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FRANCISCO ARDILES

 

(Valencia, Estado Carabobo, 1974)

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL      /     TEXTOS EM PORTUGUÊS


AMANECIERON DE BALA

 

Extraído de
AMANECIERON DE BALA
Panorama actual de la joven poesía venezolana. Antología
Compiladores: Dannybal Reyes, Ricardo Zerpa Salazar, Yanuva León.
Caracas: Fundación Editorial El Perro y la Rana, 2007.
ISBN  978 9803 968328

 

 

LAS PLAYAS están siempre llenas

de mujeres solas

mujeres que han dejado atrás

la juventud

y que se sientan meticulosas

a mirar el cielo

a escuchar lo que les dice el mar

Todos los domingos    

acomodan sus cosas

y se vienen a sostener el firmamento

con su madurez

a medias aceptada,

piezas de bisutería

toallas floreadas

bronceadores

y una cesta de frutas exóticas

acomodan con recelo sobre la arena

pero nadie las mira

ni con urgencia

ni agitación

desde que fueron envejeciendo

nadie aspira a seducirlas

nadie les toma el pelo

sólo el viento

 

 

VOY a empezar a escribir de mis cosas,

de mis obscenidades, mis impertinencias,

de mis obsesiones de comediante barato.

pero voy a empezar a hacerlo guardando la compostura,

qué cosa

haber pasado toda la noche despierto,

preguntándome

por qué contigo siempre tengo que guardar

la compostura, el aplomo, la tolerancia.

te advierto definitivamente

que si por estos trasnochos y estas ataduras

me veo obligado a tener que ir al siquiatra
te mando la factura.

 

 

AUNQUE

mi padre a veces se burle

de lo que soy

de lo que digo

y de lo que hago

yo comprendo
que a un hombre pragmático como él

ciertas ideas lo perturben un poco

y escribir le parezca una estupidez

además

si tanteo las posibilidades materiales

de todo este asunto

y pienso en sus razones

también me da un poco de risa.

 

 

=============================================================================

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda

 

 

AS PRAIAS estão sempre repletas
de mulheres sozinhas
mulheres que deixaram para trás
a juventude
e que se sentam meticulosas
a contemplar o céu
a escutar o que lhes diz o mar
Todos os domingos
acomodam suas coisas
e vêem sustentar o firmamento
com sua maturidade
que aceitam pela metade,
peças de bijuteria
toalhas floridas
bronzeadores
e uma cesta de frutas exóticas
acomodam com receio sobre a areia
mas ninguém as observa

Nem com urgência
nem agitação
desde que foram envelhecendo
ninguém pretende seduzi-las
nem troça com elas

apenas o vento


VOU começar a escrever sobre as coisas,
minhas obscenidades, minhas impertinências,
minhas obsessões de comediante barato.
mas vou começar a fazê-lo guardando a compostura,
que coisa
haver passado toda a noite acordado,
perguntando-me
por que contigo sempre tenho que guardar
a compostura, o aprumo, a tolerância.

te advirto definitivamente
que se por este transnoitar e estas ataduras
me sinto obrigado a ter que ir ao psiquiatra
te mando a fatura.


EMBORA
meu pai às vezes zombe
do que sou
do que falo
e do que faço
eu entendo
que para um homem pragmático como ele
certas idéias perturbam-no um pouco

e escrever pareça uma estupidez
além disso
se tateio as possibilidades materiais
de todo este assunto
e penso em suas razões
também acho um pouco engraçado.
 

 

 

Página publicada em julho de 2009

 



 

 

 
 
 
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