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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


ELEAZAR LEÓN

Fonte da foto: http://migueleguedez.wordpress.com

ELEAZAR LEÓN

 

Licenciado en Letras de la Universidad Central de Venezuela, donde se desempeña como profesor en los talleres de poesía. Ha publicado Estación durable (1976), Cruce de caminos (1977), Palabras del actor en el café de la noche (1982), A la orilla de los días (1982) —ensayos— y Reverencial (1991), este

último título por Monte Ávila.

 

Poemas extraídos de DESCAMPADO (Caracas: Monte Ávila Editores, 1998)

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL    /    TEXTOS EM PORTUGUÊS

Cénit

 

Una chicharra teje a mediodía

el único deseo de su tonada. Es

un violín de una sola cuerda:

árbol y canto. Por

lo extremado de su número fijo

debe de ser un gran deseo. No

se sabe qué dice ni qué procura:

vibra nada más                   

en delirio monótono de lluvia.

No demasiado, no se le pida

mucho al canto sonámbulo

ni al deseo de la chicharra:

repite en el cénit

la sola claridad que conoce su sueño

sin variaciones ni riquezas, fija

y hermosamente fatal.

A la vuelta de un día será hojarasca

pero habrá conocido bajo la cúpula

de un cielo de inclemencias

ebriedad, consagración, fiesta, destino.

 

 

Camino de agua

 

Siguen cayendo en la memoria

lluvias que no cesaron. Llenan

el día y más allá, cubren el mundo

y es el agua primera del primer río

que nunca deja de ser un reino/ de ser un sueño       

y es el agua primera de la sed sucesiva

y el agua última de los últimos labios

bebiéndola para siempre.

Nada como un desierto para soñar el agua.

Cara roja del viento/ nada como la arena

para desear hasta la inclemencia

que se cambien sus granos en gotas de sosiego

y las gotas se cambien en secreta simiente             

y así el desierto sería mar

y la mar una tierra fértil.

La fiesta del universo es un camino de agua

Las estrellas navegan, las piedras, los destinos

y el barro que se junta en los rincones de anochecer.         

También la polvareda de los vientos del mundo

volando y deshaciéndose. 

 

 

LEÓN, Eleazar.  Descampado. Caracas: Monte Ávila Editores Latinoamérica, 1998.   67 p.   Col. Altazor.     ISBN 980.01-1038-0    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

HORA MANANTIAL

Dame tu desnudez para ver la pureza
de cuerpo enterro, como ver agua
en la cascada, tocar la espuma
en el oleaje, seguir la luz
sobre la piela de los recientes nacimientos.
De pie y desnuda danzas
al apenas andar por la habitación,
qué jardines mojados tus cabelos de lluvia,
tus brazos cargan flores, puedes tenderte
y germinar y amenazar, sobre tus párpados
se posa el sol, sabes a fruta
tocada por el verano, ven y confíame
tu ondulación, tu sed, toda la boca
se me llena de nubes, destilas miel
de intimidad madura, noches perdidas
en que fuiste promesa y no te tocaron
y ahora el rocío empapa tus muslos
y tu vientre abrasa.
En dos vueltas de luna nacen tus senos.
Eres la fiesta de la tierra.
Tan suaves animales pertenecemos a la muerte
pero esta hora es manantial.
Sé virtuosa y desnúdate, el amor
es la pureza que va quedando.

 

 

DANZA DE HORAS

Remolinos de hojas entregan su caíoda
al azar de la tierra.
Si llamamos destino
a la danza de hojas en el pensamento del viento
el destino no sabe nada
o si lo sabe yerra para confundir los ojos del hombre
que se mueven en dirección de la perdida.
Conocer no es tener y tener no es vivir.
Por eso los caminos del mundo
son un desfile e los ojos viandantes
que en nada están y en todo se recuerdan.
Restan las hojas
al arribar el remolino al punto más alto
y empezar a caer sobre una cara que nada espera.
Poco importa su rumbo, nada más
el impulso de vuelo las justifica.
A fin de cuentas su designio
es levantarse y caer
en amistad con sol y lluvia, también viajeros.

 

 

 

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Antonio Miranda

 

 

Zênite

Um cigarra tece ao meio-dia
o único desejo de sua toada. É
um violino de uma corda só:
árvore e cano. Pelo
exagerado de seu número fixo
deve ser um grande desejo. Não
se sabe o que diz nem o que procura:
vibra nada mais
em delírio monótono de chuva.
Não demais, não se lhe peça
tanto ao canto sonâmbulo
nem ao desejo da cigarra:
repete no zênite
a única claridade que seu sonho conhece
sem variações nem riquezas, fixa
e belamente fatal.
De regresso de um dia será folhagem
mas terá conhecido sob a cúpula
de um céu de inclemências
embriaguez, consagração, festa, destino.


Caminho de água


Seguem caindo na memória
chuvas que não cessaram . Preenchem
o dia e mais além, cobrem o mundo
e é a água primeira do primeiro rio
que nunca deixa de ser um reino, de ser um sonho,
e é a água primeira da sede sucessiva
e a água última dos últimos lábios
bebendo-a para sempre.
Nada como um deserto para sonhar a água.
Cara vermelha do vento, nada como a areia
para desejar até a inclemência
que se permutem seus grãos em gotas de sossego
e as gotas se transformem em secreta semente
e assim o deserto seria mar
e o mar a terra fértil.
A festa do universo é um caminho de água.
As estrelas navegam, as pedras, os destinos
e o barro que se junta nos rincões do anoitecer.
Também a poeira dos ventos do mundo
voando e desfazendo-se.

 

 

 

HORA MANANCIAL
        

              Dê-me tua desnudez para ver a pureza
       do corpo inteiro, como ver a água
       na cascata, tocar a espuma
       na oleagem, seguir a luz
       sobre a pele dos recentes nascimentos.
             De pé e desnuda danças
       apenas andando pelo quarto,
       que jardins molhados teus cabelos de chuva,
       teus braços carregam flores, podes estender-te
       e germinar e ameaçar, sobre tuas pálpebras
       repousa o sol, tens o sabor da fruta
       tocada pelo verão, vem e confia-me
       tua ondulação, tua sede, toda a boca
       me enche de nuvens, destilas mel
       de intimidade madura, noites perdidas
       em que eras promessa e não te tocaram
       e agora a névoa embebe teus músculos
       e teu ventre abrasa.
             Em duas voltas de lua nascem teus seios.
             És a festa da terra.
              Tão suaves animais pertencemos à morte
       mas esta hora é manancial.
             Sei que és virtuosa e desnuda-te, o amor
       é a pureza que vai ficando.    



       DANZA DAS HORAS   

      
Redemoinhos de folhas entregam sua queda
       à sorte da terra.
       Se chamamos o destino
       à dança de horas no pensamento do vento
       o destino não sabe nada
       ou se sabe erra para confundir os olhos do homem
       que se movem em direção da perda.
       Conhecer não é ter e ter não é viver.
       Mas os caminhos do mundo
       são um desfile aos olhos viajantes
       que em nada estão e em tudo se recordam. 
       Restam as folhas
       ao chegar o redemoinho ao pondo mais elevado
       e começar a cair sobre um rosto que nada espera.
       Pouco importa o seu rumo, nada mais
       o impulso de voo as justifica.
       Afinal de contas seu desígnio
       é levantar-se e cair
       em amizade com sol e chuva, também viajantes.

 

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Página publicada em julho de 2009.

Página ampliada em janeiro de 2021.                       
        
        

        

                 

 

 


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