Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia Brasil Sempre

 

 

(Cartão postal antigo; bilhete postal – old postcard – tarjeta postal

antigua – Editor/publisher M. OROZCO, Rio de Janeiro circa 1904)

 

 

ARTUR AZEVEDO

(1855-1908)

 

ARTHUR Nabantino Gonçalves de AZEVEDO, poeta, escritor e dramaturgo, nasceu no Maranhão e viveu no Rio de Janeiro.

  

 

 

TEXTO EN ITALIANO

 

 

 

UMA OBSERVAÇÃO

 

A moça está sentada. O moço amado

Para uma contradança vae “tiral-a”:

— Dá-me a honra?” — Pois não- E pela sala

Eil-os a passear de braço dado.

 

De amor quanto protesto alambicado

Daquelles meigos corações se exhala,

Te que as palmas batendo o mestre-sala,

Toma logar o par apaixonado!

 

Começa a dança. A mão do moço, esperta,

Bole, mexe, comprime, apalpa, aperta,

Durante uns turbulentos balances,

 

E uma senhora, que não é criança,

Sentada a um canto observa que na dança

Hoje trabalham mais as mãos que os pés.

 

 

MISERÁVEL

O noivo, como noivo, é repugnante:
materialão, estúpido, chorudo,
arrotando, a propósito de tudo,
o ser comendador e negociante.

Tem a viuvinha, a noiva interessante,
todo o arsenal de um poeta guedelhudo:
alabastro, marfim, coral, veludo,
azeviche, safira e tutti quanti.

Da misteriosa alcova a porta geme,
o noivo dorme num lençol envolto...
Entra a viuvinha, a noiva... Ó céu, contém-me!

Ela deita-se... espera... Qual, Revolto,
o leito estala...Ela suspira... freme...
e o miserável dorme a sono solto!...

 

 

 

        LEÃO PACHOLA

 

       Hipérbole fatal de nossos dias,
arremedo de um quê, que não é nada,
bagatela do tom, moço pomada,
eterno prosa das confeitarias;

        ceando na Ravot comidas frias,
vestindo ao Raumier roupa fiada;
       pince-nez de uma cor sempre azulada;
entre os dentes charutos — Regalias;

francês notado em trato e pedantismo,
e secas* em francês sempre que amola;
não é homem, não, é galicismo.

Eis o tipo fiel d´alta bitola!
Que se sustenta co´o maior cinismo
da Rua do Ouvidor — leão pachola.**

 

*Maçada.
**Indivíduo pedante, cheio de si; gabola.

 


  

 



         IMPRESSÕES DE THEATRO

 

 Que dramalhão! Um intrigante ousado,

Vendo chegar de longa ausencia o conde,

Diz-lhe que a pobre da condessa esconde

No seio o fructo de um amor culpado.

 

Naturalmente o conde fica irado

— O pae que é?   Pergunta — Eu lhe responde

Um jovem que entra. — Um duelo! — Sim! Quando? Onde?—

No encontro morre o amante desgraçado.

 

Folga o intrigante... Porem surge um mano

E, vendo morto o irmão, perde a cabeça:

Crava um punhal no peito do tyrano.

 

É preso o mano, mata-se a condessa,

Endoidece o marido, e cae o panno,

Antes que outra catastrophe aconteça.

  

(Obs. Conservamos a ortografia original, tal como aparece no cartão).

 

 Este exemplar  faz parte de uma coleção de 16 “bilhetes postais” da coleção particular de Antonio Miranda registrada no texto Poesia em Cartão Postal Antigo.

 

********

De
Arthur Azevedo 
Rimas.  
Rio de Janeiro: Companhia Industria Americana, 1909.  112 p.


(acima: folha de rosto da obra;
 abaixo: um poema, com a ortografia da época)

 

 

Consequencia

Ha cinco mezes já que estão casados.
Da lua de mel os ultimos lempejos
Gozam, trocando aborrecidos beijos,
Numa larga poltona accommodados.

Falam do tempo em que eram namorados...
Tempo menos de amor que dos desejos...
Separam-se, afinal e entre bocejos,
Ella fuma... ella borda... ambos callados.

De repente ella se ergue e o rosto esconde,
Soltando um grito estrìdulo, indiscreto,
Ao que o echo da sala responde.

Elle interoga-a pallido, inquieto...
Ella tremula e rubra lhe responde...
Sente no seio remecher-se um feto.

 

 

 

 

AZEVEDO, ArthurContos em versos.  Rio de Janeiro: H. Garnier, Livreiro-editor, 1910.  244 p.  11,5x18 cm.  Capa dura revestida de tecido.  Col. A.M. (OR)

 

 

LINDAS SCENAS

 

É na varanda a scena, onde o trabalho

Occupa três morenas,

Rosas do mesmo galho,

A quem desponta apenas

Um sol de primavera.

 

              Que lindo! ai, quem me dera

Saber reproduzir tão lindas scenas :

 

A primeira uma saia finalisa,

              E a outra um cós pesponta,

E a terceira marcando uma camisa

Está, que já das mãos lhe sahiu prompta.

 

             Na pobre meassaba

(O canapé da mísera vivenda)

Das morenas a mãe ligeira acaba

Algumas varas de engenhosa renda. 

             Trabalho de encommenda.

 

             A velha mão cansada

Dos bilros no vaivém parece nova,

Acompanhando a languida toada,

             A invariável trova, 

             Entre dentes cantada.

 

De vez em quando cessa a cantilena,

E ao taquary sorvendo umas fumaças,

          A velha mãe ordena

Mais activo trabalho áquellas graças.

 

Meu Deus! que linda scena l

E que pintor pintal-a poderia !

 

A primeira das três, toda alegria,

          Tem a feição bregeira ;

A segunda é não menos prazenteira ;

          Mas que melancolia

Entenebrece o rosto da terceira!

 

A primeira, da mãe severa e dura

          A distracção aguarda,

Pois em baixo dos pannos da costura

A Moreninha, de Macedo, guarda,

          E, em rápido relance,

Fundo e furtivo olhar manda ao romance.

 

A segunda parece mais sensata :

As vistas em redor jamais espaça,

          Mas a mana maltrata

Um beliscão que é dado em ar de graça

 

Si a felicidade só no rir consiste,

Que são felizes todas ires diviso ;

Mas a terceira ri de um rir tão triste...

As lagrimas prefiro áquelle riso.

 

          Em vão simula calma...

Deixa dos dedos lhe cahir a agulha.

          Aquella cândida alma

Acaso se mergulha

Nalguma dor sincera?

 

          Que lindo ! ai, quem me déra

Saber reproduzir tão linda scena !

 

A velha está serena.

— Que tens, sinhá, que tens ? Te desconheço I

          Tu bem sabes, pequena :

Quando eu te vejo triste, me entristeço J —

 

Disfarça a moça a commoção, o enleio,

Partindo a linha co'os formosos dentes,

          Mas desfolha no seio

um rosário de lagrimas ardentes.

 

          Desse modo accusada,

          Ergue-se envergonhada,

E no eólio materno, abrigo santo,

Tenta esconder o resto do seu pranto.

 

As outras duas moreninhas bellas,

Erguidas logo, serenar procuram

A dolorida irmã, bem sabem ellas

Que são artes do amor que assim misturam

          As lagrimas aos risos

Tristes, amargurados, indecisos :

Mas não sabem da missa nem metade...

 

          Com que meiga piedade

          Em beijos degenera

          Aquella doce pena !

          Que lindo! ai, quem me dera

Saber reproduzir tão linda scena

 

A porta da varanda se escancara

          E no lumiar a cara

          De um velho se apresenta.

Carregando garboso os seus sessenta.

Dá-lhe um solemne, venerando aspeito,

A barba branca que lhe cobre o peito.

 

Não está só o ancião: traz ao seu lado

Um bonito rapaz, typo de poeta,

          E vem acompanhado

Por um cão agitando a cauda inquieta.

 

          Dirigindo-se a velha                  

Que, sorprehendida, franze a sobrancelha,

— Minha senhora, diz o velho, queira

Perdoar-me entrar aqui desta maneira,

Sem me fazer annunciar ; urgente

Caso me traz humilde e reverente:

          Este moço é meu filho ;

Sahio-me, por desgraça, um peralvilho !

          De uma destas meninas

Alcançou entrevistas clandestinas.

 

E fugiu della, calculando, injusto,

Que eu, que sou velho honrado, me opporia
Ao casamento. Só a muito custo

Me revelou essa patifaria,

Da qual me prevenira um bom amigo

Senhora, aqui o tem, trouxe-o commigo,

E peco-lhe, para este bigorrilha,

Com o seu perdão, a mão de sua filha,

Si o julga digno de casar com ella.

 

          Nesta pallida tela

Não ponho, que o pincel me não ajuda,

          A longa scena muda

Que se passou ; da velha o grande espanto,

          E da culpada o pranto,

E a sorpresa das manas, e o enleio

Do seductor, parado ali, no meio

Da casa, cabisbaixo, e o pae sisudo,

De barbas brancas e figura austera,

E o cão curioso, farejando tudo,

Indifferente á sorte da pequena.

 

          Que lindo ! ai, quem me dera

Saber reproduzir tão linda scena !

 

Quando a velha, passado o espanto immenso,

Lançou á moça um longo olhar magoado,

          Esta, mordendo o lenço,

          De lagrimas lavado,

— Mamãe, perdoa... murmurou apenas.

 

Ai, quem me dera, em verso aprimorado

         Saber reproduzir tão lindas scenas !

 

 

 

 

OLIVEIRA, Alberto dePáginas de ouro da poesia brasileira. Rio de Janeiro: H Garnier, Livreiro-Editor, 1911.   420 p.  12x18 cm Ex. bibl. Antonio Miranda

Inclui os poetas: Frei José de Santa Rita Durão, Claudio Manuel da Costa, José Basílio da Gama, Thomas Antonio Gonzaga, Ignacio José de Alvarenga Peixoto, Manoel Ignacio da Silva Alvarenga, José Bonifacio de Andrada e Silva, Bento de Figuieredo Tenreiro Aranha, Domingos Borges de Barros, Candido José de Araujo Vianna, Antonio Peregfrino Maciel Monteiro, Manoel de Araujo Porto Alere, Domingos José Gonçalves de Magalhães, José Maria do Amaral, Antonio Gonçalves Dias, Bernardo Joaquim da Silva Guimarãaes, Francisco Octaviano de Almeida Rosa, Laurindo José da Silva Rabello, José Bonifacio de Andrada e Silva, Aureliano José Lessa, Manoel Antonio Alvares de Azevedo, Luiz José Junqueira Freire, José de Moraes Silva, José Alexandre Teixeira de Mello, Luiz Delfino dos Santos, Casemiro José Marques de Abreu, Bruno Henrique de Almeida Seabra, Pedro Luiz Pereira de Souza, Tobias Barreto de Menezes, Joaquim Maria Machado de Assis, Luz Nicolao Fagundes Varella, João Julio dos Santos, João Nepomuceno Kubitschek, Luiz Caetano Pereira Guimarães Junior, Antonio de Castro Alves, Luiz de Sousa Monteiro de Barros, Manoel Ramos da Costa, José Ezequiel Freire, Lucio Drumond Furtado de Mendonça, Francisco Antonio de Carvalho Junior, Arthur Narantino Gonçalves Azevedim Theophilo Dias de Mesquita, Adelino Fontoura, Antonio Valentim da Costa Magalhães, Sebastião Cicero de Guimarães Passos, Pedro
Rabello e João Antonio de Azevedo Cruz.  

 

 

ETERNA DOR 

Já te esqueceram todos neste mundo...
Só eu, meu doce amor, só eu me lembro
Daquella escura noite de Setembro,
Em que da cova te deixei no fundo.

Desde esse dia, um látego iracundo
Açoitando-me está membro por membro,
Por isso que de ti não me deslembro,
Nem com outra te meço ou te confundo.

Quando, entre os brancos mausoléos, perdido,
Vou chorar minha acerba desventura,
Eu tenho a sensação de haver morrido;

E até, meu doce amor, se me afigura,
Ao beijar o teu tumulo esquecido,
Que beijo a minha própria sepultura.

 

ARRUFOS

Não ha no mundo quem amantes visse
Que se quizessem como nos queremos...
Um dia uma questiúncula tivemos
Por um simples capricho, uma tolice.

— « Acabemos com isto! » ella me disse,
E eu respondi-lhe assim — « Pois acabemos ! »
 E fiz o que se faz em taes extremos :
Tomei do meu chapéo com fanfarrice,

E, tendo um gesto de desdém profundo,
Sai, cantarolando... (Está bem visto
Que a fórma, ahi, contrafazia o fundo.)

Escreveu-me... Voltei. Nem Deus, nem Christo,
Nem minha mãe volvendo agora ao mundo,
Eram capazes de acabar com isto!

 

 

 

NÃO MORRAS


Muitas rezes sorrindo me perguntas :
Se eu morrer hoje, meu querido amigo,
Fazes-me uns Tersos, fazes-me um artigo
E eu te respondo: — As duas cousas juntas

No emtanto fel ao meu peccado ajuntas
Se assim te pões a gracejar commigo.
Não poderia rer o teu jazigo,
Como o jazigo ri de mil defuntas!

Ai! não, não morras, pallida formosa,
Porque a morte inimiga, escura e fria,
Fôra indiscreta, fôra temerosa !

Se tu morresses, eu também morria,
E a minha dôr, acerba e escandalosa,
O teu cadaver comprometteria !

 

 

 

ALICE

 

 

I

 

Num precipicio sentada,
Vi-te um dia descuidada,
Tranquillamente a seis mar;
Molhavam-te os pés mimosos,
Descalços e melindrosos,
Pérfidas aguas do mar.

Inda eras muito criança;
Eras a meiga esperança
De uma formosa mulher;
Deslisavam-se os teus dias
Sob um céo de louçanias,
Sem uma nuvem sequer.

Em que pensavas, Alice?
Talvez numa gulodice...
Numa boneca, talvez...
Num anjo que viste em sonhos
E tinha uns olhos risonhos,
E mil carinhos te fez...

Eu que tinha mais juizo,
Que era um sujeito de sizo,
Muito mais velho que tu,
Ao precipicio arranquei-te,
Onde por mero deleite
Punhas o pézinho nú.

 

 

II

 

Já se passaram doze annos
E outros tantos desenganos
Depois que o facto se deu...
Hoje estás uma senhora...
Tens um esposo que te adora...
Um pouco menos do que eu.
E's elegante; frequentas
As salas mais opulentas,
Do high-life os áureos salões;
E ouves, muito compassiva,
 A rhetorica nociva
De irresistíveis leões...

Tudo isso te compromette...
Se já te chamam coquette!
Se, na rua do Ouvidor,
Em certo grupo, diziam
Que em teus lábios se saciam
Lábios sedentos de amor !
Não sei, Alice, se erraste;
Não sei se as azas manchaste
Mais alvas que a flôr de liz.

Sei que te mostras affavel
Quando um leão desfructavel
Frivolidades te diz...

 

 

III

 

Oh! se eu pudesse, senhora...
Se eu pudesse, como outrora,
A grande quéda evitar,
Desviando os teus pés mimosos,
Descalços e melindrosos,
Das aguas negras do mar!...

 

 

 

 

TEXTO EN ITALIANO

 

 

Extraído de

 

MIRAGLIA, TolentinoPiccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.  São Paulo: Livraria Nobel, 1955.  164 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

VECCHIO ANEDDOTO

 

T

Teriulliano, ch'e un frívolo zerbino,
Che, sin da bimbo, fu sciocco, perecchio,
Tipo incapace di prestare orecchio
E che anche morto non varria quattrino;

 

faseio un giorno il suo gruppo tapino
E a casa ritomò, dal padre vecchio.
Nella camera, si mirò alio specchio

 

E disse, lusingato e sopraffino :
— Tertuliano, tu sei próprio formoso !

Sei simpático, ricco e talentoso !

 

Che ti manca, al mondo, piíi propizio ? —
Ed il padre, che aveva, innavvertito,
Tutto presenziato e tutto udito,
Severamente, rispondè : — Ciudizio ! —

 

 

 

Pagina ampliada e republicada em janeiro de 2016. Ampliada em novembro de 2017
Página ampliada e republicada em junho de 2020        
        

 



Voltar para o topo da página Voltar para Brasil Sempre

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar