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                   The Broadway about 1989. Photo supplied by Ian Paine. 
                    
                  BROADWAY  - 1989  
                    
                  Andei  pelos EEUU mais de dois meses, desde o mês de março. Algumas impressões de  viagem pretendo transcrevê-las nas páginas seguintes. Foi uma viagem de  estudos, com bases mais permanentes em Nova Iorque e Washington  e viagens curtas a Ann Arbor (Michigan),  Columbus (Ohio), Chapel Hill (North Carolina), San Francisco e Los Angeles  (California), além das andanças pelos estados de Pennsylvania, Delaware,  Maryland, Virginia, Indiana, Missouri, Kentucky, Michigan, Illinois e  Tennessee. Uma viagem quase do tamanho do próprio país.  
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                   A Broadway  é o centro da atividade teatral nos Estados  Unidos da América. O Times Square, em plena Broadway, 
                    sempre foi o lugar dos grandes espetáculos, fonte de criação permanente,  onde surgem e consolidam-se os maiores nomes, lugar de divas e susperstars, dos grandes mitos da idolatria teatral. 
                    Times Square está em processo de transformação física radical. Seu largo  espaço aberto, com suas luzes de profundos horizontes, está agora em estado  febril de demolições e construções, com mais de uma dúzia de arranha-céus levantando  dos escombros, por detrás dos tapumes. Quando concluídos, vai torná-lo mais  denso, mais fechado, mais sombrio.  Mas,  sem dúvida, não vai diminuir  o brilho de  suas noites nem cercear o seu fervilhante movimento. 
                     
                    Fiquei horas em filas com meus amigos Ana Flávia e Bob para tentar conseguir  entrada da última hora. Para o “Fantasma da Ópera” as entradas estavam  esgotadas para os quatro meses seguintes, mas sempre tem uns quantos  desistentes.  
                    Conseguimos ver dois espetáculos.  “Metamorphosis”’, -Kafka, com um cenário geometrizante se rígido, com diálogos despistantes e  propositadamente absurdos, resultou interessante, mas pouco transcendente.  Gostei do texto, embora muito linear, com atores excelentes, carregando com  brilho e força a pesadez dos diálogos. 
                    O que frustrou mesmo foi o bailarino Barishnsikov, como ator. Ele consegue  criar um personagem convincente, mas não suficientemente elaborado. A voz  ácida, um tanto estridente. A atuação apenas razoável. Como grande bailarino  que é, talvez pudesse ter elaborado um pouco mais a metamorfose de Gregory em  barata mas, nem por isso, o espetáculo deixa de merecer o aplauso do público. 
                    
                  "O  Fantasma da Ópera" (título original em francês: "Le Fantôme de  l'Opéra") é um romance de Gaston Leroux, publicado em 1910, que conta a  história de um músico deformado que vive nos subterrâneos da Ópera de Paris e  se apaixona pela jovem cantora Christine Daaé. A obra foi adaptada para  diversas formas de mídia, incluindo o famoso musical de Andrew Lloyd Webber,  com canções icônicas como "The Phantom of the Opera" e "Music of  the Night".  
                  The  Phanton of the Opera, ao contrário, reúne todos os elementos  de um grande sucesso da Broadway: excelente música, vozes maravilhosas,  orquestra, coro, corpo de baile, vestuário variado, luxo, cenários genialmente  elaborados para mudanças rápidas, efeitos visuais assombrantes, truques incríveis  de iluminação — incrível é a palavra certa para aqueles passos de mágica cênica  —, suspense, beleza, deslumbramento.   Jogo de luzes, cortinas de fumaça, cenas de grande impacto visual,  sonoro, com uma precisão espantosa! A iluminação impecável, precisa.       
                    O teatro deve ter siso todo remodelado para permitir que os ornamentos —  lustres, cariátides, andaimes —  pudessem  ser transladados de um lado a outro com tanta precisão e causar tanto impacto.  
                   
                    A montagem de uma peça tão complexa deve exigir um planejamento muito rigoroso,  uma  seleção cuidadosa de pessoal e de  artistas, e consumir fábulas de dinheiro! Somente a perspectiva de um público  multitudinário, a preços elevados, durante anos e anos de sucesso, pode  garantir o retorno dos investimentos e, à inversa, o fracassos é sempre um  risco possível, de enormes proporções.   
                    São inúmeros os grandes musicais em cartaz na Broadway.  
                    No momento: CATS, Les Miserabless, Black and Blues, dentre outros, estão  em evidência, mas a lista de sucessos é enorme. Oh Calcutta e Chorus  Line continuam em cartaz desde o início da década passada! 
                
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