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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

LEONARDO GUSTAVO RUIZ

 

(Barinas, Barinas, 1959). Poeta, ensayista y promotor cultural. Fue miembro del grupo Caín de Mérida y fundador de las revistas Letra Continua y Vértice de Barquisimeto. Algunas de sus obras son: Heráclito / Caín (1999); Libro de muertos (1999); Las proezas de Solo (2001); Extravíos y direcciones (notas sobre poesía y cultura) (2000); Poetas, poetisas y otras anomalías (2003); El ambiente y nosotros (2004); Fragmentos de un libro del poeta perdido (2004).

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

FESTIVAL MUNDIAL DE POESÍA VENEZUELA 2004.  Caracas, Venezuela: Monte Ávila Editores Latinoamericana C, A.,  2005.   435 p.   15 x 23 cm. Patrocinado por Ministerio de la Cultura, Presidencia del CONAC, D.G.S. de Literatura.         ISBN  780-03-1211-1   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

      ESPUMA 

                    a M. R.

Pasajera del viento que en la lengua te amargas,
como el amor efímera y eterna,
como los días que pasan y quedan
oh nueva, oh antigua, sedimentas toda
en la nada; bajando en la corriente,
conteniéndose en la orilla y regressando
resacándote en el pozo sin fondo y en el vaso!
Ah lo que ya no es el fermento sino el vuelo,
borde, cresta; ceniza añosa de cerveza;
luz de los cuerpos, aura de las voces,
de una oscura madera crepitante!
Ya no eres, fuiste; serás; tu presencia
es ausência, futuro; revientas, reposas.

Y si agito mi copa, vuelves,
pasajera del aire que en la boca eres Dulce
nada toda triste,
como los días efímeros y eternos,
como el amor que pasa y queda
el fragor de unas palabras...

 

 

 

       LETRAS PERDIDAS

 

       Perdidas de todo posible contexto, algunas letras
se me acercan como seres, cosas reales,
urdimbres de hablas insólitas
para aludir el sinsentido.

 

        La ele sube al piso de mi cuarto hasta el cielo.
La be es una persona desnuda en un estanque
mientras la zeta hiere, raya en el horizonte de papel.

Juego con las vocales de Rimbaud
aunque la i se asemeje a un ideograma oscuro,
las demás letras vuelven estrábicas o ciegas se entremezclen,
formen palabras que designam objetos de outro mundo
y se encaprichen con la poesía más hermética
aun contra la voluntad de los lectores.

De niño era lo mismo. No recuerdo
cuando las letras eran simples incógnitas
del juego como emn este momento.

 

        Vuelvo a jugar a través de un cristal
donde las letras se corresponden a animales
— más allá de la sopa de letras,
fuera del crucigrama del aburrimiento —
de una mitologia fantástica y onírica
a diario, en los libros,
en la calle

Y encuento así uma letra de barbeiro,
una caligrafía filosa,
una letra de muerto, Palmer,
una taquigrafia ininteligible que me habla
con voz de médico enlouquecido,
de farmaceuta envenenador

... algunas letras perdidas de un poeta perdido...

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Miranda


 

       ESPUMA

      

 

Passageira do vento que na língua amargas,
como o amor efêmera e eterna,
como os dias que passam e ficam
ó nova, ó antiga, sedimentas toda
no nada; descendo na correnteza,
contendo-te na margem e regressando
ressacando no poço sem fundo e no vaso!
Ah! o que já não é o fermento mas o voo,
margem, cresta; cinza envelhecida de cerveja;
luz dos corpos, aura das vozes,
de uma escura madeira crepitante!
Já não és, foste; serás; tua presença
é ausência, futuro; rebentas, repousas.
E se agito meu copo, voltas,
passageira do ar que na boca és doce
nadas toda triste,
como os dias efêmeros e eternos,
como o amor que passa e fica
o fragor de umas palavras...

 

 

 

 

 

LETRAS PERDIDAS

Perdidas de qualquer possível contexto, algumas letras
aproximam-se de mim como seres, coisas reais,
urdiduras de falas insólitas
para aludir ao sem sentido.

A letra l
sobe ao chão de meu quarto até o céu.
A b
é uma pessoa nua em um estanque
enquanto a z
fere, arranha no horizonte de papel.

Brinco com as vogais de Rimbaud
embora a i se assemelhe a um ideograma escuro,
as demais letras regressam estrábicas ou cegas se mesclem,
formem palavras que designam objetos de outro mundo
e caprichem na poesia mais hermética
mesmo contra a vontade dos leitores.

Quando criança era igual. Não lembro
quando as letras eram simples incógnitas
do jogo como neste momento.

Volto a brincar através de um cristal
onde as letras correspondem a animais
— além da sopa de letras,
fora das palavras cruzadas do tédio —
de uma mitologia fantástica e onírica
diariamente, nos livros,
na rua

E encontro assim uma letra de barbeiro,
um caligrafia filosa,
uma letra de morto, Palmer,
uma taquigrafia ininteligível que me fala
com voz de médico enlouquecido,
de farmacêutico envenenador

... algumas letras perdidas de um poeta perdido...

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2020


       

      





 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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