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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

VIRGINIA BINTZ

 

(Montevideo 1961) Escritora y artista plástica con varios premios y menciones literarias en su país. Expuso sus obras en Montevideo, Canelones, San José y Salto. Edita en distintas antologías y revistas literarias virtuales. Participó en Rapsodias, selección de poemas y en Cuentagotas Vil (aBrace)

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

LETRAS DE BABEL 3. Antología multilíngüe.  Montevideo: aBrace editora, 2007.   225 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Siete sentidos

Me dispuse a seguir con mi vida
contemporánea y mediocre
como todos los días
no sé en qué adoquín o baldosa floja
en qué descuido
me crucé con el misterio profundo
guardado en la humedad de tu mirada.

La parada del bus cotidiano
hormigueaba ceños fruncidos
manos nerviosas
algún que otro mal humor
el tiempo entendió y se detuvo
mis siete sentidos despertaron.

La vista se regocijó en el océano de tus ojos
se detuvo en las curvas de tu boca
tu boca... mi boca
se aceleró el gusto y mis papilas inquietas
adivinaban, deseaban tus besos.

El oído... sólo escuchó el latido mío
y la sangre que arremetía por mis carótidas
subiendo a presionar mis sienes
esforzadas en escuchar tu corazón
el resto de la ciudad
con sus frenadas y sus bocinas fue silencio.

El olfato te trajo, supo cuál era tu perfume
piel, agua y jabón solamente... totalmente
mis narinas te sintieron para recordarte en cada pestañeopor temor a perder tu imagen
en esas terribles centésimas de segundos.

El tacto
cada célula de mi piel
se expandió entre las gentes y los maletines
para acariciarte
una fina lluvia de sudor empapó mis manos y mi frente
volé raudo a acariciar tus deseos
que tus ojos picaros fuego
me tiraban directo... directo.

El sexto sentido. Saber que los dos sentíamos lo mismo.
saber que con un paso pararíamos el mundo
unidos en esa onda única, indivisible
donde no cabe nadie más.
en entenderse de adentro hacia el universo
en ese sentimiento animal, único, espermo-uterino
¡Y tus ojos que me siguen besando!

El séptimo sentido. El sentido común
mi sentido común, firme, educado, contundente.
no me dejó dar un paso
no me dejó espacio para ser infiel.
te vi subir al ómnibus que esperabas, irte con tus deseos
y quedarme con un gusto raro en la boca.

Todos los ruidos de la ciudad volvieron
en mi reloj habían pasado sólo unos minutos
minutos eternos, minutos sólo nuestros
y me dispuse a seguir con mi vida
contemporánea y medíocre
eso sí, ahora con una sonrisa en mí extraña
con pasos más levianos
perdiéndole el miedo a las terribles baldosas flojas.

 

 

Vuelos

 

Manos azules como alas

en una paloma de papel blanca
 

Un barrilete travieso y colorido
mostrando en su chaura muchas cartas

¡Que lleguen al cielo!
¡Que lleguen al cielo!

 

El otoño me encontró acariciando una nube
a ti, tratando de tocarla

 

Manos azules como alas, nuestras manos
y una paloma de papel blanca

¡Que lleguen al cielo! ¡Que lleguen al cielo!

 

 

Ilustración: VIRGINIA BINTZ

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA

 

Sete sentidos

 

Decidi seguir com minha vida
contemporânea e medíocre
como todos los días
não sei em que laje ou baldosa frouxa
em que descuido
cruzei com o mistério profundo
guardado na umidade de teu olhar.

A parada de  ônibus quotidiano
formigava cenhos enrugados
mãos nervosas
qualquer outro mal humor
o tempo entendeu e se deteve
meus sete sentidos despertaram.

A vista deleitou-se no oceano de teus olhos
se deteve nas curvas de tua boca
tua boca... minha boca
acelerou o gosto e minhas papilas inquietas
adivinhavam, desejavam os teus beijos.

O ouvido... apenas escutou o meu pulsar
e o sangue que arremessava por minhas carótides
subindo ao pressionar minhas têmporas  
esforçando-se em escutar teu coração
o restante da cidade
com suas freios e suas buzinas foi um silêncio.

O olfato te trouxe, sabia qual era o teu perfume
pele, água e sabão somente... totalmente
minhas narinas te sintiram para recordar-te em cada pestanejar pelo temor perder a tua imagem
nessas terríveis centésimos de segundos.

O tato
cada célula de minha pele
expandiu-se entre as pessoas e os maletins
para acariciar-te
uma chuva fria de suor encharcou minhas mãos e minha fronte
voei rápido para acariciar teus desejos
que teus olhos pícaros de fogo
me atraíam direto... direto.

El sexto sentido. Saber que nós dois sentíamos o mesmo.
saber que com um passo pararíamos o mundo
unidos nessa onda única, indivisível
onde não cabe mais ninguém,.
em entender-se de dentro para o universo
nesse sentimento animal, único, espermo-uterino
E teus olhos que continuam me beijando!

O sétimo sentido. O sentido comum
meu sentido comum, firme, educado, contundente.
não me deixou dar um passo
não me deixou espaço para ser infiel.
te vi subir no ônibus que esperavas, ir-te com teus desejos
e ficar com um gosto raro na boca.

Todos os ruídos da cidade regressaram
em meu relógio haviam passado apenas alguns minutos
minutos eternos, minutos apenas nossos
e me dispus a seguir com minha vida
contemporânea e medíocre
isso sim, agora com um sorriso estranho em mim
com passos mais leves
perdendo o medo das terríveis ladrilhos frouxos.

 

 

Vôos

 

Mãos azuis como asas

nuna pomba branca de papel
 

Uma pipa travessa e colorida
mostrando em sua chaura muitas cartas

Que cheguem ao céu!
Que cheguem ao céu!

 

O outono me encontrou acariciando uma nuvem
a ti, tentando tocá-la

 

Mãoos azuis como asas, nosas mãos
e uma pomba branca de papel

Que cheguem ao céu! Que cheguem ao céu!

 

 

 

Página publicada en agosto de 2020


 

 

 
 
 
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