DO MODELO POuCOS-POuCOS
AO TODOS-TODOS NA COMuNICAçãO
por Antonio Miranda
Prefácio da obra:
MENDONÇA, Valéria. Os processos de comunicação e o modelo todos-todos: uma relação possível com o Programa de Saúde da Família. Brasília: CID/UNB; NESP, 2007. 48 p. (Série Tempus)
Valéria Mendonça empreendeu um estudo verdadeiramente na perspectiva da “comunicação intensiva” — ou seja, uma pesquisa em profundidade, em textos científicos e técnicos, sobre os fenômenos da informação e seus modelos de representação — para abordar a complexa questão da “comunicação extensiva” que impera no cenário atual de ciberespaços e blogosferas. Mas ela não parte de e termina apenas em teorias e modelos.
Valéria é uma jornalista de origem, mas com tese de doutorado em Ciência da Informação, o que a obrigou a buscar as relações entre as diversas disciplinas de sua área de atuação que, afortunadamente, convergem para a Comunicação, seu campo prioritário de pesquisa. O presente livro é uma contribuição valiosa, produto de sua tarefa investigativa sobre os fenômenos da comunicação em ambiente de inclusão social, a partir de sua experiência com o Programa GESAC, como parte de seu doutoramento.
Estamos diante de novos paradigmas. Na terceira etapa de um longo processo de mudanças que começaram há milênios, desde que o homem aprendeu a inscrever em alguma superfície, signos e imagens no intuito de comunicar sua visão do mundo, de exteriorizar suas percepções e entendimentos dos mundos interior e exterior. Agora entendemos esses registros, numa perspectiva popperiana, como um “conhecimento objetivo”, ou seja, materializado, coisificado, externo ao seu criador, apto para ser apropriado e compartilhado socialmente.
Em sua origem, tratava-se de um registro único. Códigos de inscrição mais sofisticados, entre eles o alfabeto, permitiu um processo de comunicação mais efetivo, com o apoio de copistas para levá-los a outras dimensões e latitudes.
Mas foi com Gutenberg, há mais de 500 anos, que foi possível, mecanicamente, a multiplicação do pão sagrado do conhecimento, em escala universal. A oportunidade de que o autor chegasse a muitos leitores, no processo de “poucos para muitos”, superando a limitação anterior do “poucos para poucos”.
O objeto do estudo de Valéria Mendonça é o modelo todos para todos, do compartilhamento aberto e solidário de todos os saberes (e também das ignorâncias, dúvidas, inquietudes que permeiam o conhecimento), em escala planetária, vencidas as barreiras e ruídos próprios da ação comunicativa.
Em princípio, todos em comunicação com todos, antecipando a ficção (em construção) das cidades digitais, das redes tecnosociais interativas, sem barreiras (malgrado os problemas da exclusão digital, dos níveis de educação e das línguas e códigos de transmissão interpessoais, para os quais já estão sendo criados poderosos programas de apoio, incluindo novas gerações de tradutores automáticos, não mais limitados às regras gramaticais, mas avançando para o campo semântico, da websemântica.).
Valéria trabalha com inclusão digital. O modelo que apresenta, e seus fundamentos teóricos e metodológicos, constituem um arsenal na tentativa de vencer as barreiras do analfabetismo real e digital. Para facilitar não apenas a comunicação para todos – ou seja, no modelo tradicional da difusão e extensionismo de informações úteis para todos os níveis sociais, inclusive os mais baixos na escala educacional — mas, também e sobretudo, de todos para todos. Ou seja, que todo cidadão incluído possa compartilhar seus conhecimentos, repassar saberes, de forma intensiva e extensiva, conforme os limites das tecnologias disponíveis.
Os leitores estão diante de um conjunto de conhecimentos pacientemente pesquisados, compilados, analisados e avaliados, reorganizados em texto com uma linguagem especializada, mas razoavelmente acessível, sem circunlóquios ou florilégios. De forma direta, objetiva, até certo ponto didática. Que merece a nossa atenção e do qual poderemos extrair conhecimentos valiosos para entender o fenômeno da comunicação no mundo contemporâneo, seja ele intitulado “sociedade da informação”, “do conhecimento” ou até de “hipermoderna”.
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http://issuu.com/antoniomiranda/docs/o_processo_de_comunicacao_e_o_modelo_todos_todos
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