as circunstâncias particulares do país, é analisar a provisão de acordo com a forma, idioma e assunto do documento".  

 

2.6.1 - SISTEMA NACIONAL DE EMPRÉSTIMO  

O planejamento de um sistema nacional terá de levar em considera­ção alguns fatores tais como: a extensão geográfica do país, a Constituição, o estágio e natureza do desenvolvimento, os níveis de educação e pesqui­sa, os sistemas de comunicação existentes de tecnologia (EVARISTO, 1982: 5).

 

LlNE e VICKERS (1981: 8) propõem as diretrizes para a implantação deste sistema. Existem três critérios básicos pelos quais o serviço de em­préstimo deve ser avaliado:

 

- Nível de satisfação

- Rapidez no atendimento

- Economia.

 

Estes podem diferir de acordo com o tipo de documento ou usuário.

 

Porém deve-se procurar um equilíbrio ótimo entre estes e o sistema deve ser planejado de forma que, em casos especiais, um critério prevaleça so­bre os demais. O problema deve ser analisado através de coleta de dados. Devem ser coletados dados sobre: volume de demanda, forma de docu­mento, fonte de atendimento, nível de satisfação e rapidez no atendimen­to.

 

Um sistema de empréstimo interpibliotecário deve ser planejado para servir a todo tipo de biblioteca, pois sistemas separados duplicam esforços e podem aumentar os custos consideravelmente. Os sistemas de­vem ser planejados para prover informação sobre todos os assuntos e em todas as línguas.

 

Para o planejamento de sistemas de empréstimos interbibliotecários deve-se levar em conta os sistemas existentes em países vizinhos e outros. , O sistema nacional de empréstimo interbibliotecário deve ser capaz de propiciar acesso a todas as publicações de seu país, tanto no nível na­cional como internacional.

 

Sistemas de empréstimo interbibliotecárío devem ser planejados ini­cialmente para assegurar a acessibilidade a publicações impressas recen­temente e depois melhorar a acessibilidade a material retrospectivo.

 

Um sistema nacional deve, na medida do possível, ser planejado para se compatibilizar com os sistemas de outros países, de modo a sim­plificar transações internacionais. Ainda que possuam estruturas diferentes os sistemas podem fazer uso de formulários e procedimentos que tornem mais fácil mandar pedidos não atendidos a nível nacional e internacional.

 

Um sistema de empréstimo-entre-bibliotecas é suplementar à aqui­sição a nível local, não uma alternativa. Por isso bibliotecas não devem pedir emprestados itens a outras bibliotecas quando for mais econômico comprá-las.

 

Todo país desenvolvido deve visar a satisfazer pelo menos 70% da demanda de empréstimo interbibliotecário, preferivelmente 80%. Além disso, os pedidos devem ser atendidos rapidamente, mesmo os que resul­tarem negativos.

 

Todas as bibliotecas devem dar igual prioridade tanto aos pedidos que vêm através do empréstimo interbibliotecário quanto aos pedidos de empréstimo· de usuário a nível local. Os pedidos devem passar pelo míni­mo de canais possível, dando-se prioridade aos canais mais rápidos.

 

As rotinas devem ser tão simples e padronizadas quanto possível, planejadas para economizar tempo. Os formulários de pedidos devem ser padronizados, assim como outros formulários relacionados com o em­préstimo.

 

A contabilidade deve ser simples, através de pagamento prévio, usando-se taxas fixas e tornando-se possível a compra antecipada de cu­pons ou depósitos em contas bancárias especiais. Deve-se encontrar um meio de se compensar as bibliotecas supridoras, pois isto as incentiva a oferecer um bom serviço.

Os catálogos coletivos devem ser reduzidos ao mínimo, assim como o número de bibliotecas incluídas. Os sistemas devem ser planejados le­vando-se em conta e fazendo-se uso dos sistemas de comunicação e transportes modernos.

 

Os sistemas devem poder comportar modificações. Adaptações tanto às novas formas de publicação (microfichas, revistas de sinopse, jornais eletrônicos) quanto à tecnologia da comunicação (transmissão fac-simile, tecnologia de vídeos, telecomunicação e tecnologia de computação). O sistema deve ser regularmente avaliado, para se detectar deficiências e estudar tendências.

 

2.6.2 - FORMALIZAÇÃO E RACIONALIZAÇÃO DO EMPRÉSTIMO-EN­TRE-BIBLlOTECAS

A primeira idéia de empréstimo-entre-bibliotecas surgiu nos Estados Unidos em 1876 com a sugestão feita por Samuel Green, um dos funda­dores da ALA (American Library Association). No início cada biblioteca es­tipulou seu próprio regulamento. Em 1917 o Publication Board da ALA pediu ao comitê de coordenação a elaboração de regras para a uniformiza­ção do processo de empréstimo, que foram aceitas durante vinte e três anos. Uma revisão deste código foi feita em 1940; apesar disso os bibliotecários da Califórnia propuseram a adoção de um formulário em quatro vias que foi aceito na convenção da ALA, em 1950. O código sofreu nova revisão em 1952. Em 1968, ainda era o código que se utilizava, com peque­nas alterações feitas em 1957.

 

A utilização de políticas (expressas em códigos ou regulamentos), formulários próprios e catálogos coletivos no desempenho do serviço de empréstimo entre as bibliotecas é um procedimento sugerido na maioria dos trabalhos escritos sobre o assunto. São eles os instrumentos necessá­rios para a formalização e racionalização do serviço (CAMPELLO, 1986: 1).

  

2.6.2.1 - POLíTICAS  

A literatura sobre políticas de empréstimo-entre-bibliotecas é escas­sa. Porém nota-se que muitas vezes as bibliotecas não as desenvolvem e, quando estas políticas existem, não são aplicadas na íntegra. No Brasil, não contamos ainda com um código aprovado para o empréstimo-entre­bibliotecas. No entanto, ele vem sendo realizado entre nós de modo não planificado. Alguns projetos para códigos já foram elaborados; a primeira tentativa de regulamento aconteceu em 1957, proposta por Odete PENA (vide blibl.) e apresentada pela Associação Paulista de Bibliotecários como um "Anteprojeto de código brasileiro de empréstimo entre bibliotecas", em novembro de 1960. No Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Do­cumentação realizado em Curitiba, em 1961, foram discutidos os projetos de códigos existentes e mais tarde, em 1962, Alice GUARNIERI e Maria Antonieta FERRAZ publicaram o "Anteprojeto de código brasileiro de em­préstimo entre bibliotecas". O trabalho "Empréstimo entre bibliotecas e código para as bibliotecas biomédicas do Estado de São Paulo", de Guio­mar P. da Fonseca foi apresentado no V Congresso Brasileiro de Bibliote­conomia e Documentação, em 1967.

 

A falta de políticas explícitas de empréstimo-entre-bibliotecas é um ponto a merecer consideração, já que uma linha clara e objetiva de traba­lho dos participantes é essencial em qualquer atividade cooperativa que envolva instituições com objetivos diferentes. Vê-se que uma regulamen­tação (organização, direção e funcionamento) desse serviço se faz neces­sária em face das sérias dificuldades encontradas na execução e aprimo­ramento dessa atividade (CAMPELLO), 1986:1).

 

Contudo, existem profissionais resistentes à formalização do serviço, como é o caso das biblotecárias da Biblioteca Central da UNESP que pro­põem um programa de empréstimo que não seja baseado em normas e regulamentos, mas contando com a boa vontade dos bibliotecários. Ale­gam as justificativas mais freqüentes apresentadas nos regulamentos (SOUTO, 1987: 13)

 

A cooperação e boa vontade dos bibliotecários não podem ser a úni­ca base para a eficiência do sistema, pois se não houver o mínimo de es­truturação, o serviço estará comprometido.

 

Ainda que falte muita coisa para ser feita para o planejamento ideal de sistemas de empréstimo interbibliotecário e ainda que, de qualquer forma, os sistemas vão diferir de acordo com necessidades e circunstâncias locais, a experiência acumulada sugere um número de diretrizes que pro­vavelmente, serão válidas para a grande maioria dos países(ver item 6.1).

  

2.6.2.2 - FORMULÁRIOS  

A utilização de formulários próprios para empréstimo entre bibliote­cas é visto como uma forma de simplificar os procedimentos, principal­mente se esses forem padronizados (CAMPELLO, 1986). Segundo CHAS­TINET e FONSECA (1979: 4) "a multiplicidade de formulários de solicita­ção de cópias dificulta as operações de serviço" (obviamente a duplicidade de formulários de pedidos de empréstimos de originais também).  

 

2.6.2.3 - CATÁLOGOS COLETIVOS  

Como é sabido, para a eficaz implantação do empréstimo interbi­bliotecário é indispensável contar-se com catálogos coletivos, a fim de que se possa conhecer o acervo bibliográfico de cada biblioteca, para localiza­ção das obras de que se necessita.

 

Estudos realizados em alguns países provam que o sucesso dos pe­didos é significativamente maior quando estes são localizados através de catálogos coletivos; a falta deste tipo de instrumento diminui a eficiência do serviço e seu uso (CAMPELLO, 1986: 2).

 

Segundo MONTE-MOR (1979:10),"deve haver uma compatibilidade dos sistemas usados pelas bibliotecas universitárias, pois se as universida­des começarem a usar um sistema compatível com o CALCO, as fitas magnéticas poderão ser trocadas e rapidamente se terá um catálogo cole­tivo nacional e vários bancos de dados".  

 

2.7 - PROBLEMAS  

Segundo alguns autores, entre os quais encontra-se CAMPELLO (1985: 1 ),os problemas têm dois pontos de enfoque diferente: o do forne­cedor e o do solicitante.

Dificuldades encontradas pelos bibliotecários como fornecedores de empréstimo entre bibliotecas:  

  • citações bibliográficas incompletas,
  • falta de pessoal para atendimento,
  • segurança do material emprestado,
  • dificuldade para reprodução do material (no caso dacomutação),
  • problemas com a administração superior,
  • direitos autorais.  

Dificuldades encontradas pelos bibliotecários como solicitantes do serviço de empréstimo-entre-bibliotecas:  

  • comunicação e transporte,
  • falta de instrumentos bibliográficos,
  • coleções deficientes,
  • demora no recebimento,
  • falta de um órgão coordenador,
  • falta de diretrizes formais,
  • falta de interesse/cooperação dos bibliotecários,
  • problemas com o pagamento do serviço.  

Dentre os problemas devem ser ressaltados:  

  • As atitudes arraigadas dos bibliotecários, que são uma gran­de barreira à cooperação. Estas atitudes devem portanto se modificar à medida que a biblioteca passa da isolada para um sistema com maior grau de interação.  
  • questão de pagamento, que divide as opiniões. De um lado os que são favoráveis a um serviço gratuito, pois vêm o risco da informação transformar-se em monopólio, acessível apenas aos que puderem pagar por ela. Há os que pensam que é necessário haver um pagamento pelo serviço, pois este necessita de recursos para seu funcionamento e até mesmo para assegurar um serviço eficiente.  
  • a informalidade, dado que poucos países possuem um siste­ma formal de empréstimo-entre-bibliotecas, não existindo uma estrutura, nem planejamento específicos.  
  • relativamente mais baixos se comparados com os dos demais modelos;
     

2.8 - CONCLUSÃO  

A falta de infra-estrutura é um empecilho para o bom funciona­mento do empréstimo-entre-bibliotecas no Brasil, ocasionando um serviço feito à base da informalidade, da boa vontade, quase sempre a nível local ou institucional.

 

O Brasil precisa criar uma comissão para elaborar um documento formal, pois esta última tentativa de regulamentação foi feita no final da década de 60.

 

A criação de uma política clara e precisa definirá: o modelo de em­préstimo interbibliotecário a ser adotado pelo Brasil; tipo de material a ser emprestado; tipo de bibliotecas participantes; papel das bibliotecas forne­cedoras e solicitantes. Além disso, afirmará o princípio do livre acesso ao documento que deixará de ser uma cortesia para se tornar um direito.

s, porquanto a lite­ratura consultada é omissa sobre a problemática.

 

(Documento elaborado com a colaboração dos assistentes - alunos de Biblioteconomia da Universidade de Brasília - Daniel Alvarado e Márcia Martins).  

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS  

1- CAMPELLO, Bernadete Santos. Empréstimo entre bibliotecas: situa­ção nas bibliotecas especializadas e universitárias de Belo Hori­zonte. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 14 (1): 1-36, mar. 1985.

2 - CAMPELLO, Bernadete Santos. Empréstimo entre bibliotecas. R. Esc.

Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 15 (1): 7-34, mar. 1986.

3 - CESAR, Maria Cristina Gontijo. Empréstimo entre bibliotecas univer­sitárias. Belo Horizonte, Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais, 1968. 33.p.

4 - CHASTINET, Yone & FONSECA, Ana Flávia. Acesso à documentação primária agrícola no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, 10, Curitiba, 1979. Anais

. Curitiba, Associação dos Bibliotecários do Paraná, 1979 v. 2

5 - EVARISTO, Márcia de F. Sistemas nacionais de acesso ao documento: um modelo para o Brasil. R. Bibliotecon. Brasília 10 (1): 19-32, jan.ljun, 1982.

6 - FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTE­CAS. Empréstimo internacional: princípios e diretrizes para sua realização, R. Bras. Bibliotecon. Doe., 12 (1/2): 101-108, jan.ljun. 1979.

7 - GUARNIERI, Alice C. & FERRAZ, M. A. Anteprojeto de código brasi­leiro de empréstimo-entre-bibliotecas. FEBAB Boletim Infor­mativo, São Paulo, 5 (3/4): 36-8, mar.labr. 1962.

8 - lINE, Maurice & VICKERS, Stephen. Diretrizes para sistemas nacio­nais de empréstimo interbibliotecário. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 10 (1): 13-26, mar. 1981.

9 - MEDEIROS, Aline. O empréstimo entre bibliotecas no grupo de trabalho em documentação agrícola do estado do Paranã. Curitiba, Universidade do Paraná, 1978.

10 - MONTER-MOR, Janice. Cooperação entre biblioteca nacional e as bi­bliotecas universitárias. In: Seminário Nacional de Bibliotecas Uni­versitárias. Niterói, 1978. Anais. Niterói, UFF-NDC, 1979, p. 163-174.

11 - NORTIER, M. Préstamos entre bibliotecas: algunos problemas y sus posibles soluciones. B. UNESCO, Paris, 28 (2): 71-77, mar.labr. 1974.

12 - PENA, Odete O. Empréstimo entre bibliotecas. IBBD Boi. Informa­tivo, Rio de Janeiro, 3 (5/6), set./dez. 1957.

13 - SOUTO, M. Constãncia. Empréstimo não-oficial entre as bibliotecas universitárias. In: Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, 5, Porto Alegre, 1987. Anais. Porto Alegre, UFRGBS-iblioteca Central, MEC-SESU, 1987. P. 603-614 .  

 

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Extraído de: MIRANDA, Antonio. Modelos alternativos de Empréstimos-entre-Biblitotecas. Brasília: Programa Nacional de Bibliotecas de Instituições de Ensino Superior- PNBU-MEC, 1990. 107 p.

 



 

 

 
 
 
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